“Segundo Sol” entrou no ar em 14 de maio com duas missões: manter a boa audiência de “O Outro Lado do Paraíso” e evitar as más críticas da mesma. O fato de ser uma novela de João Emanuel Carneiro aumentou a expectativa, depois do sucesso de “Avenida Brasil” seguido do fracasso de “A Regra do Jogo”.
Com um bom começo, “ Segundo Sol ” deu algumas escorregadas ao longo desse mês, apesar de manter um índice positivo . Por isso, analisamos o que está dando certo e o que não está no folhetim. Confira:
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O que dá certo:
Caco Ciocler e Maria Luísa Mendonça
Ambos estão fora de sua zona de conforto com seus personagens. Maria Luísa, que não fazia novela há cinco anos, retornou em ótima forma, como uma mulher que almejou tanto a riqueza que acabou numa família cheia de dinheiro e infelicidade. Ela dosa o drama e a comédia muito bem e consegue convencer no papel de Karen.
Ciocler também está ótimo como o bobo, bonzinho e ingênuo Edgar. Ao mesmo tempo em que conhece e coopera com os esquemas de corrupção do pai, ele se mostra amoroso com Manu (Luisa Arraes).
Chay Suede e Letícia Colin
Letícia e Chay são duas apostas recentes da Globo. Ela, que já tem uma longa carreira na emissora, se viu sem grande destaque até seu ótimo retorno em “Novo Mundo”. Na mesma novela, Chay Suede também se viu como um dos protagonistas e não decepcionou.
Agora, eles trabalham como garotos de programa que se apaixonam. A química entre os dois é impressionante e todo momento em que eles dividem a tela são empolgantes, seja pelo diálogo rápido ou pelas cenas quentes.
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Realidade
“O Outro Lado do Paraíso” tinha a pretensão de ser um “novelão” clássico, mas falhou. João Emanuel tem uma abordagem mais moderna, que não nega os exageros ficcionais, mas também não abandona a realidade.
Assim, a novela tem licença poética para abusar das relações do passado e do presente, mas ao mesmo tempo apresenta alguns temas realistas sem exageros. É o caso, por exemplo, da Família Athayde, figurões de Salvador e envolvidos até o talo com corrupção.
Emílio Dantas
Embora outros plots sejam mais interessantes que o casal principal, é impossível não admirar Emílio Dantas. O ator foi muito celebrado como Rubinho em “A Força do Querer”, o que lhe deu um passe direto para o protagonismo no horário nobre. Preparado, ele esbanja talento no papel do cantor de axé esquecido.
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Trilha Sonora
A abertura com Segundo Sol ganhou uma nova roupagem da banda Baiana System que combina com a proposta da novela. Além disso, muitos axés dos anos 1990 fazem parte da trilha, com uma roupagem nova, apresentados por novos artistas.
A música tem um lugar importante na história, já que Beto era cantor e Luzia é DJ, mas é nas músicas da trilha que o som se torna mais interessante.
O que não dá certo:
O sotaque
Tirando algumas poucas exceções, como Letícia Colin e Emílio Dantas, os atores não acertam o sotaque baiano e cada um fala de uma maneira diferente. Faltou dedicação e acaba distraindo em alguns momentos, quando deveria ser algo fluído na história.
Inconsistências
Toda a situação envolvendo Luzia (Giovanna Antonelli) e os filhos parece um tanto inconsistente. Nenhum dos dois é capaz de reconhecer sua mãe, sem contar Valentim (Danilo Mesquita) que ela não sabe que é seu filho, mas parece ter uma ligação especial.
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Além disso, Valentim vive com Beto (Dantas), achando que se trata de seu padrasto Miguel. Fã de Beto, o menino nunca foi capaz de perceber que eles são a mesma pessoa. Para completar, 20 anos se passaram desde a primeira fase, mas nenhum personagem envelheceu um dia se quer. Pelo contrário, todos parecem mais jovens.
Rochelle
Giovanna Lancellotti está bem no papel da jovem Rochelle, mas esse tipo de personagem se perde numa trama sem maniqueísmos. João Emanuel Carneiro sabe dosar muito bem o “bem” e o “mal” dos personagens, sendo que mesmo os que cometem as maiores ruindades tem uma justificada para tanto (mesmo que absurda).
Esse não é o caso de Rochelle, que é má pelo prazer de ser má. Destrata a mãe e fala coisas pavorosas nos priores momentos, tira sarro do pai e destrata a irmã adotiva. A irmã, aliás, é o principal foco de suas maldades, sem nenhum motivo aparente. Ela só é ruim. Muito ruim.
Odilon Wagner
Interpretando Severo Athayde, Odilon não convence como empresário corrupto. Bom ator, ele é estigmatizado por fazer sempre personagens parecidos, mas ainda não se encontrou nesse homem sem escrúpulos. O papel exige uma personalidade mais “cara de pau”. Outro ator que parece estar sempre no mesmo personagem, qualidade que cairia como uma luva para Severo é Humberto Martins.
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Diversidade
A novela foi criticada por não contemplar muitos atores negros em seu elenco. O problema já persiste na emissora há muito tempo, mas fica mais evidente na trama que se passa na Bahia, estado com a maior população negra brasileira. A Globo foi notificada e houve a promessa de que o cenário mudaria com a chegada da segunda fase.
Porém, apenas dois atores negros se destacam em papeis de profundidade em “Segundo Sol”: Roberval (Frabrício Boliveira) e Doralice (Roberta Rodrigues).