Walcyr Carrasco tentou defender “O Outro lado do Paraíso” na última semana, dizendo que “nunca quis ser realista” . E não foi mesmo. Mas também não foi fantasioso. Sendo assim, ele fez uma novela rasa, que não mergulhou em nenhum estilo e teve uma história fraca do começo ao fim.
“ O Outro lado do Paraíso ” começou a amargar logo no começo, e teve a primeira fase adiantada, tentando se recuperar na segunda, quando começaria a vingança de Clara (Bianca Bin). De fato, o momento deu um fôlego para a trama, mas não o suficiente para resgatá-la. As maldades de Sophia ( Marieta Severo ) ficaram impunes até o último capítulo, quando Mariano (Juliano Cazarré) surge literalmente dos mortos para cravá-la como culpada.
Sem ter como se defender, ela é acusada por seus assassinatos e, completando a vingança da mocinha, vai parar num manicômio. Previsível, assim como os “folhetins clássicos” que Carrasco prometia espelhar em sua trama.
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Previsível também foi o final de Clara e Patrick (Thiago Fragoso) depois que ele surgiu como seu “salvador” e aliado, culminando em uma cena de sexo pesada para o horário e ruim. Menos previsível foi o show de Pabllo Vittar em meio ao velório de Caetana (Laura Cardoso). A dona do bordel ainda aparece dançando enquanto sobe aos céus, numa daquelas cenas que ficarão eternamente marcadas como sem sentido.
O tribunal
O tribunal em “O Outro Lado do Paraíso” parece um dos cenários dessas sitcons de câmera parada. Era lá que o elenco se reunia e eles podiam aproveitar os muito coadjuvantes sem função que a novela introduziu. No final não foi diferente, já que a cena do julgamento de Sophia ocupou quase metade do capítulo (que foi longo) e contou com todo o elenco lá, sentadinho e sem função.
Finais felizes
No fim, Lívia (Grazi Massafera) não foi a vilã prometida e teve seu final feliz com direito ao milagre da gravidez. Renato (Rafael Cardoso) nem deu as caras, Beth (Glória Pires) virou estilista e desfilou seus looks na SPFW, com direito a uma micro, quase imperceptível participação da vencedora do “BBB 18” Gleici Damasceno e Estela (Juliana Caldas) ficou com as migalhas da mãe, abandonada pelos outros filhos.
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A redenção de Gael
De todos os momentos do capítulo final, poucos causaram revolta como o de Gael (Sérgio Guizé). Um homem reformado, ele tem uma segunda chance depois que abandona o Tocantins (e seu filho) e vai tentar a vida no Rio de Janeiro. Antes de partir, ele ouve da ex-esposa, a quem ele bateu diversas vezes e estuprou, que será sempre bem-vindo em sua vida.
Mas, o momento mais surreal é quando ele quase atropela uma mulher que está fugindo do marido, que bateu nela, e a inventiva a denunciá-lo. Depois, ele conta que era como o marido da moça (Thais, em uma pontinha de Vanessa Giácomo), fato que deveria deixá-la ainda mais traumatizada, mas não. Eles se beijam e ela sai de um relacionamento abusivo para entrar em outro, com um homem com longo histórico de violência.
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O final de “ O Outro lado do Paraíso ” ao menos foi consistente. Seguindo a linha do que foi toda a novela, o capítulo derradeiro foi arrastado e chato, se apoiando na sempre marcante presença de Fernanda Montenegro em uma cena final que mostra o cenário se desmontando, algo sem contexto nenhum.