Novelas, muitas vezes, são um reflexão do que está acontecendo na realidade e retratam temas que estão em pauta no momento, por isso, não é incomum que determinados enredos e histórias criem polêmica quando exibido. Relembre algumas novelas que falaram de tabus sociais e que quebraram o silêncio na televisão.
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“A Força do Querer”
Escrita por Glória Perez, “A Força do Querer” promete, pelo menos, estimular a reflexão e o pensando sobre a questão da transexualidade , mas, acima de tudo, o seu objetivo é desmistificar os tabus com relação à questão. A estreante Carol Duarte dá vida à Ivana, uma jovem que passará pelo processo de transição e é através do seu olhar que a novela irá retratar as dificuldades, as lutas e as frustrações do cotidiano dos transgêneros, que, ainda, são um enorme tabu na sociedade.
"América"
Questão delicada e mais atual do que nunca, a novela "América", escrita por Glória Perez, falava sobre a imigração ilegal para os Estados Unidos. No caso, a autora tratou especificamente do caso de uma brasileira, Sol, interpretada por Deborah Secco, que tentava imigrar para lá, mas teve seu visto negado diversas vezes. Assim, ela procura um coite, uma pessoa que é paga para realizar travessias ilegais, para chegar aos Estados Unidos. No caminho, ela é presa por porte de drogas, foge e se casa com um americano por causa de um acordo na expectativa de conseguir um visto para permanecer no país.
“Amor à Vida”
Demorou, mas em 2014 com “Amor à Vida” a Globo exibiu seu primeiro beijo entre um casal homossexual. A cena protagonizada por Matheus Solano, como Félix, e Thiago Fragoso como Niko, mostrou apenas um beijo gay , mas foi o bastante para causar as mais diversas reações no público – a maioria, contudo, vibrou com a conquista da história exibida no horário nobre. A expectativa para o momento decisivo era grande, uma vez que em outra situações, como em “Torre de Babel”, a rejeição ao casal homossexual havia sido tão acentuada que os personagens foram mortos na trama.
“Barriga de Aluguel”
A técnica da inseminação artificial era recém-descoberta – e, desde que surgiu, sempre levantou diversas polêmicas e questionamento éticos que, até hoje, permeiam a discussão médica. Visando esse avanço, Glória Perez criou uma história na qual o casal principal não poderia ter filhos de forma natural e como sua última esperança optaram por contratar uma jovem pobre para gerar uma criança com seu material genético. A novela quebrou o tabu da inseminação, além disso, mostrou a batalha judicial pela guarda do bebê e contemplou diversas questões morais sobre a gestação.
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“Chamas da Vida”
Uma das tramas mais pesadas e que mais chamaram a atenção na novela “Chamas da Vida”, exibida na Record em 2008, foi a questão da pedofilia . O ator André di Mauro encarou o problemático Lipe, um fotógrafo esquizofrênico que havia sido abusado quando criança que assediava adolescentes na internet. Na trama o personagem se envolvia com a jovem Vivi, interpretada por Letícia Colin, por quem desenvolvia uma obsessão doentia. Em certo momento Lipe armou uma emboscada para a menina e, no final da sequência a estupra.
"Duas Caras"
Em "Duas Caras", uma das histórias paralelas abordou da trama, ao mesmo tempo, as questões da sexualidade e do poliamor. O personagem Bernardinho, vivido por Thiago Mendonça, era um jovem bissexual que havia sofrido diversos abusos e violências durante a vida e que, em determinada altura da narrativa, se apaixonada simultaneamente por uma mulher e um homem, Dália e Carlão. Assim, dividido entre os dois, Bernardinho acaba se relacionando com ambos simultaneamente vivendo um relacionamento compartilhado.
“Gabriela”
Adaptação do romance do escrito baiano Jorge Amado, “Gabriela”, exibida no ano de 1975, foi a pioneira da televisão a retratar a prostituição e suas condições. Um dos núcleos da história girava em torno do bordel Bataclã, comandado por Maria Machadão, personagem de Eloísa Mafalda. No romance todos os homens da cidade frequentam a casa e, por isso, o ambiente se tornou fundamental para a novela.
“Laços de Família”
“Laços de Família” seria somente mais um romance de Manoel Carlos se não tocasse em pontos delicados em sua história: a protagonista Camila, vivida pela atriz Carolina Dieckmann, logo após engravidar descobre que está com leucemia. Ela, então, passa a correr risco de morte por precisar urgentemente de um transplante de medula e, no decorrer dos fatos, perde seu bebê. Sua mãe, Helena, interpretada por Vera Fischer, engravida somente para salvar a vida de sua filha – pois a criança gerada por ela seria a única doadora compatível com o corpo de Camila. Além de emocionar, a novela se tornou símbolo da luta contra o câncer e incentivou propagandas de doação de medula.
“O Clone”
Um dos pontos mais fortes da história de “O Clone” era o envolvimento dos personagens com drogas. Mel, vivida por Débora Falabella, é introduzida no mundo das drogas por seus amigos em uma festa e a partir de então passou e se afundar no vício e destruir sua vida aos poucos por causa da dependência química – ela chega a ser presa, apontar uma arma para a própria mãe quando tenta roubar sua casa e, por fim, é internada em uma clínica para tentar se limpar do uso de substâncias que, posteriormente, lhe causariam um aborto espontâneo e colocariam sua vida em risco.
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“Passione”
De uma forma sutil no desenrolar da trama de “Passione”, uma das coisas apresentadas na novela foi um aborto feito em uma clínica clandestina. A personagem Fátima, que ganhou vida pela atriz Bianca Bin, engravidou do namorado que não apoiava a sua gestação e, por isso, recureu a dura decisão de abortar o bebê. Desesperada, ela consegue o endereço de uma pessoa que pode realizar o procedimento – que é feito sem as mínimas condições de higiene e, assim, vai parar na UTI sofrendo as consequências da falta de condições sanitárias em que foi submetida ao aborto.
“Salve Jorge”
A prostituição, depois de “Gabriela”, foi tema de diversas peças da teledramaturgia, tanto novelas quanto séries, mas “Salve Jorge” deu um passo além e explorou a problemática do tráfico sexual sofrido, principalmente, por mulheres em condições de vulnerabilidade. A atriz Nanda Costa interpretou Morena, uma jovem que, na tentativa de ganhar dinheiro para ajudar sua família, acaba sendo vítima de tráfico sexual e acaba sendo mantida em cativeiro em outro país, até que, no final, consegue fugir e voltar para o Brasil.
“Viver a Vida”
As pessoas que deficiências físicas ainda são socialmente invisíveis e “Viver a Vida”, de Manoel Carlos, abriu um espaço para se discutir como é a vida de alguém que perdeu boa parte dos movimentos do corpo. No folhetim a protagonista, vivida por Alinne Moraes, sofre um acidente e fica tetraplégica, porém, mesmo com as dificuldades causadas pela sua condição, ela consegue realizar seu sonho de ser modelo – ainda que em uma cadeira de rodas.
“Xica da Silva”
Ainda na TV Manchete, em 1996, Taís Araújo quebrou o tabu do racismo e foi a primeira atriz negra a protagonizar um folhetim. A novela tinha a escravidão durante o período colonial do país como foco principal e desnudava os preconceitos e a violência sofrida pelos negros no Brasil em um momento que a extração de pedras preciosas era o grande negócio que sustentava a nação. A produção impressinou e "Xica da Silva" foi exportada para diversos países e foi sucesso internacional de crítica. O papel de Taís Araújo marcou sua carreira e, anos depois, em 2004, ela seria mais uma vez a primeira negra a ser protagonista em uma novela da Globo em “A Cor do Pecado”.