Fernanda Young e Alexandre Machado tem uma longa história que une vida pessoal e profissional há anos. Casadas, eles são também parceiros de escrita, e já assinaram diversos roteiros juntos, com destaque para “Os Normais”. A série, que ficou no ar por três anos, virou ícone da relação entre casais, ao retratar com muita diversão a vida de Vani (Fernanda Torres) Rui (Luiz Fernando Guimarães).
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A dupla também escreveu “Minha Nada Mole Vida”, “Separação” e “Macho Man”, mas nenhuma teve a mesma grandeza de “Os Normais”. O trabalho mais recente dos dois doi em “O Dentista Mascarado”, de 2013, protagonizada por Marcelo Adnet. A série foi fracasso de público e crítica e ficou no ar por apenas uma temporada. Nesse meio tempo, Fernanda Young escreveu a bem-sucedida “Surtadas na Yoga” para o canal GNT . Agora, o casal retorna a Rede Globo com uma nova proposta: unir comédia e terror.
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Eles assinam a série “ Vade Retro ”, que trata do conflito entre bem e mal, por meio do diabólico Abel Zebu (Tony Ramos) e da doce Celeste (Monica Iozzi). “Foi um texto trabalhado arduamente”, comenta Fernanda. “Foi um trabalho extremamente minucioso. Cada personagem é muito delicado na sua criação e de trata-se de um roteiro extremamente bem feito, no sentido de árduo”, continua. Ela exalta também o apoio de Guel Arraes e Jorge Furtado, que ofereceram um “auxílio luxuoso”, oferecendo novos tratamentos a cada episódio. Guel Arraes é diretor de dramaturgia semanal da Globo, enquanto Jorge tem em seu currículo “A Comédia da Vida Privada”, “Nada Será Como Antes”, além de já ter contribuído com a dupla em “ Os Normais ”.
O texto, por sinal, é muito elogiado por todo o elenco, que esteve em São Paulo para divulgar a série. Tony Ramos comentou que foi justamente isso que o atraiu para a série. No início de cada episódio (a primeira temporada da série terá 12), Abel apresenta sua palestra para um grande grupo de pessoas e seus discursos, sempre sedutoramente marcantes, permeiam cada episódio. Tony comenta que partiu a construção do personagem justamente por essas palestras.
Comédia macabra
“Eu olho a vida com muita comédia, não consigo ver o terror propriamente dito”, comenta Alexandre. Já Fernanda confessa que não assiste filmes de terror. Então, porque enveredar para este lado: “são 22 anos escrevendo comédia juntos e já experimentamos inúmeras possibilidades. De fato, o terror já nos seduzia há um tempo”, comenta Fernanda.
A ideia de fazer comédia para tratar de um assunto tão cheio de nuances, como o bem e o mal e como ele se manifesta nas pessoas, parece complicada. Mas, com o pensamento de ver a vida com comédia como Alexandre disse, é possível ver graça na maldade. “A pessoa que atua no mal, na maldade, ela é ridícula”, diz Fernanda. “Há algo de ridículo em atuar na maldade, e por isso mesmo risível”, conclui. Ela acredita também que a comédia é um recurso muito bem vindo para refletir sobre questões que devem ser muito bem pensadas.
“Nosso estilo de comédia é da observação do ser humano”, reflete Alexandre. “A gente não faz personagens engraçados (...). A medida que nossa comédia vai ser engraçada quanto a gente acertar em ser verdadeiro e crítico em relação a nós mesmos”, comenta. Fernanda Young ainda crava: “A série tem uma mensagem de luta do bem contra o mal e de que através do riso também há reflexão”, conclui.
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