"A Lei do Amor" vem passando por mudanças desde sua estreia, em outubro do ano passado, na tentativa da Globo de cativar a audiência e elevá-la a 30 pontos ou mais. A emissora parece não ter aprendido que muitas alterações em uma história nem sempre funcionam, e teve um exemplo recente, ao transformar "Babilônia" em um "Frankenstein", em 2015.
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Atual novela das 21h da Globo, " A Lei do Amor " não foi tão desfigurada como a trama de Gilberto Braga , mas apresenta muitas características semelhantes. Veja o que as duas têm de parecido, além da audiência menor do que a emissora espera:
Casais sem torcida
Regina ( Camila Pitanga
) e Vinícius ( Thiago Fragoso
) não deram liga em "Babilônia" - difícil conhecer alguém que torcia pelo casal. Tanto que os autores até mudaram a sexualidade de Carlos Alberto ( Marcos Pasquim
), que pela sinopse seria gay, e o juntou com Regina - o que não adiantou. Em "A Lei do Amor", Helô ( Cláudia Abreu
) e Pedro ( Reynaldo Gianecchini
) até ficam bem juntos, mas seu romance não empolga e fica apagado na novela.
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Filhas chatas rejeitadas pelo público
Alice ( Sophie Charlotte
) foi rejeitada pelas desavenças com a mãe, Inês ( Adriana Esteves
) - em quem chega a dar um tapa na cara - e porque ia se tornar garota de programa. Os autores resolveram então colocá-la como mocinha apaixonada por um homem mais velho, Evandro ( Cássio Gabus Mendes
), esvaziando sua história. Em "A Lei do Amor", Letícia foi tachada como chata por seu jeito carente e inseguro e pelo grude que tinha em Tiago ( Humberto Carrão
). Os dois se casaram e estão juntos, mas a moça deixou de demonstrar essas características, arrumando um emprego na tecelagem e se dando bem com quem brigava no início.
Devoradora de homens? Nem pensar
Beatriz ( Glória Pires
) começou "Babilônia" insaciável, levando homens de várias idades para a cama. O público rejeitou o apetite sexual da vilã e ela se tornou uma mulher sofredora, apaixonada por Diogo ( Thiago Martins
). Agora, a história se repete com Salete ( Cláudia Raia
), que inicialmente seria uma "devoradora de homens" mais novos que trabalham em seu posto de gasolina, porém sofre demasiadamente por Gustavo ( Daniel Rocha
), tornando-se "mulher de um homem só". Parece que há um conservadorismo do telespectador em ver mulheres de meia-idade com vida sexual ativa.
Atores desperdiçados
Bruno Gagliasso
, um dos melhores atores de sua geração, ficou sem função em "Babilônia" depois da mudança de rumo de Alice (Sophie Charlotte), que não se tornou a garota de programa que o cafetão iria agenciar. Transformado em promotor de eventos, mal aparecia, e as queixas (legítimas) de seu intérprete nos bastidores fizeram com que seu personagem fosse vítima do "quem matou", para ter alguma relevância na história. Em "A Lei do Amor", o desperdício foi deixar um ator do quilate de Tarcísio Meira
numa cama de hospital e sem falar na maior parte dos cerca de 100 capitulos que esteve. Quando Fausto finalmente ganhou texto, seu intérprete mostrou por que é um dos melhores atores da TV brasileira - mas o personagem morreu em seguida...
Gays sem vida sexual
Assim como "Babilônia", "A Lei do Amor" tem vários personagens gays. Mas se a trama de Gilberto Braga
ousou logo no primeiro capítulo ao mostrar Fernanda Montenegro
e Nathalia Timberg
se beijando para depois banir os romances homossexuais da trama (apesar de casadas, as duas passaram a sequer se tocar). Na atual novela das 21h, nenhum deles beija ou faz sexo. Zelito ( Danilo Ferreira
), o único que fez carícias "mais ousadas" - chegou perto da boca de Fininho (Hugo Rezende) e ganhou beijos no pescoço -, foi morto com droga na bebida. Pelo visto, a novela vai repetir o que a outra fez e beijo, se acontecer, só estará liberado no último capítulo.