João Campos já estreou na televisão em uma novela das 21h. O brasiliense de 32 anos, que se formou em jornalismo, largou as redações e coincidentemente interpreta um jornalista em "A Lei do Amor", recorda nessa entrevista exclusiva ao iG seus tempos de repórter, a transição para o universo das artes e, claro, o perfil de Élio Bataglia na trama escrita por Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari.
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No início, Élio investigava os políticos de "A Lei do Amor". "Havia uma expectativa de que o plano político seguisse por toda a novela, mas essa trama foi se apagando. Eu pessoalmente lamento, ainda mais nesse momento tão conturbado, em que estamos precisando falar de política. Por mais tensas que as coisas estejam, não podemos nos calar. Abracei a decisão com carinho e segui na história", conta João Campos , sem qualquer resquício de queixa. Agora, o foco passou a ser o relacionamento amoroso com Ana Luiza ( Bianca Müller ). "A novela é sobre amor, o carro chefe são as relações amorosas. E ele tem investigado a morte da tia (Suzana, vivida por Regina Duarte no início da história) e a volta da Isabela ( Alice Wegmann ) como Marina".
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"A Lei do Amor" estrearia em março do ano passado, mas foi adiada e substituída por "Velho Chico". Isso não o prejudicou. "A gente ia começar os trabalhos em setembro do ano retrasado. Quando aconteceu a mudança, recebi convite para uma série que foi rodada na Amazônia e me chamaram para outros testes dentro da Globo. Alguns bateram na trave, mas quando a novela voltou me puxaram e tive que abrir mão de algumas coisas, como essa série e uma peça que estava montando em Brasilia", conta.
Trajetória
"Minha formação é uma loucura. Na adolescência tive banda de rock, reggae e maracatu. Comecei a fazer teatro pouco antes da faculdade de comunicação, que iniciei em 2003 na Universidade de Brasília (UnB). Escolhi jornalismo porque tinha afinidade com leitura e escrita. Paralelamente fiz teatro, cinema e cursos amadores de atuação. Terminei a graduação em 2007 e fui repórter de redação em um grande jornal de Brasilia", recorda João, que ficou alguns anos no caderno de Cidades.
Ele conciliava o trabalho de jornalista com o teatro, que já tinha se tornado uma paixão. "A rotina era muito puxada. Trabalhava de 12 a 14 horas por dia e batia com minha rotina de ensaios. Saí da redação e fui para a comunicação da UnB pensando em uma rotina menos exigente para me dedicar ao teatro e ao cinema, enquanto essa carreira ia se desenvolvendo".
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Chegou a hora então de mudar de rumo. "Por mais que eu gostasse de jornalismo, não era apaixonado por ele. Em 2012 me vi numa situação de definir o futuro, precisava trabalhar com algo que tocasse meu coração também. A carreira de ator foi se desenvolvendo, até que virou um trabalho para mim. Tinha feito uma reserva de dinheiro para chutar o balde e ser ator, pois tinha entendido que era ali que estava meu caminho".
A mudança não causou problemas em casa. "Minha família tem origem simples e vem da tradição que 'filho bom é filho doutor', mas sempre me apoiou do jeito dela. Meu avô era sanfoneiro, meu irmão é músico, mas viver da arte como profissão, só eu mesmo". Os trabalhos no teatro e cinema foram aparecendo, e hoje mais de 20 curtas fazem parte de seu currículo, como "Cidade Nova", que lhe rendeu o prêmio de melhor ator no Festival de Brasília.
Assédio
Com pés no chão, João comenta a dimensão que seu trabalho tomou com a ida para a TV. "A novela tem um alcance que não dá para comparar. Você sai do cinema que 100 pessoas te viam por dia para milhões na televisão. O assédio tem sido muito tranquilo. Fama, exposição e ser paparicado na rua ou visto como celebridade não é o que eu busco, isso não me atrai mesmo. De uns meses para cá tem sido dificil sair na rua sem ser abordado, mas é uma abordagem carinhosa, respeitosa. As pessoas gostam do Élio, elogiam".
Sua rotina não mudou por conta disso. "Eu adoro essa troca e não deixo de fazer nada. Ando de metrô, de ônibus, não tenho pretensão de fugir dissso, de me esconder". O desfecho de Élio - e dos demais personagens - é um mistério, garante. "A novidade para mim, que sempre trabalhei com teatro e cinema, é que é uma obra aberta. Há dois meses para acabar não sabemos como termina a novela".
Gravações
As cenas quentes não são problema para o ator. "Ficou essa impressão de que é o Élio era 'pegador' porque no começo da novela ele tinha uma namorada, a Flávia ( Maria Flor ), era apaixonado pela Isabella e a Ana Luiza acabou se apaixonando por ele e os dois engataram o namoro. Já fiz ao longo da minha carreira cenas de sexo, de nu e seminu, é algo muito tranquilo. No teatro você começa a tratar seu corpo como instrumento de trabalho, a entender melhor seus limites".
Ele festeja estar em um elenco com nomes como Tarcísio Meira, Vera Holtz e Reynaldo Gianecchini . "Isso é um dos grandes presentes que a novela me trouxe, foram encontros muito legais, uma equipe muito boa, talentosa, bonita e sincera. São pessoas que sei que levo para a vida".
Por conta da novela, João Campos trocou temporariamente Brasília pelo Rio de Janeiro. "Minha casa segue lá, e a Ana Paula, minha companheira de 5 anos, também. Ela é produtora cultural e moramos em uma chácara lá, onde a gente planta muito e tem dois vira-latas. Meu contrato é por obra e depois da novela vou fazer um longa em Porto Alegre, que também terá parte filmada no exterior. Estava com saudade de fazer cinema, queria tirar umas duas semanas de férias mas não vai dar tempo. É um personagem incrível, bacana, um projeto irrecusável", vibra.