Rafael Primot curte a repercussão de estar pela primeira vez em uma novela das 21h da Globo, na pele do marqueteiro político Pascoal, envolvido em corrupção em "A Lei do Amor". Enquanto aguarda um possível retorno à trama - o personagem saiu temporariamente de cena no início de dezembro, ao ser acusado pelo sumiço de Isabela (Alice Wegmann), o ator de 37 anos falou ao iG
sobre a carreira, as mudanças na história escrita por Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari e seus planos para 2017.
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O adiamento da novela - que estrearia em março, mas foi transferida para outubro, entrando "Velho Chico" em seu lugar - permitiu que o elenco se preparasse com calma. "Achei que seria atropelado por acumular TV e teatro, mas a mudança foi bem providencial para mim, fiquei quase um ano esperando para gravar e pude dirigir o espetáculo 'Chuva Não, Tempestade', em São Paulo", diz Rafael Primot
que, formado em cinema, dirige peças e filmes como "Gata Velha Ainda Mia", com Regina Duarte
e Bárbara Paz
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O ator diz como foi a preparação para o marqueteiro político da trama. "A gente leu muita coisa, assisti à (série) 'House Of Cards', referência que a equipe deu para a gente, mas a parte política foi atenuada e o foco da novela acabou mudando um pouco, ela está sendo modificada. Acabei de gravar, ainda não recebi os capítulos, mas pode ser que o Pascoal volte daqui a pouco", conta ele, que vibra ao falar da autora e da diretora de "A Lei do Amor".
"Eu adoro a Maria Adelaide pessoalmente e trabalhar com ela, a Denise Saraceni
e esse grupo de pessoas me deixa empolgado. Também sou muito fã do (diretor) Maurício Farias
(com quem trabalhou na série "Tapas e Beijos", quando interpretava a travesti Stephanie). Ele é gentil, generoso, educado, os outros diretores e atores vão se contaminando um pouco por esse ambiente".
Início
O paulista de Itapeva precisou correr atrás de seus sonhos. "Minha familia toda é de médicos, meu pai é dentista, então em casa eu não tinha muita referência e meus pais achavam que uma hora essa vontade de ser ator ia passar. Fazia teatro desde pequeno e aos 16 anos fui sozinho pra São Paulo. Não sei como meu pai não me amarrou! (risos). Morei em uma república, trabalhei de garçom e fazia teatro à noite, até que comecei a ter demanda de publicidade e, após 8 anos em São Paulo, me mudei para o Rio, fiz cursos e fui emendando um trabalho no outro no teatro", diz ele, que já foi dirigido nos palcos por nomes como Antunes Filho e Jô Soares.
Apesar de, contando assim, o caminho parecer tranquilo, Primot precisou ter jogo de cintura para se inserir no meio. "Foi um começo árduo e continua sendo. Quando você não conhece pessoas da área, demora um tempo para saber quem são os produtores. É bastante solitário o caminho do ator. Eu não tinha muito conhecimento de nada, mas sempre fui muito determinado e sou feliz pelas escolhas que fiz", comemora.
O ator variou sua carreira principalmente entre duas emissoras, tendo novelas como "Cidadão Brasileiro" e "Bela, a Feia" (Record), "Sete Pecados" e "O Astro" (Globo) no currículo. "Minha primeira novela foi na Record, que tem muitos profissionais que eram da Globo, então não senti diferença, hoje que é terceirizado não sei como é. A Globo tem um cuidado com elenco muito raro de ver, por isso todo mundo adora trabalhar lá". O desempenho em um comercial lhe rendeu convite para a série "O Negócio", da HBO. "A Giovanna Antonelli entrava na loja para comprar Havaianas e eu fazia o gago que a atendia", recorda.
Ele gosta de andar de barba, mas seus últimos personagens não têm permitido. "Tive que tirar a barba para fazer a travesti de 'Tapas e Beijos'. Pensei que na novela poderia usar, mas chegando lá a produtora disse que não porque o Pascoal é um político mais mauricinho, bem diferente de mim, que sou mais largado, mais ripongo".
Planos
Em 2017, Rafael Primot se prepara para estrear seu segundo longa como cineasta, "Todo Clichê do Amor”, que conta as histórias de um ator pornô apaixonado por sua mulher passional, de uma garçonete à espera da maior demonstração de amor da sua vida, de uma mulher cega em busca do marido e de uma madrasta desesperada para conquistar o afeto de sua enteada. Débora Falabella, Marjorie Estiano e Maria Luisa Mendonça são as protagonistas do filme, que deve passar por festivais no segundo semestre e só estrear comercialmente em 2018.