Mulheres que humilharam crianças negras na web podem ser presas

Elas viralizaram, da pior forma possível. A dupla gravou e compartilhou vídeos dando banana e macaco de pelúcias para crianças negras. Em algumas situações, Kerollen e Nancy pedem para as crianças escolherem entre presentes ou dinheiro.

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Em um dos vídeos, um garoto recebe uma banana de "presente" e diz que não gostou do presente: "Só isso?", afirmou. Já uma garota mostrou felicidade ao receber um macaco de pelúcia.

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No entanto, o caso ganhou novos rumos após a advogada Fayda Belo gravar um vídeo posicionando-se. Ela afirma que a dupla fez racismo recreativo, que é ter atos racistas para fazer humor.

Reprodução Instagram Fayda Belo

"Vocês conseguem dimensionar o nível de monstruosidade que essas duas ‘desinfulenciadoras’ tiveram ao dar um macaco e uma banana para duas crianças e ainda postar nas redes sociais para os seus mais de 13 milhões de seguidores?", comentou Fayda.

Reprodução Instagram Fayda Belo

"O nome disso é racismo recreativo. Usar da discriminação contra pessoas negras com intuito de diversão, de descontração, de recreação, agora é crime, anjo. Você pode receber uma pena de até quase 8 anos de cadeia, que é o que eu espero que aconteça", destacou Belo.

reprodução jures.com.br

"Para ridicularizar duas crianças negras, para incitar essa discriminação perversa que nos tira o status de pessoa e nos animaliza como se fosse piada”, completou a advogada.

Ela é especialista em Direito antidiscriminatório. Fayda é capixaba e também está famosa no Tik Tok, mas por postar vídeos com linguagem simples explicando sobre termos e temas jurídicos. Além de racismo, ela aborda assuntos como machismo, feminicídio, homofobia, assédio sexual e atos capacitistas.

Reprodução Instagram Fayda Belo

No dia 31/5, a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) do Rio de Janeiro abriu um inquérito para investigar a conduta da dupla. Racismo é crime e pode dar em cadeia.

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Assim, elas podem responder por racismo e injúria racial, além de desrespeitar o ECA, o Estatuto da Criança e do Adolescente. "Paralelo a isso, é bom lembrar: que o artigo 17 do Estatuto da Criança Adolescente diz que é inviolável a integridade moral do menor, bem como a sua imagem deve ser preservada", diz Fayda.

Beto Oliveira/Senado Federal - Flickr

"Pode sair por aí usando imagem de criança, não. Embaixo, o 18 diz que é proibido. Expor menores de idade a constrangimento, a vexame, a humilhação, a ridicularização em público", completou Fayda.

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Kerollen Cunha e Nancy Gonçalves moram no Rio de Janeiro e a Polícia investiga se os vídeos foram feitos na cidade ou em outro local. A relação delas é um pouco confusa. Normalmente, dizem que são mãe e filha.

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No entanto, em outros vídeos, já afirmaram ser irmãs por parte de mãe. Em outro momento, Nancy falou que pegou Kerollen "para criar" após a mãe das duas falar que colocaria a mais jovem para adoção.

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Elas postaram o vídeo no TikTok, onde têm mais de 13 milhões de seguidores, onde compartilham um perfil. Já no Instagram, Kerollen e Nancy têm 1 milhão. Nas redes sociais, elas também postam muitos vídeos de humor e fazendo testes de cosméticos.

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Elas apagaram o vídeo do TikTok, mas ele continua rolando na Internet. As moças alegam que não passou de uma brincadeira, uma "trollagem". O Ministério Público já recebeu cerca de 700 denúncias contra elas.

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Certa vez, uma colocou um bicho na boca da outra enquanto esta dorme. Outro vídeo popular é comer miojo com leite condensado.

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Em 2021, por exemplo, elas gravaram um vídeo humilhando um motorista de aplicativo. Aqui dentro está um mau cheiro, cheiro de podre", afirmou Kerollen. "Cheiro de bicho morto", disse Nancy. "Acho que é por causa desse cabelo", falou a mãe mexendo na cabeça do motorista do aplicativo. "Ai, mãe, que nojo não mexe nisso", pediu a filha.

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"Moço, por que você não corta esse cabelo?", perguntou uma. "Se eu pegar o dinheiro para cortar o cabelo, eu não vou ter dinheiro para levar comida para casa", respondeu o motorista chorando.

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Como uma forma de pedir desculpas e explicando que era uma trollagem, as duas deram R$ 200 para o motorista. No entanto, elas não foram perdoadas.

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