Conheça os paraísos naturais do Vale do Ribeira
A Caverna Termimina é um dos tesouros encontrados no Parque Estadual do Alto Ribeira, em Iporanga, no Vale do Ribeira (Imagem: itinerariodeviagem | Shutterstock)
Conheça os paraísos naturais do Vale do Ribeira

Nos caminhos do exuberante Vale do Ribeira, um paraíso natural guarda experiências autênticas de ecoturismo e cultura local. Os tesouros do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, o PETAR, são tão impressionantes quanto suas famosas cavernas.

A aventura começa na Caverna Água Suja, mas, desta vez, em sua entrada superior. Uma curta caminhada leva ao emocionante rapel livre de 25 metros. Quem recebe os visitantes é Tom Cardoso, da agência Planeta Trilha, com uma das mais novas atrações da região: o rapel no escuro. Cintos afivelados, capacete e mosquetão: hora de apagar as luzes.

A atividade brinca com a sensação de flutuar no ar entre a escuridão subterrânea e um silêncio tão profundo quanto liberador. Depois do rapel no escuro, chega ao PETAR o Circuito Ponta de Flecha. Com a proposta de oferecer experiências para todos os níveis, a Gruta do Lago Suspenso inclui rapel e flutuação em uma lagoa verde brilhante.

Experiências surpreendentes

A Pousada Gamboa é outro ponto de partida para quem ama ecoturismo . Aqui, é possível realizar passeios de caiaque, stand-up paddle e bote inflável pelo rio Ribeira. O sol começa seu rito alaranjado de despedida entre as montanhas, e o Piquenique nas Alturas é o melhor lugar para apreciar o espetáculo.

Sheyla Gouveia, criadora do Caminhos do Petar, promove experiências gastronômicas em um dos mais exclusivos mirantes da região. Sua seleção de vinhos regionais, queijos, uvas e pães de fermentação natural é servida nas cerâmicas do coletivo de artesãs Arte Looze. Um momento romântico por natureza, mas também de contemplação para toda a família.

Uso do palmito e preservação da Mata Atlântica

Entre os picos e vales que margeiam o Ribeira, a palmeira Jussara se destaca na paisagem. Sua preservação é uma preocupação central na Mata Atlântica que cobre o parque; e sua extração, estritamente proibida.

No entanto, a tradição e as receitas com palmito fazem parte da cultura local. A solução? Introduzir o palmito pupunha, lá do Nordeste, em terras paulistas. No quilômetro 10 da Estrada Iporanga, a família Araújo transformou seu sítio na Terra do Palmito Pupunha.

A Palmitolândia, comandada pela ex-publicitária Gabi Rodrigues, desempenha um papel fundamental na ressignificação do palmito. Ela cria diversas receitas, desde as tradicionais tortas de palmito até cervejas, sushis e sobremesas, tudo com o “ouro branco” como protagonista. Os visitantes também têm a oportunidade de acompanhar o processo de extração do palmito durante uma trilha pelo terreno.

Gastronomia local

No centro histórico da cidade, a igreja matriz de Iporanga e seus casarões remetem a um Brasil de outro tempo. Em uma dessas casas, a chef Val Ribeiro conduz propostas gastronômicas que conectam o mundo ao Vale do Ribeira.

No Restaurante Casarão, além de um menu repleto de produtos locais, ocorrem noites temáticas. A cada mês, pratos de diferentes nacionalidades são servidos a preços acessíveis, permitindo que a população local, além dos turistas, desfrute de uma noite memorável em uma arquitetura histórica da região.

As trouxinhas de taioba, prato idealizado pela Chef Val, são as estrelas do cardápio. As panquecas ressaltam o sabor da PANC e celebram os sabores brasileiros. Para finalizar a noite, vale provar uma generosa colherada do brigadeiro de capim-santo do restaurante Restau-rar, com aquele toque de doce de casa.

Quilombo Ivaporunduva

Assim como a taioba, a banana desempenha um papel essencial na vida dos moradores do Vale do Ribeira. As plantações de banana acompanham qualquer paisagem por lá, mas é no Quilombo Ivaporunduva que elas ganharam o selo orgânico do IBD. Seu Ditão, líder quilombola e fundador do CONAQ – Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos, luta incansavelmente pela preservação do território e da cultura local.

O Ivaporunduva recebe grupos escolares e visitantes para um roteiro de turismo étnico-cultural. Além de desfrutar de um almoço orgânico com produtos de quilômetro zero, também é possível pernoitar na pousada do quilombo para uma imersão completa.

Hospedagens para todos os tipos de viajantes

Para quem decide acordar mais perto do PETAR, o Glamping Mangarito combina contato com a natureza, conforto e glamour . Por fora, cabanas rústicas, mas com uma decoração moderna e aconchegante em seu interior. Desde o grande deck da piscina, é possível observar pássaros coloridos e o SPA completo. O Mangarito é um verdadeiro oásis na Mata Atlântica, que oferece, em seu café da manhã completo, um despertar tranquilo e saboroso.

Na tradicional Pousada das Cavernas, os hóspedes são parte de uma grande família. É a pedida ideal para quem vai com crianças e também para grupos maiores. Já para quem busca uma hospedagem em grande estilo, o Hotel Porto do Ribeirão oferece uma estadia de padrão internacional, com o melhor da hospitalidade no Vale.

Biodiversidade

Essa jornada termina pelas trilhas do PETAR, com pontos brilhantes no caminho. São os cogumelos bioluminescentes, facilmente encontrados no verão, a partir do mês de novembro. O IPBio, Instituto de Pesquisas da Biodiversidade, é uma das instituições que pesquisam as diferentes espécies no parque.

O Vale do Ribeira possui ao menos 27 dentre as 105 espécies de cogumelos bioluminescentes já catalogadas, o que transforma a região na área com a maior concentração destes fungos do planeta. Com as agências oficiais do parque, é possível agendar passeios noturnos para a observação deste fenômeno na Mata Atlântica.

Cassius Vinicius Stevani, professor da Universidade de São Paulo, reconhecido por sua experiência em bioluminescência fúngica, estabeleceu uma parceria com o IPBio e com o biólogo Henrique Domingos para pesquisar cogumelos bioluminescentes no Vale do Ribeira.

Para incluir os brilhantes cogumelos no roteiro em qualquer época do ano, basta visitar a Reserva Betari, onde são conduzidas as pesquisas de campo e a importante construção do banco de espécies.

Por Raquel Cintra Pryzantrevista Qual Viagem

Jornalista de viagem com mais de seis anos de experiência na criação de conteúdo multiplataforma, produção audiovisual e coordenação de colaboradores. Graduada em São Paulo com mestrado em Barcelona. Compartilha o mundo em publicações internacionais com raízes brasileiras como elemento distintivo. Fundadora também do projeto Sola no mundo, que desde 2017 difunde reportagens e documentários sobre destinos e cultura latino-americana .

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