A volta para nossas raízes pode ser através de um simples pensamento ou um breve passeio. Para um artista como Joabe Reis , jazzista contemporâneo de renome, a nostalgia se tornou combustível para um álbum inteiro, onde cada nota representa um passo nas ruas de Cachoeiro de Itapemirim (ES), cidade natal do aclamado trombonista. “028” é o nome do novo álbum de Joabe e também o DDD do município capixaba.
E é baseado no repertório de seu novo trabalho, que o jazzista se apresenta no Centro Cultural São Paulo no dia 6 de fevereiro, terça feira, a partir das 19h. O show tem entrada gratuita e os ingressos já estão disponíveis aqui .
Em “028”, os nomes dos bairros se tornaram como mapas dentro do disco, batizando as músicas e avisando o ouvinte sobre o destino do próximo passeio. “IBC”, “Vila Rica” e “Aquidaban” servem como transporte fino entre o ouvinte e o pequeno município, tendo como ponte a virtuose artística de seu filho ilustre.
Mas não é somente o bucolismo de uma pequena cidade que inspirou “028”. Músico que iniciou a carreira sob influência gospel e depois mergulhou na profusão de ritmos da banda norte-americana Earth, Wind & Fire, Joabe traz para sua carreira e seu novo trabalho, todas as influências pescadas sob sua apurada audição.
“Ainda muito novo, através de alguns amigos músicos de Cachoeiro, tive acesso a alguns discos importantes do jazz e da música pop. Eu tinha poucos discos, mas eram de MPB, pop e jazz. Eu ganhei um disco do J.J. Johnson, trombonista importante para todo instrumentista e aí minha mente foi abrindo, até que cheguei no hip-hop”, conta.
As faixas de “028” já vem sendo tocadas na turnê homônima desde o ano passado e a estética do hip-hop e trap, tocadas em conjunto com a banda orgânica, algo inédito no cenário da música instrumental, já mostraram que misturas poderosas o artista conseguiu produzir no novo trabalho.
Tocando trombone desde os 13 anos de idade, Joabe Reis é uma das eminentes revelações do instrumento no Brasil. No entanto, seu domínio serve à música mais que ao próprio virtuosismo. É possível notar o tato pop do compositor em faixas como “BNH”, em que a inserção do trombone é um tempero a mais em meio à levada pop, piano e batidas eletrônicas que evocam o trip-hop.
Resultados interessantes dessa mescla de jazz, pop e hip-hop também foram obtidos nas faixas “IBC”, “Vila Rica” e “Baixo Guandu”, todas feitas em parceria com o produtor Marcelo Delamare (produtor dos discos de Baco Exu do Blues), que criou os beats das canções para que Joabe encaixasse os arranjos.
“Foi legal ter essa soma dele porque ele é um super artista. Ele contribuiu com o que eu queria trazer para o disco de ter a mistura de programação eletrônica com a parte orgânica dos instrumentos”, explica.
Um dos pontos mais interessantes de “028” é a regravação de “Partido Alto”, canção composta por Airto Moreira, José Roberto Bertrami e letra de Flora Purim que contou com a participação do lendário saxofonista estadunidense Bob Mintzer, jazzista que já tocou com nomes como Sam Jones, Buddy Rich e Bob McFerrin.
Joabe conheceu Mintzer em 2012 através de um projeto com a banda Brasilidade Geral “Ficamos uma semana juntos lá em Vitória-ES e foi uma conexão incrível. Nunca perdemos o contato, e 10 anos depois, convidar ele para o meu trabalho autoral foi a realização de um sonho”, relata.
Ainda em “Partido Alto”, Joabe Reis convidou Gabriel Grossi, um dos mais importantes harmonicistas do mundo, com treze álbuns lançados e que traz um inspirado solo na faixa.
06 de fevereiro de 2024
A partir das 19h
Grátis