A
s estilistas Guma Joana e Sim Sukeban uniram forças para apresentar um desfile-manifesto na Casa de Criadores 55 nesta quinta-feira (5), em São Paulo. Na coleção e na performance na passarela, elas denunciam a Operação Tarântula , que ocorreu na capital paulista na década de 1980 após a ditadura militar brasileira, na qual pessoas trans e travestis foram perseguidas, torturadas e mortas pela polícia.
“A gente sente que precisa falar sobre isso porque até hoje a gente vive os resquícios disso”, afirma Guma Joana em entrevista à CAPRICHO . “[O desfile] é um ode às travestis que sobreviveram . E também conseguimos reunir muita gente para proporcionar esse ato”, completa, referindo-se ao casting diverso composto por 55 modelos que ajuda a contar uma história que, ao se referir ao passado e analisá-lo, também projeta o que é desejado para o futuro. “Queremos comemorar a vida das que estão presente e homenagear aquelas que correram para que nós pudéssemos caminhar hoje.”
A primeira parte da coleção traduziu ‘tarântula’ literalmente como uma aranha através das tramas. A ideia foi, segundo Sim Sukeban, conectar as modelos por texturas que lembrassem uma teia. “As peças são de tricô e crochê como se fossem a trama de todas essas aranhas conectadas”, explica.
Além disso, elas decidiram traduzir esse significado utilizando a moda circular e a técnica do upcycling. “No mundo já existe tecido o suficiente para serem feitas roupas novas com o que já temos”, justificam.
Já o final do desfile traz um outro tema importante para a comunidade LGBT+ , simulando a chegada do HIV. “Represente como ele é associado à gente que é trans e LGBT, mesmo sem portar o vírus, por estigma da sociedade”, declara Sukeban.
Por fim, elas deixam um conselho para jovens trans e travestis que sonham em seguir uma carreira na moda. “Estudem moda, mas não a acadêmica, a underground, a moda que realmente está resistindo, e procurem a comunidade próxima em que a gente vive.”