A partir desta semana, o Instituto Tomie Ohtake dará início a duas grandes exposições do seu calendário anual. Carlito Carvalhosa – A Metade do Dobroé a primeira retrospectiva abrangente do artista em São Paulo, que abarca o período de 1961 a 2021 e reúne cerca de 150 obras produzidas entre 1984 e 2021.
Com curadoria de Ana Roman, Lúcia Stumpf, Luis Pérez-Oramas e Paulo Miyada, a mostra é dividida em sete núcleos, que exploram a oscilação entre presença e ausência nas criações de Carvalhosa. Logo no primeiro núcleo, “Casa 7”, vale reparar em duas obras emblemáticas do artista de 1985 que compuseram A Grande Telana 18° Bienal de São Paulo. Há também espaços dedicados integralmente aos espelhos graxos (nas mais variadas cores, processos, formatos e técnicas) e encáusticas, dois suportes muito explorados pelo artista ao longo de sua trajetória.
“Se há uma coisa que me parece caracterizar a obra de Carlito Carvalhosa, em todas as suas fases, e em suas realizações mais emblemáticas, é o exercício permanente de chegar não ao fim, mas ao começo, não ao ato final, mas à potência, não à forma clara e definida, mas ao seu estágio larval, impuro, onde residem todas as suas possibilidades”, avalia Luis Pérez-Oramas.
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Uma vez por lá, vale explorar o catálogo em áudio criado em parceria com a Supersônica– plataforma concebida e criada pela filha do artista, Maria Carvalhosa — onde podemos escutar desde trechos de entrevistas do artista e sonorizações de suas obras até relatos de curadores sobre a importância do seu trabalho.
Na mesma Mira Schendel – Esperar que a Letra Se Formedestaca a relação entre signos gráficos e linguagem na obra da artista Mira Schendel (1919–1988).
A mostra, que leva a curadoria de Galciani Neves e Paulo Miyada, propõe uma imersão na rica produção da artista por meio de 250 peças, entre pinturas, monotipias, desenhos, cadernos. Tida como uma das artistas fundamentais da arte brasileira do século XX, seu trabalho dialoga profundamente com a Poesia Concreta e com o Neoconcretismo.
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Uma curiosidade: o título da exposição, “esperar que a letra se forme”, veio de um manuscrito da artista. Nele, também encontraram a seguinte reflexão:
“A sequência das letras no papel imita o tempo, sem poder realmente representá-lo. São simulações do tempo vivido, e não capturam a vivência do irrecuperável, que caracteriza esse tempo. Os textos que desenhei no papel podem ser lidos e relidos, coisa que o tempo não pode. Fixam, sem imortalizar, a fluidez do tempo” – Mira Schendel
Atenção especial aos trabalhos datados da década de 1960, época em que Mira integra rótulos e textos em suas obras e coloca a palavra escrita para o centro de suas composições. Destaque também para a instalação “Ondas Paradas de Probabilidade”, a obra de maior dimensão de Schendel.
Carlito Carvalhosa – A metade do dobro | Mira Schendel – esperar que a letra se forme
Instituto Tomie Ohtake | Av. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropé, 88). Pinheiros, São Paulo-SP De 25 de outubro de 2024 a 02 de fevereiro de 2025 De terça a domingo, das 11h às 19h Entrada gratuita