No próximo dia 24 de outubro, o primeiro prêmio Munch , do Museu Munch (Noruega), será concedido à renomada artista brasileira Rosana Paulino . Reconhecida por sua dedicação em explorar questões de gênero, raça e identidade em sua obra, ela tem sido aclamada pela capacidade de instigar diálogos importantes sobre a história e a cultura afro-brasileira.
A instituição, localizada em Oslo, lançou recentemente um prêmio anual de NOK 300.000 (aproximadamente £20.000) para celebrar artistas que se destacam pela coragem e integridade em suas trajetórias. Este reconhecimento surge em um momento de crescente pressão política e social sobre a liberdade artística, refletindo a necessidade de valorizar vozes críticas na sociedade.
Sobre a escolha, o júri do museu declarou: “Rosana Paulino contribuiu para algumas das conversas mais importantes sobre arte, histórias e sociedade no Brasil e além. Ao longo de várias décadas, ela se comprometeu radicalmente em sua prática artística a desconstruir as violências e continuidades das questões de gênero e raça. Ela criou uma obra imensamente ampla e poética, composta por instalações, desenhos, livros de artista e vídeos. Por meio de sua prática docente, Paulino tem se envolvido continuamente em um diálogo intergeracional. Com este prêmio, o júri deseja homenagear Paulino como uma artista que também tem sido uma voz proeminente do feminismo negro, com um compromisso firme na luta das comunidades afro-brasileiras e na contínua luta contra o racismo.”
Exposição no Rio de Janeiro
No mês passado, a artista também inaugurou sua nova exposição, “Novas Raízes”, em comemoração aos 30 anos de sua carreira, na Casa Museu . Nela, seus trabalhos dialogam com a arquitetura e o acervo do espaço. Com produções que vão de desenhos a instalações, a artista propõe uma reflexão sobre a relação entre o ambiente doméstico e a natureza. No térreo do local, as obras, como “Espada de Iansã”, destacam como as plantas rompem as barreiras entre os espaços internos e externos, questionando a separação tradicional entre arquitetura e botânica.
No segundo andar, a mostra foca na vida privada das mulheres negras ao longo da história brasileira. Obras como “Paraíso Tropical”, “Ama de Leite” e “Das Avós” recuperam fotografias e símbolos que representam a subjugação e o apagamento das histórias dessas mulheres, especialmente a de Mônica, uma ama de leite fotografada em 1860. Por meio de uma diversidade de materiais, como tecidos, fitas e recortes, Paulino cria um espaço de descanso simbólico para essas figuras históricas, promovendo um ambiente de reflexão e reconhecimento.
“Novas Raízes” propõe uma revisão crítica da história e da epistemologia sob uma perspectiva contemporânea, questionando como novas leituras podem ser feitas em relação ao legado deixado por figuras históricas.
A exposição, que poderá ser visitada gratuitamente de quarta a domingo, das 14h às 18h, ficará em cartaz até 12 de janeiro de 2025, oferecendo ao público uma oportunidade de imersão no trabalho dessa artista fundamental para a discussão sobre a cultura e a identidade afro-brasileira.
Até 12 de janeiro
Casa Ema Klabin – Av. Epitácio Pessoa, 2480 – Lagoa, Rio de Janeiro
Gratuito