Peter Hook , baixista icônico e cofundador das lendárias bandas Joy Division e New Order , continua a ultrapassar os limites da música , mesmo décadas após sua estreia no cenário musical. Conhecido por seu estilo de tocar único e sua contribuição para o som que definiu uma geração, Hook agora se dedica a celebrar a música que ajudou a criar, levando-a a novos cantos do mundo por meio de turnês incansáveis.
No dia 27 de agosto, São Paulo foi palco de um evento histórico para os fãs de música alternativa: Peter Hook realizou um show único na América Latina. A apresentação, que marcou seu retorno ao Brasil após um longo hiato, foi recebida com entusiasmo pelo público, composto por uma geração que viveu o auge do New Order e hoje se reencontrou com o som que moldou sua juventude.
Com a presença de um público animado, Hook iniciou a noite com “ Dreams Never End “, relembrando o público das clássicas baladas da banda que ecoaram nas casas noturnas e nas rádios durante os anos 80. O setlist também incluiu hits icônicos como “ Ceremony “, “ Everything’s Gone Green “, e o inesquecível “ Blue Monday “, a música-tema de muitos presentes, que fez o Audio explodir em nostalgia e celebração.
A última visita de Hook ao Brasil ocorreu há mais de uma década, quando o artista ainda promovia o legado de suas antigas bandas em formato de DJ set. Dessa vez, porém, o foco foi outro: a performance ao vivo, sem a presença dos antigos colegas de banda, mas com uma entrega que só alguém com o peso histórico de Peter Hook poderia oferecer. “ Perfect Kiss ” e “ Subculture ” foram alguns dos momentos mais aguardados da noite, demonstrando que, mesmo após tantos anos, a conexão de Hook com o público brasileiro permanece forte e vibrante.
Em conversa exclusiva com a Bravo!, o cantor e baixista conta sobre suas aspirações:
Novos caminhos após a separação do New Order
Após deixar o New Order, Hook inicialmente explorou novos caminhos na música como DJ, realizando sets ao redor do mundo, inclusive no Brasil. No entanto, ele logo percebeu que nada se comparava ao prazer de tocar suas próprias composições. “Ser pago para tocar a música de outras pessoas é maravilhoso, mas não há nada como tocar sua própria música”, reflete Hook. Essa realização o levou a embarcar em uma jornada de celebrar a obra do Joy Division, especialmente o álbum icônico Unknown Pleasures .
Hook relembra que essa decisão de revisitar o repertório do Joy Division não foi recebida com entusiasmo por seus antigos colegas de banda. Mesmo assim, ele sentiu uma forte motivação pessoal para seguir em frente. “Toda vez que toco em algum lugar novo, sempre penso ‘isso é para você, Ian’,” diz Hook, em homenagem ao falecido vocalista Ian Curtis. Ele acredita que Curtis ficaria encantado com a forma como a música do Joy Division é reverenciada ao redor do mundo hoje em dia, possivelmente até mais que a do New Order.
A celebração de um legado
Questionado sobre suas motivações por trás de realizar uma grande turnê, o artista explica que realizar uma grande leva de apresentações não é apenas sobre reviver o passado, mas sobre oferecer aos fãs uma experiência autêntica e vibrante do que o Joy Division representava ao vivo. Ele destaca que as performances ao vivo da banda eram muito diferentes das gravações de estúdio, e é isso que ele busca recriar em seus shows. “A maioria das pessoas só ouviu os discos, então não têm muitas oportunidades de ouvir o Joy Division ao vivo”, explica.
Hook também presta tributo ao produtor Martin Hannett, cuja visão moldou o som único do Joy Division. “Nós só queríamos soar como os Sex Pistols ou o The Clash”, diz Hook, lembrando como Hannett ouviu algo em sua música que eles próprios não perceberam na época. Essa colaboração resultou em um som que se tornou atemporal, impactando gerações de fãs.
São Paulo: um retorno especial em 2024
Peter não esconde sua empolgação em voltar ao país, e afirma ainda que gostaria de ter retornado antes, entretanto, lidou com alguns desafios pelo caminho. A logística das turnês internacionais se tornou mais difícil, especialmente após a pandemia, mas o cantor continua comprometido em levar sua música aos fãs ao redor do mundo. “É um prazer para mim sentar naquele avião por 16 horas”, afirma ele, destacando seu entusiasmo por retornar ao Brasil.
Hook também reflete sobre as mudanças na indústria da música, especialmente com o advento das plataformas de streaming. “Agora, você não só tem que fazer música, mas também precisa ser um empresário e um gênio da tecnologia”, comenta. Apesar dos desafios, ele acredita que o fascínio pelo rock and roll e pela busca por sonhos através da música ainda permanecem fortes.
Com uma carreira marcada por sucessos que mudaram o cenário musical global, o baixista continua a inspirar fãs em todo o mundo. “Eu literalmente agradeço a Deus todos os dias por qualquer que seja a força que sorriu para mim e me permitiu viver e tocar minha vocação tanto quanto faço e ainda aproveitar isso”, conclui Hook, mostrando que sua paixão pela música permanece inabalável, mesmo décadas depois de ter iniciado sua trajetória.
Este show em São Paulo será mais uma oportunidade para os fãs brasileiros experimentarem a energia e a autenticidade de um artista que nunca parou de desafiar os limites e de manter viva a música que ajudou a criar.