
A cena artística de uma cidade vai muito além das exibições em museus; ela também se manifesta em espaços abertos – São Paulo é um excelente exemplo disso. Galerias de arte , muitas vezes pouco exploradas pelos entusiastas das artes plásticas, oferecem uma rica variedade de mostras que merecem atenção. Pensando nisso, reunimos cinco exposições imperdíveis para conferir em São Paulo:

Galeria Nara Roesler
Nossa caminhada começa pela Galeria Nara Roesler, na Av. Europa, que abriu ontem (8) as portas para a exposição “Julio Le Parc: Couleurs”. A mostra, que ocupa dois andares da galeria, inclui pinturas, desenhos, um grande móbile e estruturas luminosas que exploram a interação entre luz e cor. Aos 96 anos, o artista argentino radicado em Paris desde os anos 1950, continua a investigar as possibilidades cromáticas, como na série “Alquimias”, composta por treze pinturas que, de longe, parecem nuvens vibrantes e, de perto, revelam partículas de cor em composições detalhadas.
Nara Roesler – Avenida Europa, 655
De 8 de agosto até 19 de outubro de 2024, de segunda a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 11h às 15h
Galeria Lume
Também no Jardim Europa, a Galeria Lume recebe a artista Gabriella Garcia, com a imersão artística “Mitos, contos e alegorias”. Gabriella, artista autodidata, explora escultura, pintura e instalação em uma prática que integra o espaço ao contexto de sua origem. Suas obras, compostas por figuras recortadas e materiais variados, estabelecem um diálogo com o cênico e a arquitetura, propondo novas perspectivas históricas a partir de elementos resgatados e restaurados. Garcia busca uma fusão contínua de materiais que carregam significados históricos, utilizando-os para desafiar narrativas estabelecidas. Seus trabalhos exploram a tensão entre gesto e natureza, manipulação e reestruturação, e oferecem uma nova maneira de reescrever a história através do gesto artístico.
Gabriella revisita a iconografia greco-romana, utilizando inteligência artificial para, assim, provocar um desequilíbrio hierárquico. As imagens são descontextualizadas e submetidas a processos de edição e modificação, resultando em deformações que desafiam suas formas tradicionais. Essa proposta convida à reflexão sobre a relevância dessas referências na arte contemporânea.
Galeria Lume – Rua Gumercindo Saraiva, 54 – Jardim Europa
Até 7 de setembro de 2024, de segunda a sexta, das 10h às 19h; sábados, das 11h às 15h
AM Galeria SP
Ali perto, na Av. Nove de Julho, na AM Galeria SP, está a exposição coletiva SHOW!, que reúne os trabalhos de quatro artistas – Carla Fonseca, Desali, Enivo e Priscila Rooxo – oriundos das maiores capitais brasileiras: Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. A mostra celebra a força e vitalidade das expressões culturais populares. Esses artistas, que começaram suas trajetórias nas ruas, levaram para as galerias a essência das manifestações cotidianas.
Com curadoria de Simon Watson, a exposição explora a diversidade de abordagens e técnicas desenvolvidas por cada artista ao longo de suas carreiras. Carla Fonseca, por exemplo, traz uma conexão profunda com a natureza e o corpo humano, criando pinturas inspiradas na arte modernista brasileira e nas tradições indígenas. Desali, por sua vez, utiliza materiais reciclados e técnicas minimalistas para retratar a vida na periferia de Belo Horizonte, abordando questões sociais e poéticas em suas obras.
AM Galeria SP – Av. Nove de Julho 4865, 1A, Itaim Bibi
De 10 de agosto a 6 de setembro, de segunda a sexta das 10h às 19h, sábados das 10h às 14h
Janaina Torres Galeria
Ainda em São Paulo, mas agora na Barra Funda, é possível visitar a exposição “Arqueologias Migrantes” de Liene Bosquê, na Janaina Torres Galeria.
Curada por Cristiana Tejo, a mostra traz um panorama das obras de Bosquê desde 2003, explorando memórias e narrativas a partir do patrimônio arquitetônico de cidades como São Paulo, Miami, Lisboa e Nova Iorque. A exposição reúne 50 peças, incluindo instalações têxteis, gravuras, cerâmicas e vídeos, refletindo a condição da artista como migrante e sua busca por pertencimento.
O trabalho de Bosquê destaca elementos arquitetônicos e históricos das metrópoles, utilizando materiais que vão do ferro ao tecido, para capturar a memória coletiva e individual, evidenciando as fricções entre natureza e urbanização. A mostra também aborda questões como gentrificação, especulação imobiliária e xenofobia, revisitando a complexa relação entre história, cidade e deslocamento humano.
Janaina Torres Galeria – R. Vitorino Carmilo, 427 – Barra Funda
De 10 de agosto a 28 de setembro, de terça a sexta, das 10h às 18h e sábados, das 10h às 16h
MITS Galeria
A MITS Galeria completou um ano de atividades. Recentemente, abriram em um novo espaço no Jardins. Para celebrar este primeiro ano, a galeria inaugurou a exposição individual “Jazzmatazz – todos meus manos ouvem jazz”, do artista Pegge, que encerra em 10 de agosto.
A exposição, curada por Carollina Lauriano, apresenta 15 obras inéditas que exploram a recuperação do jazz como um movimento voltado para as pessoas periféricas e a questão do pertencimento. Pegge, originário da Zona Leste, traz uma proposta que liga sua biografia aos grandes nomes do jazz, destacando a importância do gênero na cultura negra e sua influência nas novas gerações de rap, trap e funk.
Um dos destaques da mostra é a obra “Inspirações de Sun Ra”, que sintetiza elementos do trabalho do músico e sua filosofia cósmica, mostrando a beleza de se inspirar no cotidiano.
MITS Galeria – R. Padre João Manoel, 740 – Jardins, São Paulo
Até 10 de agosto, de segunda a sábado das 10h às 20h; domingos das 12h às 18h