Produção da HBO estreou sua última temporada em abril mas, a cada episódio, causa mais revolta nos fãs e põe seu legado em risco
O último episódio de “Game of Thrones” a ir ao ar, “The Bells”, foi assistido por mais de 12 milhões de pessoas nos EUA. Antes disso, o terceiro episódio da temporada, que mostrou a batalha em Winterfell, foi assistido por quase 18 milhões somando variadas plataformas e bateu o recorde de audiência da série.
A popularidade de “ Game of Thrones ”, que chegou ao oitavo ano como uma das maiores da televisão, só aumenta com os desfechos das histórias iniciadas em 2011. Com a forte presença digital dos espectadores, a série é comentada on-line sem parar. O mesmo episódio da batalha, por exemplo, gerou 7,8 milhões de tuítes no mundo.
Muitos desses 7 milhões, no entanto, estão furiosos. Séries costumam ter desfechos fora do previsto, principalmente para impactar o público e não é a primeira vez que alguém fica indignado com um final (e “GoT” ainda tem um episódio pela frente). Mas o impacto acaba sendo muito maior com a soma de ira e acesso ao Twitter.
E ira é a melhor palavra para descrever uma grande porção de fãs da produção da HBO no momento. Conforme a oitava temporada foi se desenvolvendo, as críticas foram se acumulando, a ponto de um fã (ou ex-fã?) criar uma petição para que a emissora refaça a temporada, alegando que a série “merece uma temporada final que faça sentido”.
Os próprios atores, em entrevistas resgatadas nas últimas semanas, não mostravam grande empolgação com o final. Kit Harrington, que vive Jon Snow, chegou a definir como “decepcionante” a última temporada.
Explicações demais
Agora “GoT” é o centro das atenções, mas essa não é a primeira vez que os rumos de uma série dividem opiniões. “Lost”, que foi ao ar entre 2004 e 2010, teve um final que deixou muitos fãs revoltados. A produção não esclarece muitos pontos misteriosos mostrados ao longo dos anos e deixa subentendido que todos estavam mortos desde a queda do avião.
“How I Met Your Mother” decepcionou muita gente com o fim, que mostrava justamente como Ted (Josh Radnor) conheceu a mãe de seus filhos, que acaba sendo uma pessoa desconhecida.
“Família Soprano”, que acabou em 2007, deixou as pessoas tão confusas que muitos entraram em contato com suas operadoras de TV para verificar se não havia um problema. Isso por que a cena final mostra a família em um restaurante e, quando parece que algo pode acontecer, a tela fica preta e acaba.
As imagens deixam em aberto se Tony Soprano (James Gandolfini) foi assassinado ou não. Na época, porém, o engajamento on-line era menor, e o final não causou o furor nas redes como acontece mais recentemente. Ajuda também o fato de que o criador da série, David Chase, não deu maiores explicações sobre o final.
Na época, ele chegou a dizer que não tinha interesse em “explicar, interpretar ou adicionar qualquer coisa a cerca do que foi mostrado”. Com “GoT” esse não é o caso e os criadores David Benioff e D.B.Weis comentam cada episódio. Isso abre espaço para os fãs questionarem ainda mais o conteúdo – e até mesmo as decisões narrativas tomadas por eles.
Não há unanimidade, e o que “ Game of Thrones ” fez, embora alguns acreditem que seja incoerente, segue o fator “surpresa” que acompanha a série desde o começo. Mas o acumulo de análises, comentários, teses e entrevistas podem pôr a perder o prestígio angariado até aqui.