Virada Cultural de São Paulo acontece em 28 e 29 de maio
Reprodução/Instagram - 23.05.2022
Virada Cultural de São Paulo acontece em 28 e 29 de maio


“A cultura está dando oportunidade para a gente sorrir”, declara com animação a Secretária Municipal de Cultura, Aline Torres, ao convidar o público a participar da Virada Cultural de 2022. A nova edição acontece em São Paulo nos dias 28 e 29 de maio e contará com shows gratuitos em diferentes pontos da cidade, trazendo grandes nomes da música como Ludmilla, Diogo Nogueira e Barões da Pisadinha. O iG Gente conversou com diferentes profissionais da área cultural para entender a importância do retorno presencial do evento após dois anos de pandemia.

Relevância nos setores público e privado

A Secretária afirma que a Virada funciona não só como um evento, mas como uma “ação de política pública da Prefeitura da Cidade de São Paulo como um todo”, já que envolve diversas áreas para além da cultura, como a Secretaria da Saúde, de Coordenação das Subprefeituras, os metrôs que ficam abertos 24 horas e muito mais. “É uma retomada econômica muito grande”, ainda explica.

“É um evento muito grande com um impulsionamento financeiro muito forte e também porque é uma concretização de uma política pública. Quando a gente analisa essa retomada, em que diversos festivais [privados] estão voltando e qualquer show o ingresso é de trezentos reais, a Prefeitura está oferecendo de graça para população artistas como Barões da Pisadinha, que nunca cantaram de graça porque eles estouraram na pandemia. Isso é a concretização de uma política pública também, é essa a grande importância”, aponta Aline.


Torres revela que o evento começou a ser organizado apenas em fevereiro, diante de uma “frustração” da Prefeitura em “organizar grandes eventos e cancelar” por conta dos desdobramentos da pandemia da covid-19, como aconteceu com o Réveillon da Paulista e o aniversário da cidade de São Paulo. A especialista em eventos Líbia Macedo, que também é idealizadora do perfil “Dica Evento”, destaca como a Virada Cultural traz uma “representatividade” para todo o setor neste contexto.

“É o primeiro evento da área pública aberto que a gente tem aqui na cidade de São Paulo [no pós-pandemia] [...] Talvez seja um ícone de acreditar que podemos voltar a ter nossas práticas. A gente tem visto nos eventos pagos que estão tendo ‘sold out’, como no Lollapalooza e Festival Mita, mostrando que as pessoas estão ávidas por eventos”, diz.

“Acho que as pessoas agora estão ávidas de se tocar, se encontrar, sair e aproveitar [...] A Virada é uma boa desculpa positiva para fazer as pessoas saírem de casa”, destaca Líbia. Ela conta que "trabalhar com entretenimento, cultura e eventos” é um ativo interessante para área pública, atuando como “um cartão de visitas muito positivo”.

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“Quanto mais eventos começarem a acontecer as pessoas vão se sentindo também um pouco mais à vontade. É lógico que isso impacta também em marcas. Se as pessoas estão circulando, frequentando, estão querendo, meu ponto de contato é aí, sendo a premissa de patrocinar ou de realizar eventos. Mesmo ele sendo da área pública, ele chama atenção [para outros eventos privados]”, completa a especialista em eventos.

Cultura: democrática e descentralizada

Líbia Macedo ainda comenta a proposta principal do evento que ocorre desde 2005 em São Paulo: “se apropriar do urbano”. “Isso é importante, ainda mais para quem durante muito tempo ficou recluso em casa. Outra coisa que é legal é o fato da gente voltar ao centro, que anda tão degradado, impactado, violentado”, afirma. Heloisa Santana, presidente-executiva da AMPRO (Associação de Marketing Promocional/Live Marketing), reforça como é necessário ocupar tais espaços.

“A Virada é super democrática, um patrimônio da cidade de São Paulo. Na sua essência, ela apadrinha os grandes lugares da cidade, como o Vale do Anhangabaú. Esse ano a virada vem de forma muito plural, já que estará presente praticamente em todas as zonas do da cidade de São Paulo. Então é um evento que abriga todos os públicos, idades e faz uma mistura de classe social, que também que é super bacana”, reflete a especialista em comunicação.

Heloisa relata como o evento é inclusivo também nos palcos, já que traz manifestações culturais do centro às periferias: “Tem os artistas âncoras e os artistas também que estão em ascensão ou que representam algum estilo ou movimento cultural que muitas vezes, quando a gente está em uma bolha, nem sabemos que está acontecendo”.

A Secretária Aline Torres diz que a democratização ocorre desde o início da produção da Virada, quando um edital é aberto para inscrição de artistas que desejam participar do evento. “Recebemos inscrições de quase oito mil artistas da cidade de São Paulo. 70% da programação da virada cultural é de artistas que se inscreveram. E nós fizemos aqui um grupo de curadores de todas as linguagens para definir qual região, onde vai cada artista, entender a peculiaridade”, conta.


Após a seleção dos artistas, Aline explica que a comunicação é indispensável para mostrar as propostas do evento, que neste ano traz o tema “Virada do Pertencimento”. “A gente está mostrando aqui os pontos da cidade, que não é só o MASP, não é só avenida Paulista. É Itaquera, é Brasilândia”, defende.

“A gente vem seguindo muito o alinhamento da gestão do prefeito Ricardo Nunes, de fazer políticas públicas aonde de fato precisa. Obviamente que as regiões centrais precisam também, mas a periferia já sofre e na pandemia foi quem mais teve um impacto negativo. Então, desde que eu cheguei aqui na secretaria no ano passado, essa é a gestão da descentralização. Sou uma mulher de periferia, sou de Pirituba. Tudo que a gente faz aqui, todas as nossas políticas públicas são voltadas para a periferia. Para conseguir fazer com que a política pública chegue para quem está precisando mais agora. Então, definir esse tema da ‘Virada Cultural do Pertencimento’ é sobre conseguir fazer com que a periferia tenha palco”, argumenta a Secretária Municipal de Cultura.

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Por São Paulo ser uma cidade plural, Aline Torres também comenta que é preciso “ouvir todas as vozes”, o que é feito com a mescla de “artistas renomados e artistas periféricos” em todos os palcos da programação. Para aqueles que criam preconceitos sobre o evento, ela ainda volta a ressaltar a importância da união que a "Virada" pode trazer ao público.

“Estamos em um momento onde a gente precisa muito acolher o outro, ouvir o outro. Vamos passar por uma eleição muito difícil, de muita raivosidade e agora a cultura está dando oportunidade para a gente sorrir e se amar. Para todo mundo, de diversas ideologias e religiões, poder cantar junto a mesma música, poder rir junto da mesma peça, de uma mesma contação de história. Quero convidar toda a população da cidade de São Paulo para ir nos palcos dos seus bairros, para vir ao centro, para conhecer a cidade. Tira esse ‘ranço’, tira esse preconceito do que pode ter sido um dia e do que pode ser hoje, porque vai ser legal. E quem faz ser o legal é você”, conclui Aline.

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