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Fernando Rosa celebra show na Virada Cultural: ‘Sou vítima da cultura’

Baixista é admirado por grandes artistas como Lenny Kravitz e Slash; veja detalhes da apresentação do músico fenômeno na internet

Foto: Foto: Marcos Hermes - 27.05.2022
Músico Fernando Rosa se apresenta na Virada Cultural de 2022


Durante a pandemia, Fernando Rosa se colocou entre os diversos perfis no Instagram que aproveitaram o isolamento social para a realização de lives. Com o contrabaixo na mão e uma interação constante nas transmissões, o músico se tornou um fenômeno na rede social, chamando a atenção de nomes como Lenny Kravitz, Adam Levine, Spike Lee e Slash, do Guns n’ Roses. Com a Virada Cultural promovendo um retorno aos palcos para vários artistas, o paulista entra na programação com um show neste domingo (29), às 14h, na Casa de Cultura Chico Science.

Nascido e criado no extremo da periferia de São Paulo, Fernando celebra a possibilidade de se apresentar no evento em entrevista ao iG Gente. “A Virada vai para lugares mais periféricos da cidade, onde geralmente não acontece muita coisa [...] Promover oficinas de arte, cultura, cinema, pintura, poesia, dança e todas as manifestações é uma maneira de abrir portas para outras possíveis realidades”, aponta.


“Eu sou vítima da cultura, nasci e cresci em uma região extremamente violenta, com todos os problemas de um lugar que não tem tantos privilégios. Dentro disso, cresci com pessoas que hoje tomaram caminhos diversos na vida, alguns para criminalidade, alguns para as drogas, a minoria, talvez, conseguiu continuar os estudos. Eu me encontrei com a música e com a arte. A arte me pegou na periferia de São Paulo e me tirou um pouco desse universo, fez com que eu também tivesse um olhar para algo que eu me apaixonei, a música”, conta.

O contrabaixista considera importante destacar que nem todos nascidos na periferia tomam rumos da criminalidade, mas a oportunidade da cultura ser democratizada e permear tais regiões é transformadora na vida de muitos, como na dele: “Sou vítima da cultura porque eu aprendi e conheci músicas nas periferias, em discotecas da periferia. Sempre que tinha eventos e shows lá, ficava esperando por isso. Às vezes eu não acessava shows porque eram muito longe, não podia ir até lá e o ingresso era muito caro. Então quando tinha shows gratuitos, como no Dia do Trabalhador e em eventos de feriado, eu sempre ia”.

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Antes de apostar na carreira solo das apresentações de contrabaixo, Rosa trabalhava ao lado de diversos artistas, como Ed Motta. Ele inclusive já chegou a se apresentar com bandas durante a Virada Cultural, mas esta será a primeira vez que chega ao evento com o show próprio. “Estou super feliz de poder participar [...] Estou tendo o prazer de tocar no evento com o meu trabalho, trazendo toda a minha experiência e música para a minha cidade. Amo tocar em São Paulo, tenho um público maravilhoso aqui”, diz.

“A Virada Cultural é um evento super esperado, todo paulistano espera porque você tem acesso a shows gratuitos, com vários artistas. A cidade respira cultura e está todo mundo se movimentando [...] Acho que estava faltando isso, depois da situação que nós vivemos. São Paulo estava realmente precisando voltar a respirar cultura. A máscara estava tampando a cultura de São Paulo também, porque São Paulo é uma cidade maravilhosa. Tenho muito orgulho [da cidade] porque sei do valor que São Paulo tem cultural e artisticamente. Não fica nem um pouco abaixo de grandes metrópoles como Nova Iorque, Tóquio e Londres”, continua.


Fernando Rosa apresenta o show “ALIVE” na Virada, performance que construiu com a intenção de passar as mesmas sensações das lives. O projeto já contou com apresentações internacionais, que passaram pela Inglaterra e França, trazendo dois sentidos pelo título: mostrar que tanto nós, quanto as músicas dos anos 70 e 80, continuamos vivos depois de tudo que vivemos. E isso é motivo de celebração.

O músico ainda explica que o formato do show surgiu após o grande alcance nas redes sociais. “A pressão que eu senti é uma pressão positiva, de que agora você vai ter que criar alguma coisa [...] Eu já tinha uma história como músico e uma carreira muito bem construída, porque acompanhei grandes artistas e um conhecimento muito grande da música. O que mudou foi que eu dei um salto. Acabei galgando outro nível como músico, o que também me colocou num nível artístico. Aconteceu uma transformação, em que eu passei a pensar um pouco menos como músico e mais como um artista”, pontua.


"Quando fui abordado pelo próprio Lenny Kravitz, Slash, Spike Lee e todos os artistas que me seguem, isso mostrou que eu estava ganhando também uma veia artística, com artistas que estavam reconhecendo o meu trabalho e me olhando não mais como um músico, mas como um artista. Todas as pessoas me procuravam como um artista, não como músico”, compartilha.

Diante do repertório e experiência no universo musical, Rosa idealiza uma apresentação para fugir do comum, com apenas ele em destaque com uma banda. “Foi uma pressão de eu ter que me movimentar, fazer shows, selecionar repertório, criar arranjos e performances [...] E [a pressão] fez com que a gente fizesse um show maravilhoso, que também foi bem aceito. As pessoas que me observam no Instagram e me veem ao vivo realmente reconhecem a mesma pessoa, têm a mesma sensação do que elas assistem na internet”, completa.

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