Está batido o martelo: "Babenco: Alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou", de Barbara Paz , será o representante do Brasil na disputa pela indicação ao Oscar de melhor filme internacional em 2021.
A decisão veio nesta quarta-feira após uma reunião virtual entre os nove integrantes da comissão responsável formada pela Academia Brasileira de Cinema (ABC) — quatro deles também são membros da entidade responsável pelo Oscar, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood : o diretor de fotografia Afonso Beato, a produtora e diretora Lais Bodanzky, o diretor de fotografia Lula Carvalho e o produtor Rodrigo Teixeira.
A comissão analisou uma lista com 19 pré-indicados, que contava ainda com outras produções elogiadas em festivais, como "Marighella" (Wagner Moura), "A febre" (de Maya Da-Rin), "Três verões" (de Sandra Kogut), "Pacarrete" (Allan Deberton) e o documentário "Narciso em férias" (Ricardo Calil e Renato Terra).
A cerimônia do Oscar está marcada para o dia 25 de abril de 2021.
Comissão inédita e independente do governo
Os nove integrantes que formaram a comissão deste ano na ABC nunca tinham participado da seleção antes. São eles Afonso Beato (diretor de fotografia), Clelia Bessa (produtora ), Lais Bodanzky (produtora e diretora), Leonardo Monteiro de Barros (produtor), Lula Carvalho (diretor de fotografia), Renata Magalhães (produtora ), Rodrigo Teixeira (produtor), Roberto Berliner (produtor e diretor) e Viviane Ferreira (diretora e roteirista).
Este ano, a Academia Brasileira recebeu uma carta da Academia de Artes e Ciências Cinemtográficas de Hollywood legitimando previamente sua futura decisão. Trata-se de um ato simbólico que fortalece um processo gradual de independência da entidade brasileira em relação à atuação do governo federal na dinâmica de seleção.
Até 2016, a escolha do filme brasileiro apto a uma vaga no Oscar era uma atribuição da Secretaria do Audiovisual, vinculada ao Ministério da Cultura. A Academia Brasileira tinha direito apenas a duas vagas fixas dentre os membros da comissão. Naquele ano, gerou polêmica a escolha de "Pequeno Segredo", em detrimento do premiado "Aquarius", de Kleber Mendonça Filho. À época, o cineasta chegou a afirmar que seu longa havia sofrido uma "retaliação política".
No ano seguinte, após um acordo com o então ministro da Cultura do governo Temer, Sérgio Sá Leitão, a Academia passou a ser responsável pela formação da comissão, mas ainda sob supervisão da Secretaria do Audiovisual.
Para Jorge Peregrino, presidente da entidade, essa solidificação dos laços entre as duas Academia é de suma importância.
"É um espaço que foi ocupado pelos governos, mas não havia qualquer determinação de que deveria ser assim. Natural que a Academia ganhe esse papel de protagonismo, assim como o de entidades similares ao redor do mundo", analisa Peregrino, que assumiu o cargo após a morte do ex-presidente, o cineasta Roberto Farias, em 2018.