Em 2020, o debate sobre negritude se tornou um dos grandes protagonistas em todo mundo, principalmente pelos protestos que aconteceram após a morte de George Floyd, nos Estados Unidos . No Brasil, o tema ganha espaço no mês de novembro, em que se celebra o Dia da Consciência Negra.
No entanto, esse é um problema social que perdura há muitos séculos. Mesmo que a visibilidade à negritude tenha ficado ainda mais presente nos últimos anos, há tempos a arte audiovisual cria maneiras de alertar e criticar o racismo , bem como celebrar a diversidade étnica e evidenciar a luta das pessoas pretas .
O iG Gente selecionou 15 filmes e séries para conhecer e assistir que abordam a negritude e expandem o debate sobre o recorte racial.
1- Pantera Negra
Pantera Negra retrata a história do príncipe do reino de Wakanda, T’Challa (Chadwick Boseman), que vive escondida do mundo inteiro na África e é um lugar rico e próspero. Foi um filme considerado importante para a comunidade negra , principalmente crianças, porque deu um novo significado à representatividade de pessoas negras na tela.
O filme fez história e chegou a ser levado para as principais premiações de cinema, como o Oscar. Neste ano Chadwick Boseman faleceu de câncer e comoveu o mundo inteiro , o que se tornou mais um motivo para o filme se tornar ainda mais emocionante.
2- Corra!
Já considerado como um dos clássicos do terror, 'Corra! ' cria uma trama eletrizante e assustadora de um jovem rapaz que namorada uma mulher branca e vai conhecer sua família. Logo ele percebe que as pessoas estão agindo de maneira estranha e que ele pode estar em perigo. Escrito e dirigido por Jordan Peele, o filme é pioneiro ao retratar os horrores da violência racial e por mostrar como os traços racistas da sociedade nunca foram embora.
3- Black Is King
O musical estrelado por Beyoncé , tanto na tela como na trilha sonora, é uma recriação da trama de 'O Rei Leão' a partir do ponto de vista das tradições e estéticas do continente africado, resultando em um filme afrofuturista que celebra as culturas de matrizes africanas. Além de ser um prato cheio para os fãs de Bey , conta com uma experiência visual belíssima e repleta de simbolismos que reforçam essa ideia. O filme estará disponível na plataforma Disney+, que chega ao Brasil nesta semana.
4- Lovecraft Country
Considerada uma das séries melhores séries de 2020, Lovecraft Country ousou ao se apropriar da obra de um dos autores mais influentes da literatura do terror, H. P. Lovecraft (1890 - 1937), reconhecido como um racista, para abordar as dores das pessoas negras durante a segregação racial dos Estados Unidos. Ao longo de seus 10 episódios, a trama mescla horror cósmico, aventura e magia para falar sobre racismo, privilégio branco, apropriação cultural, empoderamento, violência racial e união de pessoas negras (principalmente mulheres).
5- Que Horas Ela Volta?
O filme nacional ganhou destaque no Brasil e no mundo por abordar a realidade das empregadas domésticas que trabalham em casas de famílias ricas. Além disso, também apresenta o motivo pelo qual essas profissionais, em sua maioria mulheres negras, se submetem a certos tipos de trabalho: para proporcionar melhores condições de vida para a família. O filme segue Val ( Regina Casé ), uma mulher pernambucana que trabalha como empregada doméstica na casa dos patrões, em São Paulo. Sua filha, Jéssica (Camila Márdila), vai morar na casa deles e logo começa a bater de frente com as injustiças e violências sofridas pela mãe em seu cotidiano.
6- Hair Love
O curta-metragem Hair Love é uma animação que retrata uma garota com cabelos crespos e seu pai, que tenta fazer um penteado. Em quatro minutos, aborda a valorização dos cabelos afro de uma maneira carinhosa e realista. O filme ganhou o Oscar de Melhor Animação em 2020 e está disponível inteiro no YouTube.
7- This Is Us
A série This Is Us já é bem conhecida por fazer o público chorar e por tocar em assuntos importantes como alcoolismo, gordofobia, trauma e saúde mental. No entanto, a série também é muito eficaz ao abordar a questão racial.
Um dos personagens, Randall (Sterling K. Brown), é negro e cresceu em meio a uma família branca, porque foi adotado. Mesmo que tenha crescido em um ambiente repleto de amor, ele leva muito tempo para reconhcer sua identidade como homem negro e até mesmo os tipos de racismo que sofria em ourtos espaços. A série acompanha o reconhecimento tardio de Randall sobre sua negritude e retrata de forma sensível e poderosa temas como racismo, identificação e representatividade.
8- Olhos Que Condenam
"Eu não... Eu não devia estar aqui."
A minissérie original da Netflix retrata a prisão dos meninos negros que foram acusados falsamente de estarem envolvidos no caso da Corredora do Central Park, em que uma corredora foi estuprada e agredida enquanto caminhada pelo Central Park, em Nova York, nos Estados Unidos, em 1989. A maioria dos garotos, que ficaram conhecidos como Os Cinco do Central Park, era menor de idade. A polícia os coagiu para confessar os crimes e os submeteu a interrogatórios enviesados e roteirizados, sem a presença de um pai ou advogado. Além da maneira como o crime foi tratado pelas autoridades, os episódios focam em contar como a vida desses jovens foram impactadas depois do crime.
9- Queen & Slim
Depois de sair do primeiro encontro, um casal é abordado de forma violenta por um policial. Para se defender, os dois dão um tiro no oficial e precisam fugir para não irem presos. Eles começam a fugir pelos Estados Unidos e rapidamente se tornam símbolos da luta antirracista e contra a opressão policial para a comunidade negra. O filme é uma crítica principalmente ao racismo cometido pela polícia contra a comunidade negra nos Estados Unidos.
10- Waves
O filme de 2019 retrata uma família rica que passa por uma situação traumática e precisa aprender a lidar com sentimentos como amor e perdão. É um ótimo exemplo de representatividade no cinema, já que aborda uma família comum que passa por um problema que qualquer pessoa poderia passar. É um filme perfeito para refletir e se emocionar.
11- Time
É um documentário norte-americano que acompanha a ativista Fox Rich, cujo marido, Rob Rich, cumpre pena de 60 anos de prisão nos Estados Unidos. O público acompanha sua luta para libertar Rob, suas palestras como ativista em prol da vida de pessoas negras que vivem em privação de liberdade e seu cotidiano sem o marido.
12- Pequenos Incêndios Por Toda Parte
"Você não fez boas escolhas, você teve boas escolhas."
A minissérie contrasta uma família branca rica com uma mãe solteira negra que vive com sua filha em um carro. Elena Richardson (Reese Witherspoon) oferece uma casa sua para Mia Warren (Kerry Washington) e logo começa a corroborar estereótipos em relação às pessoas negras, principalmente mulheres. Entre eles, oferecer um cargo de empregada doméstica, tratá-la com desprezo mas dizer que ela “é uma amiga, da família”. Abre debates também sobre meritocracia e racismo estrutural.
13- Tangerina
"Lá fora, é tudo sobre a nossa luta."
O filme (totalmente gravado em um celular) é uma comédia que acompanha duas travestis negras que são trabalhadoras sexuais. Uma delas descobre que foi traída pelo namorado e está em busca da nova amante para se vingar. Com uma abordagem realista, mostra a realidade de trabalhadoras sexuais transgênero e travestis nos Estados Unidos com muito humor e de maneira leve.
14- Atlanta
A série mescla comédia com drama e é muito eficiente ao retratar o racismo nos Estados Unidos de maneira irônica e ácida. É um tipo de humor desconfortável em que se ri do ridículo das situações, o famoso “rindo de desespero”. Earn Marks (Donald Glover, que você também pode conhecer como o artista musical Childish Gambino) está quebrado de dinheiro e decide se tornar produtor de seu primo, o rapper Paper Boi (Brian Tree Henry). A série é muito eficiente ao colocar o racismo de maneira sutil em diálogos e situações sutis, discutindo sobre o racismo velado e como ele passa despercebido por pessoas brancas, mas tem um impacto completamente diferente para pessoas negras.
15- O Que Ficou Para Trás
O filme é um terror dramático que retrata um casal de refugiados
que deixa o Sudão e vai morar no Reino Unido. Lá os dois moram em uma casa cedida pelo governo e precisam mostrar que merecem a cidadania britânica. Mas logo eles percebem que a casa está assombrada e passam a ter alucinações e a ver assombrações. O enredo discute os traumas do refúgio e as marcas deixadas por um país em guerra.