As escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro vão desfilar no próximo domingo (23) e na segunda-feira (24) no Sambódromo da Marquês de Sapucaí. Faltando poucos dias para pisar na avenida, os membros das comunidades já estão com o samba-enredo na ponta da língua. Aqui você também pode se preparar para curtir cada detalhe do carnaval carioca. Ouça as canções que dão emoção e ritmo aos desfiles e fique por dentro dos temas que serão retratados pelas escolas na Sapucaí. 

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Entre alguns dos temas escolhidos para o Carnaval 2020 podemos esperar pela avenida uma homenagem ao Brasil e ao povo brasileiro, a São Sebastião e ao caboclo no quilombo de Caxias.

Abaixo confira os sambas-enredo de cada escola do Grupo-Especial na ordem que ocorrerão os desfiles:

1 - Estácio de Sá - Enredo: "Pedra"


O poder que emana do alto da pedreira
Tem alma justiceira tem garra de leão
Senhor não deixa um filho seu sozinho
Tirando pedras do meu caminho

Vai, São Carlos
À força dos ancestrais
Pedra fundamental do Samba
Batalhas e rituais
Paredes que contam histórias
Na sede pela vitória
Sagrada, talhada, encravada no chão
Conduz meu pavilhão

Ê, roda pra lá; ê, roda pra cá
Brilha na estrada seguindo o caminho do mar
Diamantes e amores, sedução e fantasia
A riqueza dos senhores dos escravos, alforria

No verso duro a inspiração
Da serra do meu pai e meu avô
O trem que leva a produção
Das minas à tinta do grande escritor
Vem peneirar, peneirar
O garimpo traz o ouro, a cobiça dos mortais
Peneirar, peneirar
Devastando a natureza no Pará dos carajás
Da lua, de Jorge, eu vejo o Planeta Azul chorar
Atire a pedra quem não tem espelho
Quero meu rubi vermelho
Pra minha Estácio de Sá

2 - Viradouro - Enredo: "Viradouro de alma lavada"


Levanta, preta, que o sol tá na janela
Leva a gamela pro xaréu do pescador
A alforria se conquista com o ganho
E o balaio é do tamanho do suor do seu amor
Mãinha, esses velhos areais
Onde nossas ancestrais acordavam as manhãs pra luta
Sentem cheiro de angelim
E a doçura do quindim
Da bica de Itapuã

Camará ganhou a cidade
O erê herdou liberdade
Canto das Marias, Baixa do Dendê
Chama a freguesia pro batuquejê

São elas, dos Anjos e das Marés
Crioulas do balangandã, ô, Iaiá
Ciranda de roda, na beira do mar
Ganhadeira que benze, vai pro terreiro sambar
Nas escadas da fé:
É a voz da mulher!

Xangô ilumina a caminhada
A falange está formada, um coral cheio de amor
Kaô, o axé vem da Bahia
Nessa negra cantoria
Que Maria ensinou

Ó, mãe! Ensaboa, mãe!
Ensaboa pra depois quarar

Ora yê yê ô, Oxum! Seu dourado tem axé
Faz o seu quilombo no Abaeté
Quem lava a alma dessa gente veste ouro
É Viradouro! É Viradouro!

3 - Mangueira - Enredo: "A Verdade vos fará Livre"


Eu sou da Estação Primeira de Nazaré
Rosto negro, sangue índio, corpo de mulher
Moleque Pilintra no Buraco Quente
Meu nome é Jesus da Gente

Nasci de peito aberto, de punho cerrado
Meu pai carpinteiro desempregado
Minha mãe é Maria das Dores Brasil
Enxugo o suor de quem desce e sobe ladeira
Me encontro no amor que não encontra fronteira
Procura por mim nas fileiras contra a opressão

E no olhar da porta-bandeira pro seu pavilhão

Eu tô que tô dependurado
Em cordéis e Corcovados
Mas será que todo povo entendeu o meu recado?
Porque de novo cravejaram o meu corpo
Os profetas da intolerância
Sem saber que a esperança
Brilha mais na escuridão

Favela, pega a visão
Não tem futuro sem partilha
Nem Messias de arma na mão
Favela, pega a visão
Eu faço fé na minha gente
Que é semente do seu chão

Do céu deu pra ouvir
O desabafo sincopado da cidade
Quarei tambor, da cruz fiz esplendor
E ressurgi no cordão da liberdade

Mangueira
Samba, teu samba é uma reza
Pela força que ele tem
Mangueira
Vão te inventar mil pecados
Mas eu estou do seu lado
E do lado do Samba também

4 - Paraíso do Tuiuti - Enredo: "O Santo e o rei: encantarias de Sebastião"


Todo 20 de Janeiro
Nos altares e terreiros
Pelos campos de batalha
Uma vela pro Divino
O imperador menino
Um Sebastião não falha

Nas marés, o desejado
Infiéis pra todo lado
Enfrentou a lua cheia
No deserto, um grão de areia
Dom Sebastião vagueia
Sem futuro, nem passado

Renasce sob nós, um caboclo encantado
Na Praia dos Lençóis, é o Touro Coroado
Vestiu bumba-meu-boi
Até mudou o fado
No couro do tambor foi batizado

Poeira, ê! Poeira!
Pedra Bonita pôs o santo no altar
Sangrou a terra, onde a paz chorou a guerra
Mas ele vai voltar!

(Oh, meu Rio...)

Rio, do peito flechado
Dos apaixonados
Rio batuqueiro
Oxóssi, orixá das coisas belas
Guardião dessa Aquarela
Salve o Rio de Janeiro!
Orfeus tocam liras na favela
A cidade das mazelas
Pede ao Santo proteção
Grito o teu nome no cruzeiro
Oh, Padroeiro! Toda a minha devoção!

No Morro do Tuiuti
No alto do Terreirão
O cortejo vai subir
Pra saudar Sebastião!

5 - Grande Rio - Enredo: "Tata Londirá: o canto do caboclo no quilombo de Caxias"


É Pedra Preta!
Quem risca ponto nesta casa de caboclo
Chama Flecheiro, Lírio e Arranca-Toco
Seu “Serra Negra” na jurema, Juremá…

Pedra Preta!
O assentamento fica ao pé do dendezeiro
Na capa de Exu, caminho inteiro
Em cada encruzilhada um alguidar

Era homem, era bicho-flor
Bicho-homem, pena de pavão
A visão que parecia dor
Avisando Salvador, João!

No Camutuê Jubiabá
Lá na roça a gameleira
“Da Gomeia” dava o que falar
Na curimba feiticeira

Okê! Okê! Oxóssi é caçador
Okê! Arô! Odé!
Na paz de Zambi, ele é Mutalambô!
O Alaketo, guardião do Agueré

É isso, dendê e catiço
O rito mestiço que sai da Bahia
E leva meu pai mandingueiro
Baixar no terreiro quilombo Caxias
Malandro, vedete, herói, faraó…
Um saravá pra folia
Bailam os seus pés
E pelo ar o benjoim
Giram presidentes, penitentes, yabás
Curva-se a rainha e os ogans batuqueiros pedem paz

Salve o candomblé, Eparrei Oyá
Grande Rio é Tatalondirá
Pelo amor de Deus, pelo amor que há na fé
Eu respeito seu amém
Você respeita o meu axé
(respeita o meu axé)

6 - União da Ilha - Enredo: "Nas encruzilhadas da vida, entre becos, ruas e vielas, a sorte está lançada: Salve-se quem puder!"


Senhor, eu sou a Ilha!
E no meu ventre essa verdade que impera
Que é invisível entre becos e vielas
De quem desperta, pra viver a mesma ilusão
E vai trabalhar
Antes do sol levantar de novo
A voz do rancor não cala meu povo, não!
Sou mãe! Dignidade é meu destino
Rogo em prece meus meninos
Ao longe, alguém ouviu
Meus filhos são filhos dessa mãe gentil

Inocentes, culpados, são todos irmãos
Esse nó na garganta, vou desabafar
O chumbo trocado, o lenço na mão
Nessa terra de deus-dará...

Eu sei o seu discurso oportunista
É a ganância, hipocrisia
O seu abraço é minha dor, seu doutor
Eu sei que todo mal que vem do homem
Traz a miséria e causa fome
Será justiça de quem esperou
O morro vem pro asfalto e dessa vez
Esquece a tristeza agora...
É hoje, o dia da comunidade
Um novo amanhã, num canto de liberdade

A nossa riqueza é ser feliz
Por todos os cantos do País
Na paz da criança, o amor da mulher
De gente humilde que pede com fé.

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7 - Portela - Enredo: "Guajupiá, terra sem males!"


Clamei aos céus
A chama da maldade apagou
E num dilúvio a terra ele banhou
Lavando as mazelas com perdão
Fim da escuridão
Já não existe a ira de Monã
No ventre há vida, novo amanhã
Irim Magé já pode ser feliz
Transforma a dor
Na alegria de poder mudar o mundo
Mairamuana tem a chave do futuro
Pra nossa tribo lutar e cantar

Auê, auê, a voz da mata, okê, okê arô
Se Guanabara é resistência
O índio é arco, é flecha, é essência

Ao proteger karioka
Reúno a maloca na beira da rede
Cauim pra festejar… purificar
Borduna, tacape e ajaré
Índio pede paz mas é de guerra
Nossa aldeia é sem partido ou facção
Não tem “bispo”, nem se curva a “capitão”
Quando a vida nos ensina
Não devemos mais errar
Com a ira de Monã
Aprendi a respeitar a natureza, o bem viver

Pro imenso azul do céu
Nunca mais escurecer

Índio é tupinambá
Índio tem alma guerreira
Hoje meu Guajupiá é Madureira
Voa Águia na floresta
Salve o Samba, salve ela
Índio é dono desse chão
Índio é filho da Portela

8 -  São Clemente - Enredo:  "O Conto do Vigário"


O sino toca na capela e anuncia
Nossa Senhora, começou a confusão!
Quem vai ficar com a imagem de Maria?
O burro vai tomar a decisão
Mas o jogo estava armado
Era o conto do vigário
Nessa terra fértil de enredo
Se aprende desde cedo
Todo papo que se planta dá
Dom João deu uma volta em Napoleão
Fez da colônia dos malandros capital
Trambique, patrimônio nacional

Tem laranja!
“Na minha mão, uma é três e três é dez!”
É o bilhete premiado vendido na rua
Malandro passando terreno na lua!

Hoje, o vigário de gravata
Abençoa a mamata
Lobo em pele de cordeiro
“Trago em três dias seu amor”
“La garantia soy yo!”
“Só trabalho com dinheiro”
Chamou o VAR, tá grampeado
Vazou, deu sururu
Tem marajá puxando férias em Bangu!
Balança na rede
Abre a janela, aperta o coração
O filtro é fantasia da beleza
Na virtual roleta da desilusão

Brasil, compartilhou, viralizou, nem viu!
E o País inteiro assim sambou
“Caiu na fake news!”

Meu povo chegou, ô, ô!
A maré vai virar, laiá!
Na ginga, pra frente, lá vem São Clemente
Sem medo de acreditar!

9 - Vila Isabel - Enredo: “Gigante pela própria natureza: Jaçanã e um índio chamado Brasil”


Sou eu!
Índio filho da mata
Dono do ouro e da prata
Que a terra-mãe produziu
Sou eu!
Mais um Silva pau de arara
Sou barro marajoara
Me chamo Brasil
Aquele que desperta a cunhatã
Para ouvir jaçanã sussurrar ao destino

O curumim, o piá e o mano
Que o vento minuano também chama de menino

Do Tapajós desemboquei no Velho Chico
Da negra Xica, solo rico das Gerais
E desaguei em fevereiro
No meu Rio de Janeiro, terra de mil carnavais

Ô, viola!
A sina de preto velho
É luta de quilombola, é pranto, é caridade
Ô, fandango!
Candango não perde a fé
Carrega filho e mulher
Pra erguer nova cidade

Quando a cacimba esvazia
Seca a água da moringa
Sertanejo em romaria
É mais forte que mandinga
Assim nasceu a Flor do Cerrado
Quando um cacique inspirado
Olhou pro futuro
E mandou construir
Brasília, joia rara prometida
Que Nossa Senhora de Aparecida
Estenda o seu manto
Pro povo seguir

Sou da Vila, não tem jeito
Fazer samba é meu papel
Fiz do chão do Boulevard
Meu céu! “Paira no ar”
O azul da beleza
Gigante pela própria natureza

10 - Salgueiro - Enredo: "O rei negro do picadeiro"


Na corda bamba da vida me criei
Mas qual o negro não sonhou com liberdade?
Tantas vezes perdido, me encontrei
Do meu trapézio saltei num voo pra felicidade
Quando num breque, mambembe moleque
Beijo o picadeiro da ilusão
Um novo norte, lançado à sorte
Na “companhia” do luar...
Feito sambista...
Alma de artista que vai onde o povo está

E vou estar com o peito repleto de amor
Eis a lição desse nobre palhaço:
Quando cair, no talento, saber levantar
Fazer sorrir quando a tinta insiste em manchar

O rosto retinto exposto
Reflete no espelho
Na cara da gente um nariz vermelho
Num circo sem lona, sem rumo, sem par...
Mas se todo show tem que continuar (bravo!!)
Bravo!
Há esperança entre sinais e trampolins
E a certeza que milhões de Benjamins
Estão no palco sob as luzes da ribalta
Salta, menino!
A luta me fez majestade
Na pele, o tom da coragem
Pro que está por vir...
Sorrir é resistir!

Olha nós aí de novo
Pra sambar no picadeiro
Arma o circo, chama o povo, Salgueiro!
Aqui o negro não sai de cartaz
Se entregar, jamais!

11 - Unidos da Tijuca - Enredo: "Onde moram os sonhos"


O sol nasce em minha alma
Vai tomando o peito e ganhando jeito
Se eternizando, traduzido em forma
O mais imperfeito, perfeição se torna
Lá no meu quintal, eu vou fazer um bangalô
Já foi tapera feita em palha e sapê
E uma capela que a candeia alumiou
A lua cheia…

Vem, é lindo o anoitecer
Vai, eu morro de saudade
Todo mundo um dia sonha ter
Seu cantinho na cidade

Como é linda a vista lá do meu Borel
Luzes na colina, meu arranha-céu
Linhas do arquiteto, a vida é construção
Curva-se o concreto, brilha a inspiração

Lágrima desce o morro
Serra que corta a mata
Mata, a pureza no olhar
O rio pede socorro
É terra que o homem maltrata
E meu clamor abraça o Redentor
Pra construir um amanhã melhor
O povo é o alicerce da esperança
O verde beija o mar, a brisa vai soprar
O medo de amar a vida
Paz e alegria vão renascer
Tijuca, faz esse meu sonho acontecer

A minha felicidade mora nesse lugar
Eu sou favela!!!
O samba no compasso é mutirão de amor
Dignidade não é luxo, nem favor

12 - Mocidade - Enredo: "Elza Deusa Soares"


Lá vai, menina...
Lata d’água na cabeça
Vencer a dor que esse mundo é todo seu
Onde a “água santa” foi saliva
Pra curar toda ferida que a história escreveu
É sua voz que amordaça a opressão
Que embala o irmão
Para a preta não chorar
Se a vida é uma “Aquarela”
Vi em ti a cor mais bela
Pelos palcos a brilhar

É hora de acender no peito a inspiração
Sei que é preciso lutar
Com as armas de uma canção
A gente tem que acordar
Da “lama” nasce o amor
Quebrar as “agulhas” que vestem a dor

Brasil, enfrenta o mal que te consome
Que os filhos do planeta fome
Não percam a esperança em seu cantar
Ó, nega, “sou eu que te falo em nome daquela”
Da batida mais quente, o som da favela
É resistência em nosso chão
“Se acaso você chegar” com a mensagem do bem
O mundo vai despertar, deusa da Vila Vintém
Eis a estrela…
Meu povo esperou tanto pra revê-la

Laroyê ê Mojubá… liberdade
Abre os caminhos pra Elza passar…
Salve a Mocidade!
Essa nega tem poder, é luz que clareia
É samba que corre na veia

13 - Beija-Flor - Enredo: “Se essa rua fosse minha”


Preceito!
Minha fé pra seguir nessa estrada
Odara ê! Reina firme na encruzilhada
Abram os caminhos do meu Beija-Flor
Por rotas já trilhadas no passado
O tempo de tormenta que esse mar levou
Revela este novo Eldorado
Nas trilhas da vida, desbravador!
Destino traçado, vencedor!
Nos becos da solidão
Moleque de pé no chão

E nessas andanças, eu sigo teus passos
São tantas promessas de um peregrino
É crer no milagre, sagrados valores
Em tantos altares, em tantos andores

A vela que acende, a dor que se apaga
A mão que afaga se torna corrente

Nilopolitano em romaria
A fé me guia! A fé me guia!

Em meus devaneios
Entre o real e a imaginação
Saudade persiste, insiste em passear no coração
Feito um poema à beira-mar
Canto pra te ver passar
Me vejo em teu caminho
Nessa imensidão azul do teu amor
E às vezes, perdido
Eu me encontro em tuas asas, Beija-Flor
Por mais que existam barreiras
Eu vim pra vencer no teu ninho
É bom lembrar, eu não estou sozinho

Ê Laroyê Ina Mojubá
Adakê, Exu, ô, ô, ô
Segura o povo que o povo é o dono da rua
Ô, corre gira que a rua é do Beija-Flor!

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Agora é só ficar treinando o samba da sua escola favorita para não fazer feio enquanto ela desfila pela Sapucaí e depois esperar para saber se ela será a grande campeã do Carnaval 2020 .

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