O governador de São Paulo, João Doria , entregou as obras do Museu da Língua Portugues a na tarde desta segunda-feira. A instituição deve ser reinaugurada para visitação do público em junho de 2020. Também foi lançado o edital de licitação para a gestão do local — o modelo será o de contratação de uma organização social (OS), o mesmo tipo de administração já feita na maioria dos equipamentos culturais do estado.

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Museu da Língua Portuguesa
Edilson Dantas/Agencia O Globo
Museu da Língua Portuguesa


Desde o incêndio que atingiu o museu em 2015, foram necessários R$ 81,4 milhões para financiar a reforma e as novas exposições, que ainda serão instaladas. Todo o projeto para restaurar e readequar o espaço foi elaborado e comandado pelo governo estadual em parceria com a Fundação Roberto Marinho. Além de recursos públicos, o orçamento vem de patrocinadores privados: são financiadores a EDP (empresa portuguesa de distribuição de energia elétrica, que também colabora com o Museu do Ipiranga), o Grupo Globo, o Grupo Itaú e a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).

Em visita guiada pelo espaço ainda em montagem, é fácil notar que grandes painéis com projeções e vídeos interativos ainda serão a marca do museu. Segundo Sérgio Sá Leitão, secretário de Cultura e Economia Criativa do Estado, as obras mais queridas pelo público serão conservadas, apenas ganhando recursos tecnológicos atualizados — no incêndio, por serem digitais, elas não foram perdidas. Além disso, novas áreas serão criadas seguindo o conceito de chamar o visitante para a ação enquanto aprende. Uma “árvore” que mostra a relação da língua portuguesa com outras está entre as atrações planejadas. "É um novo museu, não só um museu reconstruído", destaca.

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A inauguração para o público em geral deve acontecer em 27 de junho de 2020, um sábado, dia da semana em que o museu sempre oferecerá entrada gratuita (nos demais dias, há gratuidade apenas para professores e policiais). Antes, em 25 de junho, ocorrerá uma abertura para autoridades. Doria diz que serão convidados a participar todos os presidentes de países que falam português. Já no dia 26, a abertura será para funcionários que participaram da obra e suas famílias.

Novos ares

João Doria em frente ao Museu da Língua Portuguesa
Photo Premium/Agência O Globo
João Doria em frente ao Museu da Língua Portuguesa


Além das novas áreas de exposição, deve chamar a atenção dos visitantes a abertura de um terraço. A área externa, que receberá um café, tem vista para o Parque da Luz, um dos maiores da região central de São Paulo.

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A ampliação da área para o público, assim como a abertura de uma porta que conecta diretamente os passageiros de trens que chegam pela estação da Luz a um hall do museu, prometem aumentar a visitação.

- Vai exponenciar a frequência de pessoas de menor renda -, disse Doria, que anunciou também que, em 2021, a estação da Luz ficará conectada de modo semelhante à Sala São Paulo, sala de concertos cujo acesso fica muito próximo à Cracolândia.

Não que a quantidade de público fosse motivo de preocupação para o Museu: em quase dez anos de funcionamento, de 2006 a 2015, recebeu cerca de 4 milhões de visitantes.

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- Nossa estimativa é de uma visitação no primeiro ano de 600 mil pessoas. Estamos também estimulando uma integração entre todos os nossos museus e espaços culturais que ficam no centro da cidade -, conta Sá Leitão. Para isso, no ano que vem, será criado um “passaporte”, que dará desconto na entrada desses locais.

Reforço antifogo

Museu da Língua Portuguesa
Fotoarena/Agência O Globo
Museu da Língua Portuguesa


O projeto novo também investiu na segurança. O museu voltará com reforço contra fogo: o teto está cravejado de sprinklers, os chuveirinhos automáticos que combatem as chamas em caso de necessidade — em dezembro de 2015, segundo laudo do Instituto de Criminalística, o fogo foi causado por defeito em um dos holofotes do prédio. Um bombeiro civil morreu tentando combater o incêndio.

A instalação desses dispositivos foi feita mesmo sem a exigência dos bombeiros, conta Lucia Basto, gerente geral de Patrimônio e Cultura da Fundação Roberto Marinho.

A sustentabilidade também foi uma preocupação para a nova fase. O edifício agora tem o selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), na categoria Silver, um dos mais almejados para designar construções sustentáveis. A distinção foi conquistada pelo uso de madeiras certificadas e de demolição, pela economia de energia na operação do museu e pela gestão de resíduos nas obras.

Segundo Larissa Graça, gerente de projetos da Fundação Roberto Marinho , cerca de 85% da madeira usada nas esquadrias foram aproveitados do material já existente no edifício, cuja cobertura data de 1946 — ano em que o edifício também incendiou. Em partes que precisaram de uma nova cobertura, foram empregadas 89 toneladas de madeira certificada vinda da Amazônia.

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