Freud pode até ter tentado analisar o inconsciente humano, por que somos como somos, o que nos leva a nos comportarmos de determinada maneira, mas, acima de tudo, ele foi um ser-humano – com seus próprios pensamentos e atitudes. O médico neurologista e criador da psicanálise , morto há exatos 80 anos, ainda tem seu trabalho e sua vida analisados e estudados.
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Partindo de um tema até então inexplorado e baseado em teorias, Freud moldou a psicanálise como conhecemos hoje, mas também teve sua obra contestada. Ele tinha um biógrafo oficial, Ernest Jones, que resumiu sua obra na trilogia “Vida e Obra de Freud”, mas seu trabalho foi alvo de muitas discussões e até polêmicas. Seu principal acervo está na Biblioteca do Congresso americano, mas nem todos os itens são disponíveis ao público, criando certo mistério em relação a ele.
Ainda assim, não é exagero dizer que, ao longo dos últimos 95 anos, Freud ganhou inúmeras publicações desbravando seu trabalho. Uma pesquisa rápida com o nome do médico no site da Livraria Cultura, por exemplo, gera mais de quatro mil resultados. A seguir, selecionamos as principais biografias sobre o psicanalista:
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- “Vida e Obra de Freud” – Ernest Jones
A compilação tem a ambiciosa proposta de cobrir todos os feitos da carreira de Freud. Jones foi seu contemporâneo (e biógrafo oficial) e tinha acesso a cartas e documentos pessoais, que foram publicados em três volumes, entre 1953 e 1957. O livro não tem a pretensão, porém, de analisar sua obra, apenas documenta-la.
- “Freud: His Personality, His Teaching, His School” - Fritz Wittels
Jones, apesar de amigo de Freud, não foi o primeiro a biografá-lo. Um admirador do neurologista e também estudante da psicanálise, Fritz Wittels escreveu em 1924 “Freud: His Personality, His Teaching, His School”, que foi criticado pelo próprio biografado na época. Os dois eram amigos e Freud ficou anos sem falar com Fritz. Quando retomaram a amizade, o escritor fez correções no livro e o relançou em 1932.
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- “Correspondências” – Anna Freud
Sexta filha de Freud, Anna seguiu os passos do pai na psicanálise, mas se especializou no estudo de crianças, que ele chegou a perseguir por um tempo. Ela mesma tem suas biografias, e livros dedicados a sua percepção do trabalho do pai, mas assim como Jones, tinha muitos documentos advindos da troca de correspondências com ele. Em 500 páginas, o livro não só mostra a relação entre pai e filha, mas o papel de Freud também como psicanalista da filha.
- “Freud and the Seduction Theory: A Brief Love Affair” - Kurt Eissler
Também seguidor de Freud, o historiador foi um dos principais defensores do pai da psicanálise quando o mesmo foi descreditado e isolado por outros estudiosos do tema. Nos EUA, foi responsável por criar um acervo sobre Freud incluindo documentos que integram a Biblioteca do Congresso. Além disso, ele escreveu diversos livros desbravando o trabalho de Freud. Em 2001, dois anos após sua morte, o último livro relacionado a Freud foi lançado, analisando o trabalho do psicanalista com a mente. Ele também escreveu um livro sobre as correspondências trocadas entre Freud e Jung.
- “Atentado à Verdade” – Jeffrey Lloyd Masson
Masson foi responsável por criar uma grande polêmica em cima do trabalho de Freud ao publicar, em 1984, “Atentado à Verdade”. Depois de ter acesso a cerca de 75 mil itens disponíveis na Biblioteca Nacional – com autorização de Kurt Eissler - ele escreveu sua própria teoria sobre porque Freud abandonou as análises que relacionavam a histeria a abusos sofridos na infância. Por se recusar a acreditar nos pacientes, que teriam lhe revelado abusos, ele seguiu outra linha de estudo, de acordo com Masson. Seu trabalho até hoje é criticado e muitas vezes descreditado. Ele foi um dos primeiros a criar o movimento “antifreudiano”.
- “Sigmund Freud: o Século da Psicanálise” - Emilio Rodrigué
Emilio é considerado o primeiro biógrafo latino de Freud. Nascido e criado na Argentina, conheceu o trabalho de Freud ainda jovem, e o estudou em Londres, ao lado da própria Anna Freud e outros nomes famosos na psicanálise, como Melanie Klein. Além de analisar a repercussão do trabalho de Freud ao longo do século, o livro de Rodrigué se destaca por incluir elementos autobiográficos.
- “Freud Básico - Pensamentos Psicanalíticos Para o Século XXI” – Michael Kahn
Um dos debates que cercam o trabalho de Freud é o quanto ele ainda é relevante nos dias de hoje. Uma vertente crescente da psicologia aposta no uso de remédios para resolver questões da mente e acaba por relegar o trabalho do psicanalista. Kahn usa os principais conceitos de Freud, como complexo de Édipo e compulsão à repetição para demonstrar como suas teorias seguem atuais no século XXI.
- “Sigmund Freud Na Sua Época e Em Nosso Tempo” - Élisabeth Roudinesco
Seguidora de Lacan, Elisabeth já escreveu diversos livros sobre o psicanalista que foi influenciado por Freud. Em “Sigmund Freud Na Sua Época e Em Nosso Tempo”, de 2014, ela se debruça pela primeira vez sobre o psicanalista em uma obra sem romantismo, que leva em consideração os antifreudianos, embora ela não concorde com eles. Elisabeth desfaz o Complexo de Édipo, que ela diz não se sustentar, e busca fazer uma relação dele com seu tempo e sua localização. Judeu que teve que sair de Viena, Freud é influenciado por movimentos como a Belle Époque e Roudinesco faz esses paralelos para tratar de sua vida pessoal e profissional.
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- "Freud: Uma Vida Para o Nosso Tempo” - Peter Gay
Por fim, Peter Gay tem um dos trabalhos bibliográficos mais completos do médico. Em 1988 ele lançou “Freud: Uma Vida Para o Nosso Tempo” que se debruça sobre todos os aspectos da vida de Freud. Seu trabalho é considero o mais completo pela maneira como faz paralelos entre a vida e a carreira do psicanalista, analisando seu trabalho e sua relação com a vida pessoal. Seu trabalho é considerado por muitos a biografia definitiva de Freud .