De obra prima a desleixado, novo filme de Tarantino divide opiniões em Cannes

Longa-metragem é o nono escrito e dirigido pelo renomado cineasta; Além disse, era um dos mais esperados do tradicional festival de cinema

Uma das estreias mais aguardadas do 72º Festival de Cannes, “Era uma vez em Hollywood” , o novo filme do cineasta Quentin Tarantino , foi exibido nesta terça-feira (21) na Riviera Francesa. E, a julgar pelas primeiras reações dos críticos, vem um novo sucesso por aí. 

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Foto: Divulgação
Cena de 'Era uma vez em Hollywood'

Com estreia prevista para 15 de agosto no Brasil, este é o nono longa-metragem escrito e dirigido por Quentin Tarantino — e um dos últimos a serem anunciados pelo Festival de Cannes como um dos concorrentes à Palma de Ouro. Era o momento mais aguardado da mostra iniciada na última semana: Tarantino, Brad Pitt e Leonardo Di Caprio pisaram no tapete vermelho da La Croisette recebidos como heróis, aclamados pelo público que os aguardava desde as primeiras horas da manhã.

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O cineasta e os dois atores, pela primeira vez juntos em um filme, posaram, elegantes em seus smokings, ao lado da colega de elenco, a atriz Margot Robbie , vestindo um conjunto de lantejoulas com calça preta e top branco, arrematado por uma flor rosa.

O filme é “feito de lembranças, um pouco como 'Roma', que foi um filme de memórias para (Alfonso) Cuarón”, disse no tapete vermelho Tarantino, ao lado da esposa, a cantora Daniella Pick. Cannes “mudou a vida” do diretor americano, de 56 anos. “Vim primeiro com ‘Cães de aluguel’, como pequeno cineasta independente, e depois dei a volta ao mundo”, lembrou.

Também no tapete vermelho, Pitt se desmanchou em elogios a Tarantino: “É um prazer trabalhar com ele, não pode ser comparado a ninguém (...) Conhece de forma exaustiva o cinema” e o filme para ele é “uma carta de amor a Hollywood, a Los Angeles”.

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O longa se passa na Hollywood de 1969, em meio à onda de assassinatos cometidos por Charles Manson e seus seguidores. Di Caprio interpreta a estrela de televisão Rick Dalton, enquanto Pitt é o seu fiel dublê, Cliff Booth. Eles lutam para encontrarem seus lugares nos últimos dias da chamada Era de Ouro de Hollywood. Com atuação muito elogiada pelos críticos, Margot Robbie é Sharon Tate, vizinha de Dalton — e uma das vítimas de Manson.

Foto: Divulgação
Cena de Era uma vez em Hollywood

A Variety  lembrou que “como acontece com a maioria dos filmes de Tarantino, as coisas tomam um rumo sombrio e violento a partir daí”. E contou que aos créditos finais se seguiram seis minutos consecutivos de aplausos em pé por parte do público presente. Pitt e a atriz britânica Tilda Swinton, que não atua no filme, foram vistos emocionados após a estreia.

Assim que terminou a exibição, críticos correram para publicar suas primeiras impressões. Alguns fizeram comparações diretas com o estilo de “Pulp Fiction”, um dos grandes sucessos de Tarantino — e vencedor da Palma de Ouro há exatos 25 anos. O crítico Jason Gorber chegou a dizer que o cineasta pode ganhar seu segundo prêmio em Cannes por “Era uma vez em Hollywood”: “Historicamente duvidoso, tematicamente brilhante, Tarantino encontra sua forma em um filme que pode ganhar a Palma de Ouro ou ser aclamado pelo público, ou talvez ambos. Obra prima, provocativa, com humor negro e intensamente inquietante”, classificou.

Já o The Guardian  também qualificou a película como “uma brilhante comédia de humor negro”. O site especializado Deadline  avaliou que Tarantino “nasceu para fazer este filme”, “glorioso” e “divertidíssimo”. 

Jordan Ruimy, do site World of Reel , afirmou que Tarantino “não estava brincando quando disse que este era o filme em que chegou mais perto de ‘ Pulp fiction ’”: “Ele manipula um mosaico de personagens e linhas de história no filme, finalmente amarrando-os para um final implacável e divertido”. Chris Knight, do National Post  também mostrou empolgação: “Eu ri. Eu suspirei. Eu pensei: o que Roman Polanski (marido de Sharon Tate na época do assassinato) acharia? Tarantino faz um ode à inocência perdida de Hollywood, enquanto insolentemente sugere que ela nunca existiu, para começar”.

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Alguns deles, porém, alegaram que precisavam de mais tempo para digerir o novo trabalho de Tarantino, vencedor de dois Oscars pelos. Foi o caso de Kyle Buchanan, do The New York Times : “Vão vir muitas opiniões quentes sobre o novo Tarantino, mas eu não me importo em deixar a minha esfriar um pouco mais no balcão”. O crítico afirmou que o filme exibido no Festival de Cannes é “mais relaxado do que eu esperava” e elogio a atuação de DiCaprio como “fantástica, engraçada e pungente”: “O resto, eu vou ponderar”.