"Cemitério Maldito" é um filme feito para quem gosta de terror de verdade

Nova versão do clássico de Stephen King busca diálogo com todos os públicos, mas se resolve como um produto indicado para fãs do gênero

A obra de Stephen King é tão vasta e plural que parece viver de ciclos na cultura pop. Com a estreia de “Cemitério Maldito”, mais uma nova e mais livre adaptação do material de King do que uma refilmagem do filme de 1989, essa percepção fica mais forte. Vale lembrar que a 3ª temporada de “Stranger Things”, sob muitos aspectos uma ode ao autor, e a sequência de “It – A Coisa” estreiam ainda em 2019.

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Jason Clarke em cena do filme Cemitério Maldito

Dirigido pela dupla Kevin Kölsch e Dennis Widmyer , cujos créditos ostentam duas obras obscuras no gênero, o maior mérito desse novo “Cemitério Maldito” é conseguir dialogar com diferentes públicos, mesmo dentro de um gênero tão afeito a especificidades.

O longa mantém sua sustentação sobre o luto, mas aborda fé e espiritualidade de uma maneira bastante intuitiva. É, também, gráfico (mas não muito) para atender os anseios de um público que se acostumou com derivados modernos do gore.

Jason Clarke , de “Planeta dos Macacos: O Confronto” (2014) e “A Maldição da Casa Winchester” (2018), estrela como esse médico que decide se mudar junto com sua família para uma cidade interiorana na expectativa de levar uma vida mais pacata e poder compartilhar mais momentos com sua mulher e filhos.

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É a filha mais velha Ellie, vivida pela ótima Jeté Laurence, quem descobre um cemitério de animais no vasto terreno adquirido pela família. Também ela é a primeira a se deparar com o soturno vizinho Jud, interpretado com a devida suspeição por John Lithgow.

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Combo dois em um

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Cena de Cemitério Maldito, que estreia nesta quinta-feira (9) nos cinemas brasileiros

Aos poucos “Cemitério Maldito” vai deixando o campo da sugestão para abraçar sua vertente mais fatalista e horripilante. A maneira como os personagens lidam com o luto é um valor dramatúrgico que interessa a realização até certo ponto, mas a manipulação da atmosfera, da sensação de um mal perene e latente, está sempre em alta. Um mérito de uma direção consciente de seus objetos, mas também das demandas de um cinema que se pretende de massa, mas não apenas.

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“Cemitério Maldito” tem sua cota de imagens marcantes e um gato demoníaco não é nem mesmo a maior delas. Eis um sinal incontestável de uma produção que entrega tudo aquilo que promete e um pouco mais.