As últimas semanas não têm sido fáceis para a Netflix. A empresa viu a ascensão de importantes rivais no campo de batalha global do streaming mostrarem suas armas com pompa em lançamentos que repercutiram grandemente na mídia e no mercado financeiro.
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A chegada da Disney e da Apple ao streaming era prevista e vai acontecer até o final de 2019. Até a consolidação desses players no mercado, no entanto, a Netflix tem margem para ampliar sua força e presença em outros mercados além dos EUA. É exatamente esse movimento que a empresa está fazendo no Brasil, conforme seu chefe de conteúdo, Ted Sarandos, deixou claro em feira criativa realizada no Rio de Janeiro nesta semana.
Há, ainda, uma questão local a ser observada. O Globoplay , plataforma de streaming da Globo, já começa a incomodar. Depois de assegurar exclusividade em alguns conteúdos licenciados no País, a plataforma da Globo está produzindo produtos exclusivos com atores da emissora, que facilitam seu poder de atração. Além de tudo, o streaming conta com a propaganda gratuita da Globo, além de merchan e exibições nas faixas de filmes.
A Netflix, que anuncia na Record e SBT, foi buscar amparo em algumas das estrelas das concorrentes da Globo na TV aberta para algumas de suas futuras produções nacionais. Maisa, Larissa Manoela e Sabrina Sato juntam-se a Wagner Moura, José Padilha, Carlos Saldanha, Kondzilla e Thalita Rebouças como alguns produtores de conteúdo com parceria com a empresa.
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É uma movimentação estratégica e com lastro. A Netflix tem consciência que a disputa pelo mercado nos EUA vai se intensificar muito em breve e que a desaceleração na conquista de novos assinantes é uma realidade. Portanto, é preciso aprofundar-se em mercados que Disney e Apple demorarão mais para chegar e enfrentarão dificuldades com licenciamento e direitos autorais.
A empresa promete 30 produções originais brasileiras, entre filmes, séries e conteúdos para família e crianças, para os próximos dois anos. É um projeto ambicioso de aceleração de investimentos no País e que chega em um momento delicado das políticas de apoio e estímulo à cultura.
O Globoplay tem duas grandes produções nacionais anunciadas para o primeiro semestre. “Shippados” e “Aruanas”, com a segunda temporada de “Ilha de Ferro”, seu grande carro-chefe no streaming, para ainda este ano. A empresa tem feito importantes ajustes e investido na ampliação de conteúdo internacional em seu catálogo, mas agora é posta em xeque pela Netflix.
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Há capital para reagir em um momento ainda de afirmação? É essa a pergunta que a Netflix deixa para sua rival regional enquanto elege o Brasil como um mercado estratégico para seus objetivos de manter-se na liderança global no cada vez mais disputado mercado de streaming.