“Ele foi invejado por 100% da geração dele. Morreu pobre por um erro de cálculo”, diz Otávio Escobar sobre Jorge Eduardo Guinle, o maior playboy que o Brasil já ostentou e que é objeto da cinebiografia “Jorginho Guinle - $ó se Vive uma Vez”.

Cena de Jorginho Guinle - Só se Vive uma Vez
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Cena de Jorginho Guinle - Só se Vive uma Vez

Escobar foi convidado pelos filhos de Jorginho Guinle para fazer um documentário sobre o pai. Uma vez debruçado sobre o vasto material, achou por bem fazer algo diferente e assim surgiu essa cinebiografia que une dramatizações a depoimentos e imagens de arquivo.

O hibridismo do longa não intimidou Saulo Segreto, que dá vida ao protagonista. “Acho que o maior desafio continua sendo viver alguém que realmente existiu. A gente busca algum traço de similaridade”, observa o ator em papo com o iG Gente . Ele conta que só foi conhecer a figura de Jorginho no teste.

Escobar é só elogios ao seu protagonista e a seu biografado, por quem admite ter se encantado durante a pesquisa e os processos de filmagem.

O mais interessante do filme, advoga o cineasta, é observar as mudanças pelas quais o Brasil atravessou usando Jorginho como referência. Isso não o deteve de impregnar o filme do ar boêmio que caracterizava o homenageado.

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Letícia Spiller interpreta a governanta de Jorginho na infância: criado por mulheres

Certa vez Georgiana, filha de Jorginho, ralhou com o cineasta. “Meu pais não disse isso.” Escobar retrucou: “Mas ele diria”. Esse viés de Forrest Gump constitui um dos grandes charmes do filme que já está em cartaz nos cinemas brasileiros.

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“O fato de eu ser um sujeito da classe média torna ideal escrever e contar essa história”, analisa Escobar. “Vem o espanto do homem comum. Essa é uma riqueza que não existe mais”.

De fato, os Guinle chegaram a construir uma própria usina para que não dependessem da energia elétrica concessionada pela Estado. É justamente nesta cena que a atriz Guilhermina Guinle tem a oportunidade de viver sua bisavó. A curiosidade dela no set era viva e contagiante, recorda Escobar.

Conexão Rio-Brasília-Monroe

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Marilyn Monroe completaria 90 anos caso estivesse viva

O filme não se furta a certo olhar crítico à família que “estava entorpecida pela furtuna” oriunda das concessões no Porto de Santos e da indústria cafeeira, mas o ponto de virada para a decadência dos Guinle, sempre muito bem relacionados, foi a partida da capital do Poder do Rio para Brasília.

Escobar, romântico que só ele, elege outro prisma. “O ocaso veio depois da Marilyn Monroe ”, observa para imediata concordância do repórter. Como ser mais bem sucedido do que ser um sujeito sem grandes atrativos físicos e que levou a maior estrela de cinema de todos os tempos para a cama?

Marilyn Monroe não foi a única. Kim Novak, Rita Hayworth e Jayne Mansfield estão no rol de conquistas amorosas de Jorginho. “Importante frisar que naquela época essas atrizes eram assalariadas e mantidas sob extenuantes contratos”, observa Clóvis Bucão, biógrafo dos Guinle e que no filme atua como um moderador entre o que Escobar apresenta e o público.

A equipe de produção filmou no Copacabana Palace, que muitos pensavam pertencer a Jorginho, e no Palácio das Laranjeiras, residência da família e hoje sede oficial do governo do Estado do Rio de Janeiro . Isso ajudou a absorver melhor os “vestígios” deixados pela família na cidade.

Sobre o status desse Rio de Janeiro desglamourizado, Segreto saiu-se com uma analogia digna de Jorginho Guinle : “O Rio de Janeiro é nossa Regina Duarte. Pode estar para lá, para cá, mas sempre vai ter um charme”.

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