Há poucos dias Ricardo Boechat foi notícia em diversos sites por conta de uma bronca que deu em uma produtora do programa que apresenta diariamente na Rádio Bandnews que errou e prejudicou a ancoragem do programa ao vivo. As notas destacavam um "ataque de fúria" que não houve. Havia ali apenas um profissional comprometido com o rigor da notícia e com o fundamento primário do bom jornalismo de agir dentro da temperatura da notícia.
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Em uma era em que a internet abaixa os padrões do jornalismo pelos chamados caça-cliques, uma figura como Ricardo Boechat fará falta. Muita falta!
O jornalista morreu nesta segunda-feira, aos 66 anos, em um acidente com um helicóptero em São Paulo. Para além da tragédia humana, imensurável por si só, o dano que sua partida acarreta à comunicação brasileira é irreparável. Boechat vem de uma geração de jornalistas - ele nem sequer era formado - que ajudou a formar as bases da imprensa brasileira moderna, que hoje atravessa um de seus momentos mais divisivos e estruturalmente definidores com as redes sociais mudando a relação com as notícias e a publicidade no online mudando a maneira como as empresas de comunicação trabalham.
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Com atuação no impresso, na rádio e TV, Boechat era um entusiasta das possibilidades aventadas pela internet e suas espirais (o imediatismo, o acesso, a democratização da informação), mas também um cético sobre seus efeitos no jornalismo diário, conhecido nas redações como hard news.
Com passagens pela Globo , o jornalista virou a grande face da Bandeirantes ao longo dos últimos anos. Do tipo que trabalhava o tempo todo, Boechat teve uma carreira multipremiada - só no último Prêmio Comunique-se foram dois troféus - e estabeleceu-se como referência na TV, na rádio e no colunismo, onde teve espaço em revistas, como a Isto É , na televisão, no "Bom Dia Brasil", e em jornais diários como O Globo .
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O adeus a Ricardo Boechat é especialmente doído para aqueles que enxergam no jornalismo um instrumento social para a promoção do conhecimento, da democracia e da compreensão. É um momento de agarrar-se a seu legado, que se confunde com a própria história da imprensa no País, e dar sequência ao trabalho que ele tão brilhante e apaixonadamente conduziu em vida. Vá em paz, nobre colega!