O grande empecilho das problemáticas enraizadas é que é necessário uma grande ideia para trazê-las à tona. Este é o caso do projeto “Retratos da Constituição Brasileira” , que imerge o espectador em uma reflexão importante e, até então, longínqua. Afinal “onde estão os negros Presidentes do Brasil?”.
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Ao iG Gente , Fernanda Mello, arquiteta e idealizadora do projeto que pintou minorias como Presidentes do Brasil , explicou que “Retratos da Constituição Brasileira” surgiu depois que ela e o fotógrafo Diogo Andrade visitaram a antiga sede do governo da Bahia, o palácio Rio Branco, que tinha todos os retratos dos governadores da história do estado.
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Segundo Fernanda, mesmo os negros representando 53% da população e a Bahia carregando o título de estado mais negro do país, lá só haviam retratos de homens brancos.
“A gente acaba tendo essa naturalização de homens brancos no poder. É tão incomum ver mulheres trans e negros nesta posição. Causa estranhamento, como algo que não é natural, porém, tudo isso é um processo social que vem desde os tempos de colonização”.
Em continuidade, ela ressalta “o projeto é uma crítica à representatividade , a essa construção que coloca as minorias à margem e sem acesso a algumas coisas, tudo por conta desse ciclo de não ter ninguém que as represente, que as mostre no poder”.
A repercussão
Feliz com o resultado alcançado e com todas os comentários positivos recebidos na internet, a arquiteta alerta que houve quem não aprovasse a intervenção ou “olhasse torto”.
“Teve pessoas que se viram (no projeto) e houve outras que tentaram arrancar (os lambes), e isso foi bastante nítido durante o processo inteiro”.
Em seguida, Fernanda ainda relembra um momento marcante em que o tapume onde ficavam estampados algumas fotos do projeto em Florianópolis foi violado: “Uma semana antes das eleições 2018 pintaram o tapume de branco” escondendo o manifesto à representatividade.
Xs Futurxs Presidentes do Brasil
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Inspirada pela arte de rua, Fernanda têm mais instalações em mente, porém, em fase embrionária para serem divulgadas. Realista, ela vê seu projeto dos Presidentes do Brasil como uma realidade distante: “Difícil acreditar nisso, é uma utopia linda. Adoraria para ver um presidente pai de santo ou transexual, mas é algo a enxergar e seguir lutando”.