"The Walking Dead" retoma velhos vícios e dá adeus a 2018 com perspectiva ruim
Série patina desde a saída de Andrew Lincoln e não consegue se sustentar narrativamente sem recorrer a ganchos e truques. Atenção aos spoilers
"Evolution" marcou a despedida de "The Walking Dead" de 2018. A série entra em hiato e retorna em fevereiro de 2019 para a metade final de sua nona temporada. O episódio voltou a provocar os fãs com mais uma "participação especial" dos sussurradores e com a morte de Jesus (Tom Payne), de maneira súbita e inesperada.
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Desde a alardeada e bem costurada saída de Andrew Lincoln do programa, "The Walking Dead" tem patinado para se sustentar narrativamente. A morte de Jesus, um personagem que pareceia ganhar importância após a saída de Maggie (Lauren Cohan) parece mais um improviso oriundo da necessidade de reafirmar o caráter imprevisível daquele universo, do que algo bem pensado narrativamente.
Não que Jesus seja um personagem indispensável à série, mas em um momento de fragilidade e desconfiança, dispensar um favorito dos fãs de maneira tão trivial pode representar um revés no futuro. A resistência aos rumos tomados pela equipe criativa do programa tem se mostrado cada vez maior e mais barulhenta e refletido em números de audiência cada vez mais preocupantes.
Angela Kang , que herdou a difícil missão de reencaminhar a série depois das péssimas temporadas anteriores, disse que na segunda metade do nono ano veremos flashbacks sobre esses seis anos que se passaram entre a "morte" de Rick Grimes e a atualidade e entender melhor a ruptura entre as comunidades.
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A série parece hoje só capaz de trabalhar nesses termos. De gancho em gancho. Os primeiros cinco episódios da temporada se sustentaram na despedida de Rick Grimes e agora os produtores parecem querer convencer a audiência de que vale a pena ficar para entender o que rolou entre as comunidades nesse salto temporal que foi uma opção criativa para minimizar os desafios narrativos na esteira da saída de Lincoln.
No interín, a série liquida personagens como se ao fazê-lo fosse possível recuperar o senso de urgência e perigo que pairava inescapável nas primeiras temporadas. "Evolution" não chega a ser um episódio ruim, mas se assenta mais próximo da fase negativa do programa quando este era comandado diretamente por Robert Kirkman. Essa perspectiva é muito ruim!
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Angela Kang, é verdade, tem uma missão inglória. Estender de maneira minimamente viável uma série que já se esgotou, mas termina essa primeira metade do nono ano de maneira menos entusiasmante do que começou. "The Walking Dead" precisa de um Norte e não há outro possível nessa fase de sua existência do que a perspectiva do fim.