Aos 77 anos e com 53 deles de carreira, Erasmo Carlos lança seu 31º trabalho como cantor e compositor. “Amor é Isso” promove reencontros com antigos parceiros como Arnaldo Antunes e Marisa Monte e novas parcerias com gente como Emicida, Adriana Calcanhotto e Samuel Rosa.
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“Amor é Isso” é fruto de um desejo do cantor e compositor carioca de se aventurar pela poesia. A voz rouca e cansada de Erasmo, mas ainda vigorosa e aveludada, percorre as 12 faixas inéditas do álbum com a propriedade de um homem vivido.
O disco flui por diferentes fases do amor, de um amor, do que é amar, do que é deixar de amar, do que é a memória de um amor que acabou, de um que não se realizou. É um disco que abraça os clichês e que busca conexão tanto com os desencantados como com os que ainda ousam sonhar.
Injeção de amor
Marcelo Camelo, um compositor de muito sucesso entre os indies, é o responsável por Sol da Barra , um dos grandes destaques do álbum. Essa não é a primeira canção que Camelo escreve com Erasmo em mente. Foi assim também em 2001 com Pra Falar de Amor . Mas Sol da Barra é um deleite de nostalgia e ginga carioca. “Domingo eu vou na praia da Barra ver o sol nascer de manhã/Saber do mar onde andam meus amores/Nas luzes da cidade ver o olhar da juventude renovar meus sonhos/Tentar desentender o que já entendi”, diz o refrão da canção que tem a participação de Marcelo assobiando.
A parceria com Emicida, que divide a composição e os vocais com Erasmo em Termos e Condições , rendeu outro ponto alto do disco. A faixa trata dos amores líquidos desses tempos tão apressados e tecnológicos. Os dois artistas não se conheciam até a gravação do álbum, mas a química é brutalmente boa. Toda a troca de letras e melodias durante o processo de composição se deu por meio do diretor artístico e produtor do álbum Marcus Preto.
Já Minha Âncora , aquele tipo de música doce sobre amores perdidos, é um presente de Nando Reis. A pegada é de soul music e os versos são irresistíveis. “Eu andei distante/Viajei, me perdi/Sem a minha âncora/Uma ventania me levou embora/Pra longe de ti”.
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Novo Sentido
A quinta faixa do disco marca a primeira colaboração com o frontman do Skank , Samuel Rosa. A letra é uma adaptação de um dos poemas do livro inédito de Erasmo. A sexta canção é a faixa-título e remete muito a Bob Dylan, na forma e no contexto narrativo. É quando Erasmo se depara com uma angústia metafísica: “Mas o que é o Amor, afinal?/Uma alegria de luz, o orgasmo da arte/Um sonho, uma ardência na alma, uma dor, uma sorte/Mais que uma oferta egoísta e possessiva/Uma canção de ninar em carne viva”.
À medida que avança com Seu Sim , em parceria com Adriana Calcanhotto, Acareação Existencial , um rock revisionista de autoria do próprio Erasmo, e Parece que foi Hoje , nova colaboração com Arnaldo Antunes, o disco vai ficando mais introspectivo. Pitadas de sensualidade e amargura são adicionadas a álbum que tem na sua energia poética sua grande força.
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“Amor é Isso” não é e nem quer ser um disco memorável, mas cresce de tamanho cada vez que nos voltamos a ele. Como geralmente acontece com tudo que é bom.