Depois de polêmica estreia na Netflix no ano passado, “13 Reasons Why” retorna ao serviço de streaming em sua segunda temporada , trazendo como trama principal o processo judicial que os pais de Hannah Baker – especialmente sua mãe, Olivia Baker – travou contra a escola Liberty, por acusa-la de omissão diante dos bullyings sofridos pela sua filha.
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Diferentemente da primeira temporada, cada episódio da série traz um dos personagens da fita depondo no tribunal, revelando ainda mais sobre a vida pessoal de Hannah Baker. Vale ressaltar que, após as diversas discussões que embalaram a estreia de “ 13 Reasons Why ” no ano passado, a nova temporada traz em todos os episódios direcionamentos para quem precisa de ajuda em relação à depressão.
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Se no ano anterior os episódios contavam com a narração de Hannah que deixava muitos mistérios à solta, os novos episódios utilizam depoimentos dos jovens no tribunal nas narrações, mesclando os discursos com cenas cotidianas da escola. Além de confuso, já que não é possível ter certeza sobre quem está falando, o conjunto acaba gerando imagens repletas de clichê que trazem um ritmo desgastante para a série.
Trabalhando com múltiplas histórias – e agora não mais apenas a versão contada por Hannah Baker – os personagens utilizam o momento como um processo de redenção em relação ao que fizeram contra a personagem, mas cada um à sua maneira deixando vários dos seus segredos mais íntimos serem revelados.
Entretanto, ainda que exista esta tentativa de explorar ainda mais cada personagem, a série cai em uma redundância muito prejudicial. Diante dos relatos, fica evidente que todos os jovens possuem dores e alegrias particulares, mas os tempos de dificuldades e tristezas muitas vezes isto é atribuído diretamente à depressão, como se este fosse o único possível diagnóstico, banalizando o distúrbio.
Além disso, ainda que o enfoque da série seja o suicídio da adolescente, a nova temporada traz rumos totalmente diferentes dando enfoque aos estupros de Bryce Walker e sua possível punição como a única forma de se fazer justiça diante do suicídio de Hannah.
Uma luz no fim do túnel em “13 Reasons Why”?
Ainda que a série forçe ao colocar a possível justiça do suicídio de Hannah à punição de Bryce, a trama tem um ponto positivo que é mostrar como falar sobre estupro não é algo fácil. Jessica, a então conhecida como única sobrevivente dos abusos do colega, enfrenta uma difícil jornada de superação e compreensão do que ela passou no ano anterior.
Outro aspecto mais positivo é que, por mais que o debate sobre a depressão se mostre precário no desenrolar da série, nos primeiros episódios, entretanto, há uma tentativa de abordar o tema com a sua complexidade merecida trazendo à tona a personagem Skye.
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Amiga de Clay e bastante secundária na primeira temporada, a jovem entra em um relacionamento com o protagonista, porém sem nenhuma química. Seus diálogos e trocas de carinhos na telinha não convencem e muito menos dá abertura para que o conteúdo seja explorado de forma mais responsável, já que a personagem sai logo de cena.
Clay por outro lado, que sempre foi apresentado como o herói e justiceiro da série cujo único defeito foi “amar demais”, acaba mostrando que, na verdade, é um adolescente prepotente e até mesmo machista, ao não se conformar com as histórias de Hannah Baker que vêm à tona no tribunal. A simpatia com o personagem, entretanto, é empurrada ao telespectador a qualquer custo, o que gera um cansativo incômodo em acompanha-lo nas telinhas.
Diferentemente da primeira temporada, o mistério das fitas impulsionavam o telespectador a assistir ao próximo episódio, a nova temporada nada tem de chamativo para levar o fã ao desenrolar da história. As discussões e cenas acabam sendo redundantes e os mistérios que emergem fracos demais para prender a atenção.
“ 13 Reasons Why ”, que foi baseada no livro homônimo de Jay Asher, trazia uma história completa por si só e até mesmo educativa. Entretanto, talvez o sucesso da primeira temporada tenha ido longe demais fazendo com que a série perdesse suas próprias rédeas e trabalhasse apenas com a espetacularização dos dramas adolescentes.