Um dos grandes nomes da literatura portuguesa, José Saramago, ganhou uma exposição que reconta toda a sua trajetória no mundo da arte em São Paulo. Aberta ao público desde o dia 6 de março, “Saramago – os pontos e a vista” fica no espaço Farol Santander até o próximo dia 3 de junho.
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Com a curadoria de Marcello Dantas, a mostra traz objetos pessoais de José Saramago , remonta toda a sua história e ainda tem passagens interativas para que o visitante possa enxergar o mundo sob o olhar do escritor. De terça a domingo das 9h às 19h com entrada gratuita, o iG Gente uniu dez motivos para o leitor conferir a exposição e celebrar a obra de Saramago. Corre que ainda dá tempo!
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Linha do tempo
A mostra de José Saramago traz diversos momentos de sua vida expostos pelos 537,78 m² do museu, em que é possível conhecer a fundo toda a trajetória do escritor. Nos primeiros passos, o visitante poderá adentrar Azinhaga, cidade onde Saramago nasceu sem ter que voar até a península ibérica. O caminhar pela exposição também traz pensamentos do autor de forma contextualizada diante da época em que escreveu suas obras, além de evidenciar as suas relações pessoais, como com sua companheira Pilar del Río, escritora e jornalista espanhola.
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+ Audiovisual
A história contada de Saramago tem uma ferramenta importante aliada: o audiovisual. O material é composto por 15 pílulas obtidos do acervo do cineasta também português Miguel Gonçalves Mendes, que lançou um documentário intitulado “José e Pilar” em 2010. A obra aborda toda a vida do escritor por meio do cotidiano com sua companheira. O documentarista chegou a passar quase dez anos gravando com o escritor em diversos países rendendo materiais inéditos.
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Materiais inéditos
Além das obras audiovisuais que trazem passagens que não estão no filme de Mendes, a exposição ainda traz outros materiais, como o computador no qual escreveu o clássico “Ensaio sobre a Cegueira” ou a cama dos seus avós, que apareceu no cenário de um trecho do seu discurso ao receber o Prêmio Nobel de Literatura em 1998. A exposição ainda traz um óculos que simula a miopia do escritor além de oferecer o seu ponto de vista desde a gramática até mesmo em relação à sua real altura diante do mundo.
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Uma chance de conhecer novos espaços
O Farol Santander é um centro cultural inaugurado em janeiro no Edifício Altino Arantes, antigo prédio do Banespa em São Paulo. O local ainda conta com outras mostras culturais e um mirante para o centro da cidade de São Paulo.
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É gratuito!
Viajar pela península ibérica, transcorrer a vida de um dos maiores nomes da literatura portuguesa, entrar em contato com materiais inéditos e históricos além de sentir um pouco na pele como era a vida de José Saramago são alguns dos destaques da mostra. E o melhor disso tudo – ela é gratuita! A bilheteria do local fica aberta das 9h às 18h de terça a sábado e das 9h às 16h aos domingos.
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Vencedor do Nobel de Literatura
Relembrar a trajetória de Saramago também é resgatar a conquista da língua portuguesa na academia internacional. O escritor foi o primeiro autor do idioma a receber o Nobel de Literatura em 1998. Entretanto, antes mesmo de conquistar a honraria, o escritor já possuía uma gama de outros reconhecimentos acumulados, como o Prêmio P.E.N. Clube Português de Novelística (1983, 1985), Prêmio D. Dinis (1984), Prêmio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários (1985), Grande Prêmio de Romance e Novela APE/DGLB (1991), Prêmio Bordalo de Literatura da Casa da Imprensa (1991), Grande Prêmio Vida Literária APE/CGD (1993) e o Prêmio Camões 1995. Não é pra qualquer um!
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Riqueza nas obras
Apesar de “Ensaio sobre a Cegueira” ser um dos romances mais conhecidos de José Saramago, este não é o único livro de sucesso do autor. Consagrado principalmente pelos seus romances, o que fez com que o crítico estadunidense Harold Bloom considerasse o escritor como “o mais talentoso romancista vivo nos dias de hoje” em 2003, Saramago construiu uma carreira com um leque de diversidade bem grande quanto o assunto é literatura. Além dos romances, ele também autor de peças teatrais, como “A Segunda Vida de Francisco de Assis” (1987), contos, poesias, crônicas e até mesmo obras infantis, que foram publicadas já no século XXI, mostrando ser um artista versátil quanto o tema é literatura.
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Sem medo de criticar
José Saramago também ganhou notoriedade no mundo das artes não só por conta de suas obras, mas também por seus posicionamentos que, muitas vezes, causaram polêmica ao redor do mundo. Ateu criado em uma cultura extremamente cristã, o escritor sempre teve uma forte oposição à Igreja Católica que, inclusive, não gostou do prêmio Nobel concedido ao escritor chamando-o de um “comunista inveterado”. O autor chegou a escrever livros com fortes tons de crítica à Bíblia como “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, em 1991.
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Posicionamentos políticos fortes
Não foi apenas na religião que José Saramago chamou atenção por colocar suas fortes opiniões em evidência. Ainda que fosse bastante criticado, o escritor não mediu palavras para falar sobre suas posições políticas, chegando até mesmo a ser diretor-adjunto de um jornal, o “Diário de Notícias”, que tinha como viés editorial o socialismo. Além disso, ele chegou a ser um duro crítico do movimento sionista em Israel, sendo inclusive chamado de anti-semita.
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Prêmio Literário José Saramago
A trajetória de José Saramago foi tão intensa para a língua portuguesa que, em 1999, um prêmio para homenagear jovens autores do idioma levando o seu nome. A ideia é premiar as primeiras edições de obras que tenham sido publicadas em um país da lusofonia. O prêmio, que é bienal, já teve dez edições tendo premiado dois brasileiros: Adriana Lisboa em 2003 por “Sinfonia em branco” e Julián Fuks, em 2017 por “A Resistência”.
Assim sendo, é possível ver de maneira concreta que José Saramago de fato deixou um legado para a língua portuguesa na literatura e é um nome a ser celebrado.