Vencedor  da Palma de Ouro em Cannes 2017 e indicado ao Globo de Ouro e ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, o longa sueco "The Square" se vê no centro de uma batalha judicial inusitada. O filme aborda o universo das artes e apresenta um debate cheio de sátira e reflexão a respeito deste universo. A artista, escritora e diretora argentina Lola Arias decidiu entrar com uma ação penal contra Ruben Östlund e a produtora dele, a Plattform Produktion, pelo uso indevido de seu nome e por ter sido sido atribuída como autora da obra que dá nome ao filme.

A instalação artística que movimenta a trama de The Square e está no centro da polêmica
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A instalação artística que movimenta a trama de The Square e está no centro da polêmica

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O filme mostra uma instalação conceitual denominada The Square (um quadrado desenhado no chão acompanhado por um manifesto: “ The Square é um santuário de confiança e cuidado. Dentro dele, todos compartilhamos obrigações e direitos iguais), criado por uma artista chamada Lola Arias. Mas a Lola Arias real afirma que não tem nenhuma relação com a obra — e a descreve como “uma arte ruim”.

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A escritora classificou a obra que serve como base para o filme de Östlund como "ingênua" e desprovida de impacto político. "É apenas uma má ideia". "Mas o principal ponto é que eles não poderiam ter usado o meu nome sem ter pedido permissão e nem ter atribuído a mim uma obra de arte que não tem nada a ver comigo", disse à Vice

A artista se sentiu lesada por não ter sido nem mesmo consultada.  “Eles poderiam ter pedido para usar meu nome. E aí eu decidiria se autorizaria ou não. Mas eles nao fizeram isso, acho que no fundo nem se importam. Um diretor homem da Suécia provavelmente achou que poderia usar sem problema o nome de uma artista argentina. Talvez ele ache que tenha me dado publicidade. Mas não é assim que funciona.” 

A argentina Lola Arias vai processar os responsáveis pelo filme The Square
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A argentina Lola Arias vai processar os responsáveis pelo filme The Square

Os advogados da argentina vão entrar com ação na Justiça da Alemanha, onde ela vive, ou na da Suécia, sede da Plattform Produktion. Procurada pela Vice , a produtora declinou de comentar o caso.

À Vice , no entanto, Lola admite ter sido contatada pela equipe do filme para "participar" da produção. Resistente a princípio por não ser uma atriz, ela acabou gravando uma cena por Skype que seria aproveitada na produção. Ela viveria uma artista. Ela chegou a gravar a cena, com a qual não ficou satisfeita, mas as tratativas com a equipe responsável pelo filme foram interrompidas. A despeito da promessa, ela nunca foi procurada por Östlund . “E aí, já em 2017, eu li em um jornal que o meu nome estava sendo usado como a autora da obra The Square, o que não havia sido o combinado. Eles nunca me falaram que iriam usar o meu nome, nunca me enviaram um roteiro em que o meu nome era mencionado”, diz a artista. “Me senti traída, porque eu acreditei nele, achava que era uma colaboração artística. Fiquei chocada.”

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Lola agora age para se desvencilhar de "The Square", filme e obra. "Colegas, curadores me perguntam quando eu fiz essa obra. Me dizem que ficaram surpresos, porque é uma obra bem ruim. Decidi que tinha de tomar uma atitude. A situação chegou a um ponto insuportável.”

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