Existe um interesse sociológico e antropológico a respeito da prostituição. A cultura pop, como não poderia ser diferente, se insere nesse contexto como parte ativa na construção e percepção social a respeito do tema. Dos filmes clássicos “Uma Linda Mulher” (1990) e “Bonequinha de Luxo” (1961) às séries brasileiras “O Negócio” (2013 – 2018) e “A Segunda vez” (2014), o tema nunca sai de moda. “Rua Augusta”, primeira série nacional do canal TNT , bebe dessa aparentemente inesgotável fonte.
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“O que todos nós fizemos na hora de construir a trama, foi quebrar os nossos tabus e preconceitos para que a história fosse o mais verossímil possível”, conta a atriz Pathy Dejesus sobre a maneira que a série aborda o universo da prostituição e todo o mito que gravita em torno da rua Augusta , na região central de São Paulo. A atriz defende Nicole, a personagem mais interessante da série em seu ponto de partida.
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Nicole é uma stripper, cujo noivo pensa que ela trabalha em uma empresa de telemarketing no turno da madrugada. No primeiro episódio ela se interessa pelo jornalista Emilío, vivido por Rodrigo Pandolfo , e tal qual Julia Roberts em “Uma Linda Mulher” não beija na boca, a demonstração máxima de intimidade. A liberdade e a relação da personagem com o sexo e a maneira como organiza sua vida afetiva despontam como um dos aspectos mais interessantes da série coproduzida pela O2 Filmes e assinada por Pedro Morelli e Fábio Mendonça.
A protagonista é a também stripper Mika ( Fiorella Mattheis ), “uma mulher com uma carga emocional muito forte”, segundo a própria atriz. O triangulo amoroso no qual ela está inserida detona uma investigação policial que gradualmente envolverá Alex (Lourinelson Vladimir), o dono de uma boate na Augusta, Raul (Milhem Cortaz), seu braço direito e Emílio. O ritmo de thriller policial se estabelece logo no primeiro episódio, que também oferta cenas de sensualidade e nudez, principalmente com Pathy e Fiorella.
O olhar da audiência
É justamente Emílio, um neófito no universo da rua Augusta, quem guiará o público neste mergulho na vida da badalada e famosa rua paulistana. “Uma das grandes questões do Emílio é o empasse entre lealdade e necessidade, o que torna o personagem mais contraditório, mais humano, mais interessante”, argumenta Pandolfo. Logo no primeiro episódio serão ensejados pontos que o colocarão em rota de colisão com seu amigo Alex e com suas convicções morais.
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O ator, que também pode ser visto na nova temporada de “O Negócio”, da HBO, não vê semelhanças entre as produções, a despeito de ambas abordarem o universo da prostituição. “As diferenças são absolutamente radicais. Cada produto tem a sua energia, sua identidade. O que elas têm em comum é a prostituição, o que, de certa forma, é pouco relevante perto da complexidade dos personagens”.
A complexidade dos personagens é uma das apostas de “Rua Augusta” para manter o interesse do público ao longo dos 12 episódios que compõem essa primeira temporada. “Acredito que vocês podem esperar uma Nicole muito divertida e com muita vontade de ser notada. Ela vai usar todo o seu charme e inteligência para ser notada e viver uma grande história. Ela tem uma vida dupla, que ela mantém para continuar com um tipo de “passe livre” na sociedade”, observa Pathy Dejesus sobre sua personagem. “O roteiro é eletrizante”, acrescenta Fiorella, que admite estar empolgada com sua primeira protagonista na TV. “Ela é bastante desafiadora”.
“Rua Augusta” estreia nesta quinta-feira (15), às 22h30, na TNT, com episódio duplo sem intervalos comerciais. Os inéditos serão exibidos às quintas, às 23h.