Filmes de fantasia não são novidade entre os indicados e vencedores do Oscar . A trilogia de “Senhor dos Anéis” e “Avatar” estão aí para provar que a academia sabe reconhecer esse estilo. Mas esse é o primeiro ano que Guillermo del Toro, um dos grandes nomes do gênero, se vê como protagonista da premiação. Com “ A Forma da Água ”, filme com mais indicações este ano (foram 13 no total), del Toro domina o prêmio e pode se tornar o terceiro dos “Três Amigos” a ganhar o prêmio Melhor Diretor .

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Del Toro e seus monstros. Com extensa carreira no gênero da fantasia, o diretor tem sua primeira chance no Oscar
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Del Toro e seus monstros. Com extensa carreira no gênero da fantasia, o diretor tem sua primeira chance no Oscar

Mas se só agora a academia reconheceu seu esforço como cineasta, sua carreira já acumula sucessos há anos. Guillermo del Toro nasceu em Guadalajara, no México, e desde criança se interessa pelo cinema de terror. Fez cerca de 10 curtas-metragens antes de estrear seu primeiro longa, além de dirigir alguns episódios de “La Hora Marcada”, série mexicana de ficção científica. Outros nomes que também começaram na mesma época incluem o diretor Alfonso Cuarón que, ao lado de del Toro e Alejandro Iñárritu se tornariam os “Três Amigos do Cinema”, maiores nomes mexicanos a dominar Hollywood na direção.

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Seu primeiro longa, “Cronos”, inicia sua trajetória no suspense/fantasia/terror, além de uma longa e frutífera parceria com o ator Ron Perlman.  Ele também estudou efeitos especiais por 10 anos e sempre tentou aplica-los, principalmente os práticos, em seus filmes.

Del Toro e seus monstros

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"A Forma da Água"

Os monstros sempre estiveram presentes no trabalho de del Toro. E em muitos casos eles não eram necessariamente os vilões, mas sim seres incompreendidos, ou isolados da sociedade por suas diferenças. Mas del Toro sempre deu chance a eles. Chance de ser o herói, de encontrar o amor ou se redimir. Hellboy (Perlman), por exemplo, é um demônio, que acaba se tornando herói, protegendo a humanidade de forças malignas. Mais recentemente, em “A Forma da Água”, uma criatura sem igual e incompreendida encontra em uma humana uma forma de amor e carinho.

Mas ele também combate monstros, como em “ Pacific Rim ”. Como? Criando seus próprios monstros, dessa vez na forma de robôs. Não tão bem recebido como outras obras, o filme tem seus méritos ao explorar as criaturas alienígenas, desde as partes de seu corpo que valem muito no mercado negro, até suas conexões. A questão é que, do bem, do mal, ou os dois, não importa, del Toro gosta de seus monstros bem desenvolvidos, e isso há de sobra em seus filmes.

Obra-prima

“A Forma da Água” pode ficar marcado como o maior filme da carreira do diretor. Protagonizado por Sally Hawkins (indicada como melhor Atriz), del Toro une uma miscelânea de temas, que vão desde homossexualidade a russos infiltrados no governo americano, para contar uma história de amor improvável. O filme cativou crítica, publico e votantes. Mas, anos antes, Guillermo del Toro já havia produzido sua principal obra-prima com “ O Labirinto do Fauno ”. O filme é um primor de fantasia, transformando em realidade o mundo fantástico de uma menina que cresce em meio a Guerra Civil Espanhola, vendo a mãe sofrer nas mãos do novo marido, enquanto se aproxima de outros trabalhadores da casa onde mora e pode acompanhar as injustiças da guerra de perto. Não só bem desenvolvida, a história é emocionante e cheia de elementos fantásticos. Doug Jones, outro colaborador frequente de Del Toro, dá vida ao Fauno e ao homem pálido, figuras célebres na fantasia até hoje. O filme, inclusive, rendeu a primeira indicação de del Toro ao Oscar, por Melhor Roteiro Original.


Oscar

A corrida segue apertada e não há garantias de que del Toro vá ganhar o Oscar de Melhor Diretor, mas suas chances são boas. O diretor foi escolhido pelo Bafta, Globo de Ouro e Sindicato dos Diretores, para citar apenas alguns, como o melhor da temporada. Apesar da competição acirrada principalmente com Paul Thomas Anderson, não há como negar que Guillermo del Toro é um dos favoritos esse ano. E a hora é exata. Com um extenso currículo que, além de direção inclui roteiros e produções, ele dosou uma história adocicada, social e política, como a academia gosta, e somou sua habitual esquisitice que, em um ano atípico, caiu como uma luva na temporada.

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