Entre os indicados ao Oscar anunciados na última terça-feira (23), um dos nomes que se destacou foi o de Greta Gerwig. A autora e diretora de “Lady Bird” foi indicada como Melhor Diretora, incluindo-a numa seleta lista que, ao longo dos 90 anos da premiação, tem somente cinco mulheres.
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Ela foi reconhecida por sua estreia na direção, mas a carreira dessa californiana de 34 anos é extensa e repleta de bons papeis. Ela despontou com “ France Ha ", mas é um dos nomes de destaque no Mumblecore e, tantos nos papeis que escreve quanto nos que interpreta, faz um retrato divertido e honesto da mulher moderna, mesmo em filmes de época como “Mulheres do Século 20”. “ Lady Bird ” também segue essa linha, misturando ficção e sua própria história. Por isso, separamos 10 motivos para amar Greta Gerwig , que tem alcançado seu merecido reconhecimento:
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Frances Ha
Greta Gerwig já tinha diversas produções em seu currículo antes de “Frances Ha”, mas o filme foi responsável por dar mais visibilidade ao seu trabalho. Dirigido por seu parceiro profissional e pessoal, Noah Baumbach , o filme é escrito pelos dois e filmado em preto e branco. Frances é uma mulher nos seus vinte e tantos anos que se vê completamente perdida. Sem trabalho, sem ter onde morar, ela vive um conflito bem comum dessa época: “quem eu quero ser?”. Essa busca a leva até Paris e de volta a sua universidade, enquanto passa pelo sofá de alguns conhecidos. O papel lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro.
Atriz
Antes de “Frances Ha”, porém, Greta já colecionava bons papeis, como coadjuvante ou protagonista. Ela fez “Para Roma, Com Amor”, de Woody Allen e estrelou “Lola Versus” que a princípio é mais uma dessas comédias românticas, mas que mostra bem seu timing para a comédia e sua habilidade com um texto afiado. Ela também rouba a cena em “Mulheres do Século 20 ”, feito difícil de alcançar quando se atua com Annette Bening. Seu currículo inclui ainda outros dois filmes com Baumbach: “Mistress America” (que ela também assina o roteiro) e “O Solteirão”.
Escritora
Em muitos casos, principalmente para mulheres no cinema, a melhor maneira de garantir um bom papel é escrevendo-o. Esse é o espírito de Gerwig, que tem seu primeiro crédito como autora em “Hanna Pega as Escadas”. Um dos nomes do Mumblecore , ela colaborou em alguns roteiros com Joe Swanberg , mas foi com Noah Baumbach que se destacou no roteiro, muito graças ao próprio “Frances Ha”. Ela também é creditada pelo roteiro de séries e curtas e em “Lady Bird” assume pela primeira vez um roteiro sozinha.
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Interpreta mulheres fortes
As personagens de Greta têm bastante em comum: sempre tentando se encontrar, entender seu lugar no mundo, se conhecer para conhecer os outros. O resultado é variado e pode causar desde separações precoces e péssimas decisões a momentos de puro egoísmo. Mas, todas também têm em comum sua força e coragem, mesmo eu seja para mostrar suas fragilidades. São personagens falhas e, por isso, reais, e Greta as veste como ninguém.
Uma das vozes de sua geração
“Eu acho que eu posso ser a voz da minha geração. Ou pelo menos uma voz. De uma geração”. A Frase é de Lena Dunham ou, mais precisamente, sua personagem em “Girls”. Mas o caso poderia se aplicar a Greta Gerwig . Na década em que histórias sobre mulheres feitas sobre mulheres tem se pluralizado, é impossível definir Greta como a “voz de sua geração”. Mas sua visão e suas personagens com certeza pode ser englobada em uma das vozes dessa geração.
Parceria com diretoras
Apesar de ter bom relacionamento com diretores homens, Greta também dosa bem seus trabalhos, incluindo diretoras em seus projetos. Ela já atuou com nomes menos conhecidos como Ry Russo-Young em “Você Não Vai Sentir a Minha Falta” e mais recentemente Rebecca Miller em “O Plano de Maggie” . Além disso, foi dirigida pela francesa Mia Hansen-Love em “Eden” e vai repetir a parceria em “Bergman Island”, ainda em pré-produção.
Nova Woody Allen?
Ok, a comparação é simplista e um tanto injusta. Mas, independente das polêmicas envolvendo o diretor, ele dedica a sua carreira a fazer filmes que analisam o comportamento das pessoas nos mais rotineiros momentos, passando por suas angústias, questionamentos pessoais, amores e desamores, muitas vezes com Nova York como pano de fundo. Gerwig tem traçado um caminho similar com suas atuações e seus roteiros e, por mais que não se torne a próxima Woody Allen e sim a primeira Greta Gerwig, suas inspirações tem grandes semelhanças.
Rainha do Mumblecore
O gênero Mumblecore é meio difícil de explicar e mais fácil de ser visto: meio ficção, meio realidade, dramas do dia a dia (que às vezes nem são tão dramas assim), com textos simples e apoiado em muito improviso são algumas características do estilo de filme independente. E, entre os principais nomes do gênero, quase todos são homens, como os irmãos Duplass e Joe Swanberg. Nesse meio, Greta se destaca, tendo inclusive feito parcerias com eles (como no já citado “Hanna Pega as Escadas”).
Lady Bird
Todo seu trabalho até agora, como autora, diretora e atriz a levou para seu primeiro longa solo que, mesmo trazendo similaridades de seus projetos anteriores, não podia ser mais singular. “Lady Bird” é a história de uma adolescente de Sacramento, na Califórnia, que não se contenta com a vida pacata que tem na cidade pacata. Ela se autodenomina “Lady Bird” e parece semear um pequeno caos por onde passa, só para sair do marasmo da sua vida. Enquanto tenta se encontrar em meio a romances, estudos, religião e o futuro, ela sofre com uma relação difícil com sua mãe (Laurie Metcalf), a falta de dinheiro da família e a falta de perspectiva de um futuro melhor. Greta também é de Sacramento e baseou parte da história em sua própria experiência na adolescência. O filme tem uma mensagem que vai além do “siga seus sonhos” (até por que o sonho de “Lady Bird” é só sair da cidade, não há um plano envolvido), e acaba por fazer um belo retrato das angústias adolescentes.
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Uma indicação para chamar de sua
“Eu espero, honestamente, que meninas e mulheres que querem ser cineastas olhem para isso e sintam que ‘sim, eu vou fazer meu filme’. E eu espero que elas façam. Porque eu quero ver esses filmes”. Foi isso que Greta Gerwig declarou ao Los Angeles Times sobre sua indicação. E, como parte dessa seleta lista, ela deve sim inspirar novas cineastas e, quem sabe no futuro mudar o panorama das mulheres na direção.