A aproximação entre o cinema da Argentina e do Brasil atingiu um patamar de excelência entusiasmante em 2017 do qual fazem parte filmes como “Invisível”, “Vergel” e este “Ninguém Está Olhando”, indiscutivelmente o mais denso, complexo e satisfatório dessa bem-vinda relação cinematográfica.
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Dirigido pela argentina Julia Solomonoff , “Ninguém Está Olhando” acompanha a vida do ator Nico, interpretado com incrível energia e revigorada sutileza por Guillermo Pfening , que após o término de uma relação amorosa muda-se para Nova York em busca de novas oportunidades. Nico era relativamente um astro da TV argentina, mas a relação conflituosa com seu primo, produtor e amante o fez desistir da série que estrelava e partir para os EUA com o sonho de estrelar um filme sobre imigrantes que desenvolve junto a um amigo.
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Mas essa terra dos sonhos por vezes é amarga e o projeto demora a sair do papel. Nico precisa se virar. Bicos em restaurantes aqui, uma ajuda a uma amiga argentina que precisa de alguém que cuide de seu filho ali, e o trintão vai se virando até o filme acontecer, ou seu visto expirar.
Solomonoff oferta tanto um conto sobre solidão como uma crônica sobre a percepção do fracasso em uma esfera profundamente íntima e individual. Quando Nico decide tentar a sorte em testes de elenco, foge do estereótipo latino que lhe valeria alguns papeis, mas também não tem o inglês sem sotaque que papeis “americanos ou europeus” pediriam.
As ideias de sonhos desajustados, de resistência, mas também de desorientação emocional estão muito bem fundamentadas em um texto muito sensível e reverberante. Solomonoff com os préstimos da roteirista Christina Lazaridi faz da fragilidade emocional do protagonista um catalisador de muitas ações e reações que vemos nu curso do longa.
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O filme chega ao circuito comercial tarimbado pelos festivais de Tribeca, onde ganhou o prêmio de melhor ator, Rio de Janeiro e com prêmio máximo conquistado no Cine Ceará. De verve introspectiva e tangenciando Nova York como uma Babel moderna, “Ninguém Está Olhando” se notabiliza por certa melancolia que acompanha a jornada de amadurecimento do protagonista. Um filme de muitas e reminiscentes belezas.