Cinco razões que explicam porque “O Justiceiro” é a melhor série Marvel/Netflix
A primeira temporada de "O Justiceiro" estreia na Netflix nesta sexa-feira (17). O iG Gente já assistiu todos os episódios e explica como a nova produção se tornou a melhor da parceria do site de streaming com a Marvel
Por Reinaldo Glioche | , iG São Paulo |
Sexta série da parceria entre Marvel e Netflix – “Demolidor” já teve duas temporadas lançadas – “O Justiceiro” não era para existir. O personagem, que já ganhou três filmes de intensidade e qualidade bem diversificadas – teve os direitos estornados à Marvel após um tempo de inatividade e foi parar na segunda temporada da série sobre o demônio de Hell´s Kitchen. O sucesso foi imediato e barulhento e Marvel e Netflix se viram na “obrigação” de criar uma série para o violento anti-herói que ganhava sua personificação definitiva com Jon Bernthal.
Leia também: Cinco razões que explicam péssimo momento de “The Walking Dead”
Criada por Steve Lightfoot, que já atuou como produtor em “Hannibal”, “O Justiceiro” mantém o tom sombrio característico das produções Marvel/Netflix, mas abraça a potência caótica de seu protagonista com esmero. São 13 episódios que carregam os mesmos estratagemas e truques narrativos das produções que vieram antes, mas mais bem azeitados. Uma virada no sexto episódio, o relevo dada a uma subtrama lá pelo oitavo episódio para esticar o conflito central, o espancamento/ferida mortal do protagonista na metade da temporada... Está tudo lá, mas melhor sedimentado.
Leia também: Kevin Spacey: a derrocada de um dos grandes nomes de Hollywood
Lightfoot e Bernthal têm uma compreensão invejável da alma do personagem, do âmago de seus conflitos e entregam um gamechanger. Uma série com o potencial de redefinir alguns parâmetros para produções televisivas estreladas por personagens vindos das HQs. Abaixo, listamos as cinco razões que fazem da acidental e inesperada série sobre um ex-militar psicopata que faz justiça com as próprias mãos a melhor série com o selo Marvel/Netflix.
Violência sem concessões
Não dá para fazer uma produção digna sobre Frank Castle sem sujar um pouco as mãos. Os produtores entenderam isso e contaram com a benção da Netflix . “O Justiceiro” tem momentos em que a careta é irresistível. Outros em que estômagos mais fracos se pronunciam. Acima de tudo, é uma série que reflete o universo e a visão de mundo de seu protagonista. Um produto muito bem adornado em que a violência não é pop, mas bruta, brutal e nauseante.
Você viu?
Alta carga emocional
Castle é um personagem e tanto e a série se beneficia de sua dor. Mas não é só ele com conflitos em carne viva aqui. Os personagens coadjuvantes, todos eles. Do ex-militar que perdeu a perna e sabe do segredo de Castle, o ex-agente da NSA que se une ao justiceiro, passando pela agente da Segurança Nacional que quer desbaratar uma teoria conspiratória nos altos escalões do governo americano, todos têm sua carne amassada na série. A carga emocional está sempre nas alturas e sempre há razão para estar.
Conflitos bem delineados
Repare que os seis primeiros episódios abrem com Frank e sua família. São lembranças, são devaneios, são desejos... é a dor contínua e instransponível do justiceiro. A maneira sutil como a série vai desenvolvendo esse conflito é digna de aplausos. Frank quer se embebedar de sua dor ou a culpa é demais para suportar? Cada hora somos levados a crer em algo diferente. Outro ponto positivo é como um possível triangulo amoroso envolvendo o protagonista é ensejado. Apenas nas tensões e expectativas. Um triunfo narrativo que agrega valor aos conflitos dos três personagens em questão. Desesabilizando-os constantemente. Coadjuvantes como Billy Russo (Bem Barnes), um ex-militar que migrou para a iniciativa privada, e Madani (Amber Rose Revah), agente da Segurança Nacional, também têm dramas muito bem dimensionados. Todos os personagens têm voz e bons momentos na trama.
Debate complexo e contemporâneo
Com os EUA evitando um debate sério sobre maior rigidez no controle à comercialização de armas, “O Justiceiro” traz o debate para dentro de casa. Não só a questão é discutida explicitamente por alguns personagens em algumas cenas, como a própria ação de Castle dá relevo à questão.
Leia também: Jeffrey Dean Morgan caça Gael García Bernal no tenso e implacável “Deserto”
Jon Bernthal
Nenhuma série da parceria até o momento contou com um ator tão empenhado física e emocionalmente no papel. É bem verdade que Frank Castle é dramaticamente mais interessante e comovente do que Punho de Ferro ou Luke Cage, mas Bernthal é uma força da natureza. Não seria nenhum exagero seu nome aparecer entre indicados a melhor ator em prêmios como Globo de Ouro e SAG. Mas essa barreira “O Justiceiro” ainda não deve romper.