Não há dúvidas de que Sidney Magal é mesmo muito mais do que um amante latino. O cantor, que está em ritmo de comemoração dos 50 anos de sua carreira, ostenta um currículo e tanto. Além de dono do conhecido vozeirão, o nosso “cigano brasileiro” é ator de cinema e televisão, dublador, dançarino e - ainda - sex symbol. Em conversa com o iG Gente , ele contou um pouco mais sobre as comemorações das suas cinco décadas de sucesso.

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Magal comemora os 50 anos de carreira realizado:
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Magal comemora os 50 anos de carreira realizado: "Nunca imaginei que teria tanto sucesso"



“Várias coisas importantes aconteceram na minha vida. Nunca olhei para frente e nem para trás. Hoje fico feliz de olhar para trás e ver que a minha trajetória foi muito positiva”, declara o cantor no início do nosso bate papo. E bota positiva nisso! Sidney Magal iniciou sua carreira nos anos 70 quando ainda utilizada o seu sobrenome “Magalhães” em suas apresentações.

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Sidney Magal com o seu estilo único nos anos 70: calças colas, argolas e peito à mostra

Ele conta que a ideia de encurtar o nome de batismo e usar apenas “Magal” surgiu de um empresário italiano durante sua estadia no País europeu, na tentativa de facilitar que pessoas de outros países conseguissem falar seu nome com maior facilidade.

Sobre a experiência italiana, que durou por volta de dois anos, ele conta: “Fui cantor e bailarino de um grupo folclórico brasileiro. O grupo se desfez e achei que valia a pena continuar na Itália. Fiquei mais um ano cantando por lá sem ninguém me reconhecer”. E foi no meio dessa fase que Magal começou a usar as roupas que o fariam ficar conhecido pelo seu estilo cigano. Calças justas coladíssimas, argolas nas orelhas, salto alto e camisas com decote.

Sidney Magal marcou a geração pelo seu estilo único de se vestir e cantar
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Sidney Magal marcou a geração pelo seu estilo único de se vestir e cantar


De volta ao Brasil, Magal se tornou figura conhecida do público e frequentador assíduo dos programas de televisão - principalmente os comandados pelo velho guerreiro, Chacrinha . "Falavam que eu era um cantor sem personalidade e que tudo o que eu tinha feito foi inventado. O Sidney Magal é um personagem, e eu nunca sairia na rua vestido daquele jeito, mas era uma criação minha, feita de emoções e sentimentos meus”, declara o músico, acrescentando: “Não consigo me sentir Magal no dia a dia e não me sinto Magalhães no palco”.

Ele também diz que não imaginava que chegaria aos 50 anos de sua carreira: “Nunca imaginei que teria tanto sucesso. Achava que aos 50 anos eu nem estaria vivo”, brinca o músico, e decreta: “Não sou muito de pensar no futuro e chorar o passado. Curto muito meu presente”.

Magal em 376 páginas

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Instagram / Bruna Ramos da Fonte
Magal fotografado por J.R. Duran para a capa de sua biografia: muito mais do que um amante latino

Apesar de preferir viver os dias atuais, o cantor reviveu todo o seu passado para que a fotógrafa, escritora e pesquisadora musical, Bruna Ramos da Fonte , pudesse transformar os seus 50 anos de carreira na biografia “ Sidney Magal - Muito mais que um amante latino ”, que será lançada no próximo dia 8 de novembro em um encontro com os fãs em São Paulo.

“As pessoas ficam presas à Sandra Rosa Madalena , ao cigano, à rosa vermelha, mas o Magal é muito mais do que isso. Ele tem uma formação intelectual muito completa, tem a capacidade vocal que vai muito além das músicas que consagraram ele”, explica a autora sobre a escolha do título da obra. 

“Vínhamos conversando desde 2012 quando liguei para ele para checar uma história para um livro que estava escrevendo sobre Roberto Menescal . Depois de horas conversando, o convite para a biografia surgiu ali mesmo naquele telefonema”, contou a escritora. Magal, porém, diz que não queria fazer o livro de forma aleatória, então enxergou na comemoração de suas cinco décadas de sucesso a oportunidade perfeita para realizar este projeto.

Magal durante uma apresentação nos anos 70 fazendo o sangue das fãs ferver
Instagram / Sidney Magal
Magal durante uma apresentação nos anos 70 fazendo o sangue das fãs ferver


Bruna comenta: “Magal é muito discreto, apesar de expansivo, então não têm muitas informações sobre ele em jornais e revistas. Não tinha fonte de pesquisa que não fosse algum familiar, ele ou colega de trabalho”. A biógrafa também afirma que, curiosamente, todas as informações prestadas pelo músico sobre sua vida coincidiram com as pesquisas e afirmações de outras fontes.

Magal, mesmo discreto, diz ter feito algumas revelações no livro. Uma delas é sobre sua idade: o cantor, na realidade, não teria 64 anos. “A gravadora que começou com essa história para que eu parecesse mais novo”, contou o músico. Apesar disso, ele diz ter usado um filtro para as histórias que considerava desnecessárias. “Se a vida pessoal chamar mais atenção que a carreira, eu deixo de ser artista”, ele conta.

O resultado ficou pronto em tempo recorde: sete meses para finalizar um trabalho que, de acordo com a própria Bruna, geralmente duraria 2 anos. Além das histórias do cantor, o leitor poderá acompanhar fotos exclusivas desde o início de sua carreira e imergir em sua história.

Bailamos

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Instagram / Sidney Magal
"Bailamos", show especial comemorativo aos 50 anos da carreira do cantor

Também faz parte das comemorações do aniversário de carreira do cantor o lançamento do DVD “Bailamos”, que traz a gravação de um show comemorativo que aconteceu em agosto no Espaço das Américas, em São Paulo. “A ideia partiu de meu filho (Rodrigo)", conta o músico.

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Ele ainda diz: "sei que 50 anos é muito importante, principalmente para um artista popular. Eu sou de uma época que artistas populares eram discriminados e eu passei a vida inteira cantando. Me sinto como se estivesse começando a cada dia. Pra mim é como se estivesse começando”.

E para celebrar o feito, Magal quis estar rodeado de amigos e convidados. Ney Matogrosso , Alexandre Pires , Rogério Flausino (do Jota Quest), Milton Guedes , o rapper Rincon Sapiência e Ana Carolina . “O primeiro que convidei foi Alexandre Pires. Ele já havia gravado Meu Sangue Ferve Por Você e a mãe dele é minha fã, ele aceitou na hora”, comenta o aniversariante.

Com o ex-vocalista do Secos e Molhados , o cantor deu voz à Bandido Corazón . Magal cita: “nós dois sempre apresentamos características fortes, que chamaram muito a atenção das pessoas”. Já sobre o convite à Ana Carolina, ele revela que a encontrou no programa de Tatá Werneck , " Lady Night ", e que a cantora contou que, quando criança, costumava imitar seus passos, vestida também com o estilo cigano. “Com ela cantei Quem de Nós Dois em um dueto em italiano”.

Magal se reune a diversos convidados, entre eles, Ney Matogrosso, que também chamou a atenção nos anos 70 pelo seu estilo único
Instagram / Sidney Magal
Magal se reune a diversos convidados, entre eles, Ney Matogrosso, que também chamou a atenção nos anos 70 pelo seu estilo único


Além das clássicas, o repertório reuniu composições de artistas que ele admira como Rita Lee , Ivan Lins e Roberto Carlos e algumas inéditas. A novidade vem do dueto com o rapper Rincon Sapiência, com a música Brinde à Vida . “O título não poderia ter mais a ver com tudo. O arranjo é maravilhoso. Tenho uma história muito bonita de casamento, filhos maravilhosos, tenho que brindar cada momento da minha vida”, diz Magal.

Meu Sangue Ferve Por Você

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Instagram / Sidney Magal
Magal e Magali: 37 anos de companheirismo em um relacionamento de "amor à primeira vista"

As novidades do nosso cigano não param por aí. No próximo ano também está previsto para chegar às telonas o filme que conta sua história de amor com Magali, atual esposa com quem está casado há mais de 37 anos e gerou seus três filhos: Nathália, Gabriela e Rodrigo.

“É motivo de muita alegria incentivar as pessoas. Passei a acreditar na pessoa e levar adiante uma emoção”, diz o cantor sobre seu casamento. Para quem não sabe, Magal conheceu Magali quando ela tinha 16 anos durante um concurso de estudante mais bela da Bahia. Conforme conta, na mesma ocasião ele já sabia que seria com ela que ele casaria. Dito e feito: apenas três encontros depois os dois oficializaram a união.

 “Para mim foi muito importante ter a Magali ao meu lado porque me deu muito equilíbrio e maturidade. Hoje ela é minha empresária e tudo o que ela botou a mão deu certo. Ela foi companheira a vida toda e isso tem uma importância maravilhosa”, relata.

Apesar de afirmar que, dessa vez, não pretende aparecer no filme (“Não daria para interpretar o Magal dos anos 70”, ele brinca), o músico já apareceu em diversas produções nas telonas. Neste ano, participou das comédias “ Ninguém Entra, Ninguém Sai ”, dirigida por Hsu Chien, e “Chorar de Rir” , de Toniko Melo, próximo filme de Leandro Hassum , que deve chegar aos cinemas no início de 2018. “São coisas que acrescentam. Me divirto muito com tudo o que faço e sempre entro no projeto como principiante”, conta o cantor. Ele também afirma que, quando se trata de levar mensagens positivas às pessoas, ele topa: “Todo artista deve fazer as pessoas felizes”.

Magal na real

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Magal por trás dos holofotes: discreto.

Por trás da pose de cigano e do sonoro “Vamos” em suas músicas, Magal mostra ser uma pessoa tímida. Apesar disso, ele continua sendo motivo de assédio - desde o início de sua carreira - por parte das fãs que ficam enlouquecidas com seu gingado (ainda malemolente). “Ainda continua, mas amadureceu. Tinha uma coisa de paixão antes e hoje existe uma adoração e respeito”, ele diz, afirmando ter ganho um novo público nos últimos anos: “faço muita festa de faculdade hoje em dia”. 

E, falando em coisas novas, o cantor veterano diz acompanhar os artistas que estão dando início à carreira, mas que acha negativo o imediatismo de hoje em dia. “Antigamente os empresários viam o artista e queriam investir, apostar. Hoje eles investem no próprio investimento”, condena.

Para ele, atualmente existem cantores excelentes, mas falta ainda criatividade para ser diferente, sair do “mais do mesmo”. “A nova música popular de hoje está muito fraca, com coisas fofinhas, mensagens bonitinhas, nada que mexa com as pessoas. Apesar de terem coisas boas, não são tantas quanto nos anos 70, 80 e 90”, pontua.

Apesar do desabafo, Magal acabou mudando algumas coisas em seu repertório para não causar nenhum rebuliço. A música Se Te Agarro Com Outro Te Mato , por exemplo - que foi a primeira música de sucesso de sua carreira -, foi tirada do repertório de seus shows. “É uma postura minha porque o Brasil está muito violento. Antes era só uma força de expressão e hoje as pessoas podem interpretar diferente”, ele conta.

Já sobre as mais recentes polêmicas envolvendo casos de exposições tiradas de cartaz e campanhas contra a censura, o cantor afirma estarmos vivendo uma época estranha em que tudo ganha um peso excessivo. “Tem se exagerado muito e tem se liberado muito”, ele afirma, completando: “Existem coisas que fazem muito mal para a sociedade e outras que não. Certas coisas são chamadas de arte e acho que não são, são um apelo para chamar a atenção e deveria ter algo para que essas coisas não fossem mostradas”. 

Sobre o assunto, Magal completa: “Têm coisas mais bonitas e mais importantes para se mostrar. Nem tudo o que é normal para um é para outras pessoas, então tem que ter cuidado. Tem coisas que é preciso de muito tato para serem faladas”.

O cantor não tem medo de dizer o que pensa:
Instagram / Sidney Magal
O cantor não tem medo de dizer o que pensa: "Hoje tem se exagerado muito, mas tem se liberado muito"


Aposentadoria

Se você pretende curtir um show do cantor, aproveite enquanto é tempo! O músico contou que prevê estender a carreira apenas por mais três anos! Pois é, depois de 50 anos, o nosso amante latino irá se aposentar dos palcos e se dedicar inteiramente à sua vida pessoal. “Se pintar de gravar, eu gravo. O que irá diminuir são as viagens. É muito cansativo”, ele comenta, completando: "vou viver das lembranças".

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Sidney Magal não está mais na mesma forma física do cigano dos anos 70 e hoje, apesar de sustentar cabelos brancos em sua cabeça, está mais na moda do que nunca. Suas músicas são conhecidas até mesmo por quem não curte muito o seu estilo e seu nome chega a todos os cantos do País. Vida longa ao nosso amante latino!

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