Baseado no romance homônimo de Charles Martin
, “Depois daquela Montanha” é um filme cada vez mais raro em uma Hollywood que se ocupa das grandes franquias, dos filmes premiáveis e do cinema alternativo. O bom filme comercial adulto ancorado por bons atores e com uma história profundamente satisfatória e ressonante.
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Estrelado por Idris Elba (“Luther”, “Star Trek: Sem Fronteiras”) e Kate Winslet (“Titanic”, “O Leitor”), “Depois daquela Montanha” é, por força do hábito de rotular uma obra, um romance, mas é, também, um inspirador drama de sobrevivência e um comentário sobre autoconhecimento. O filme de Hany Abu-Assad (“Paradise Now”, “Omar”) é um sensível retrato de duas pessoas radicalmente opostas se conectando em circunstâncias francamente adversas e uma análise de como esse encontro afeta o restante de suas vidas.
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O médico Ben (Elba) é metódico, controlador e um solitário convicto. Acostumou-se à solidão após uma experiência traumática e se projetou por inteiro em seu trabalho. Tanto que o vemos se esforçar para conseguir voar para operar um paciente em Nova York. O ímpeto de driblar a nevasca que vai fechar o aeroporto o une a Alex ( Kate Winslet ) que precisa voar porque casa-se no dia seguinte. O bimotor que ambos arranjam acaba acidentando-se, o piloto morre e eles precisam sobreviver em meio ao frio rigoroso, escassez de alimentos e a incerteza do resgate.
Pela sinopse, é possível rememorar n filmes com plots parecidos, mas o que difere o filme de Assad é justamente o cuidado no desenho dos personagens e da relação que eles vão desenvolvendo. O ser humano precisa do outro para se justificar e esse é um ponto nevrálgico neste filme que também pode ser percebido como uma história de amor salutar em sua esquisitice.
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Outro fator que incrementa a experiência de se assistir ao filme é o par de atores ingleses no centro da ação. Em um filme com essas características, basta lembrar de “Naufrago” (2000) para se ter uma boa referência, talento e carisma são fundamentais. Elba e Winslet extraem muito mais de seus personagens do que o roteiro oferta e isso definitivamente faz valer o ingresso de “Depois daquela Montanha”.