As polêmicas envolvendo o filme "mãe!" (do diretor Darren Aronofsky ) e a briga entre os estúdios Paramount e Disney com o site agregador de críticas, "Rotten Tomatoes" , ganhou um nome de peso para meter o bedelho em toda a discussão: o renomado e mundialmente conhecido cineasta, Martin Scorsese .
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Sendo um dos únicos de sua geração a continuar na ativa, conservando seu estilo único de fazer filmes, Martin Scorsese escreveu, nesta terça-feira (10), um artigo bem sincero ao site The Hollywood Reporter - e, como esperado, a repercussão aos seus comentários foi imediata.
Segundo o diretor de "O Lobo de Wall Street" , ao longo dos últimos 20 anos, muitas coisas mudaram no cinema e influenciaram a forma como as histórias são vistas e discutidas pelo público. Algumas mudanças foram para melhor (como o avanço na tecnologia nas filmagens dos longas) e outras para bem pior. Neste último grupo se encaixaria a obsessão das pessoas em relação aos números de bilheteria atingidos por cada filme - o que antecederia a transformação desses indicadores em absolutamente tudo o que importa sobre uma obra.
Em uma direta crítica às empresas avaliadoras como a "Cinemascore" e sites agregadores de críticas, como a "Rotten Tomatoes" (o qual não seria capaz de criticar subsistencialmente as histórias das telonas), Scorsese afirma que a simples estreia de um filme atualmente funciona como um esporte sangrento feito por expectadores sedentos por sangue e por críticas a cineastas - principalmente os mais renomados.
"Parece que há cada vez mais vozes envolvidas no puro julgamento e pessoas que parecem ter prazer em ver filmes ou cineastas rejeitados , demitidos e, em alguns casos, rasgados em pedaços", diz o diretor em um dos trechos de seu texto.
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O caso de "mãe!"para Scorsese
No artigo, o cineasta também faz duras críticas à carnificina realizada pelos críticos em relação ao longa "mãe!" , do diretor Darren Aronofsky e estrelado por Jennifer Lawrence e Javier Bardem , o qual recebeu uma dura nota "F" do "Cinemascore" . "Antes de realmente assistir "mãe!", eu estava extremamente perturbado com todos os julgamentos que estavam sendo feitos ao filme. Muitas pessoas pareciam querer defini-lo, encaixá-lo ou condená-lo", escreveu Scorsese se referindo à dificuldade que o público disse estar passando para entender se a obra era terror, romance, comédia obscura ou, apenas um filme bíblico.
O veterano afirma que, após assistir "mãe!" , ficou encantado com a sensibilidade, encenação e fotografia do longa. Para ele, o filme não podia ser facilmente definido ou reduzido a uma descrição de duas palavras, e que sua missão seria, na realidade, levar o espectador ao mais profundo pesadelo das personagens e mostrar os desdobramentos cada vez mais perturbadores à medida que a história avança.
"Como qualquer pessoa familiarizada com a história dos filmes sabe muito bem, há uma lista muito longa de títulos - como, por exemplo, "O Mágico de Oz" , "A felicidade não se compra" , "O Corpo que Cai" e "À Queima Roupa" - que foram rejeitados pela crítica no início, mas que, futuramente, passaram a serem considerados clássicos do cinema.
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Ao final do artigo, Martin Scorsese acredita que avaliadores como "Rotten Tomatoes" e "Cinemascore" não durarão por muito tempo, porém, o cineasta é receoso quanto à possibilidade de surgirem rankings mais cruéis, incapazes de avaliarem de forma realmente sólida uma obra do cinema. "Enquanto isso, imagens apaixonadas como as que vemos em "mãe!" continuarão a crescer em nossas mentes", finaliza o diretor.