Esqueça tudo que você já sabe sobre a carreira de Lady Gaga! “Gaga - Five Foot Two”, documentário produzido com exclusividade para a Netflix, apresenta uma nova visão da vida da cantora, em ângulos que os fãs haviam sido privados de conhecer até então: desde o planejamento de seu álbum “Joanne”, passando pelas crises de dores que sente até hoje após fraturar o quadril em 2012, e até as descobertas que faz sobre sua tia, Joanne Germanotta, que inspirou o disco.
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Quase como um relato pessoal, o espectador é convidado a partilhar das emoções da diva pop e dos altos e baixos de sua vida em "Gaga - Five Foot Two" . A mensagem que fica subentendida é a de que se sua carreira vai bem, sua vida amorosa está em ruínas. Talvez, até por causa disso, seu trabalho seja um sucesso.
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Essa é uma hipótese considerada pela própria Gaga, que afirma que o processo de composição de novos trabalhos tem de ser invasivo: é necessário tocar em partes do coração que ainda não estão completamentes cicatrizadas. Afinal, sua arte surge da dor - seja ela física, como seu quadril, ou emocional, como os diversos rompimentos de seus relacionamentos ou a perda de entes queridos.
O álbum "Joanne" foi pensado para marcar uma nova fase da carreira da cantora, que está definitivamente mostrando quem ela realmente é. Por trás de todos os exageros do início de sua carreira, com os vestuários extravagantes e as coreografias que se fizeram presentes desde que estourou nas paradas de sucesso com o hit Just Dance , em 2008 e, depois, com o álbum “Born This Way” - considerado um verdadeiro símbolo de resistências pelas minorias e pela população LGBT.
A estreia do documentário no serviço de streaming foi feita em um momento bastante oportuno: cerca de uma semana após o cancelamento de sua apresentação no Rock in Rio, motivado por uma crise severa de fibromialgia. Isso porque “Gaga - Five Foot Two” explora a figura da diva pop de uma maneira pouco vista: como uma mulher frágil, que sente dores, tem medos e sonha em casar-se e ter filhos.
“Gaga - Five Foot Two” acompanha a vida da diva por quase dois anos: da pré-produção do de seu último disco, em 2015, até a memorável apresentação na final do Super Bowl, em fevereiro de 2017, intercalando os dramas e os sucessos profissionais com momentos casuais, como um batizado de um membro de sua família, uma conversa com a mãe enquanto cozinha em sua casa e brinca com seus cachorros.
Um ponto muito forte levantado pelo documentário é o retrato cotidiano da solidão, tão presente na vida de tantas celebridades. Fica evidente como é doloroso para ela ser Lady Gaga o dia inteiro, com diversas pessoas disputando sua atenção e voltar a ser Stefani a noite, no silêncio total de sua casa. Outro exemplo disso é o momento em que ela cai no choro no momento em que seu produtor deixa a sala da gravadora: ela sente-se irremediavelmente sozinha.
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“Gaga - Five Foot Two”, no entanto, não é um documentário perfeito e conta com diversas sequências arrastadas, que entediam até o espectador mais disposto. Há ainda as contradições do roteiro e da própria personagem, que se afirma como uma mulher livre de inseguranças, mas cai no choro em diversos momentos por conta de instabilidades emocionais e incertezas. Contudo, essa pode ser a grande sacada do longa: desnudar Gaga em camadas, quase como se ela estivesse sendo desconstruída cena após cena, revelando quem realmente é. Porém, em se tratando de cinema, não atinge o status de obra indispensável - mesmo para os fãs da cantora.