“Esta é a Sua Morte” causa impacto e provoca debate com reality sobre suicídio
Produção que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (21) apresenta premissa aparentemente absurda, mas levanta pontos importantíssimos e atuais
É cada vez mais rara a combinação de um cinema que almeja alguma relevância comercial sem prescindir de um norte reflexivo. “Esta é a Sua Morte – O Show”, dirigido por Giancarlo Esposito , o Gus Fring, de “Breaking Bad” comporta essa saudável ambição. Não é exatamente um grande filme, mas é um que articula com dignidade e assertividade sua proposta tão extrema quanto urgente.
Leia também: Halle Berry garante emoção e ação no agitado thriller "O Sequestro"
Adam Rogers ( Josh Duhamel , visto recentemente em “Transformers: O Último Cavaleiro) é um desses apresentadores de reality shows que se tem em grande estima. O mundo de Rogers sofre um baque quando uma participante de um reality sobre casamento que ele apresenta assassina outra participante ao vivo. Esse início tão acachapante detona a premissa de “Esta é a sua Morte” .
Leia também: Frank não perdoa ninguém no intenso trailer de "Marvel - O Justiceiro"
A presidente da emissora, vivida com o misto de charme e aspereza que a holandesa Famke Janssen tão bem domina, decide promover um reality show em que as pessoas se suicidam. Tudo navegando nas beiradas das brechas da lei. É mesmo um acinte jurídico, ético e moral e a ideia de Esposito e dos roteiristas Noah Pink e Kenny Yakkel é desafiar seu público ao limite ao tangenciar os exageros dos realities shows atuais com premissa tão caótica e absurda.
Mas Rogers, em demonstração de grande ingenuidade – ou seria a ingenuidade apenas uma faceta dissimulada? – se deixa convencer da proposta com a condição de impor alguns ajustes. Ele deseja com seu game show da morte valorizar a vida. Rogers é, sob muitos aspectos, a representação de nós mesmos e nossa relação obtusa e controvertida com os realities.
Paralelamente ao desenvolvimento do programa que recebe o nome do filme, “Esta é a Sua Morte” alinhava a história de Mason (interpretado pelo próprio Esposito), um sujeito que mantém dois empregos, busca outro e faz de tudo para manter o bem-estar familiar. Mas a vida parece tramar contra ele. É justamente no desenho do aspecto humano que o filme de Esposito falha. É um arco desnecessário para a tese defendida pelo filme e francamente previsível. Embora enfraqueça a narrativa do longa, é compreensível a razão desse arco existir. Esposito compreensivelmente temia um filme sem heróis, sem uma catarse legítima e bem fundamentada.
De todo modo, entre virtudes e defeitos, e eles surgem irmanados e codependentes, “Esta é a Sua Morte” atesta que além de bom ator, Esposito tem cacoete de diretor. Trata-se de um filme muito bem azeitado e que promove um debate que quem quer que se predisponha a assisti-lo não permanece indiferente.
Leia também: Cancelamentos resgatam dúvidas, mas Netflix dobra o risco e consolida seu modelo