Nos últimos anos, os livros religiosos - que antes ocupavam espaços mais discretos, no fundo das livrarias - ganharam tamanha visibilidade que passaram a ocupar lugares de maior destaque nas prateleiras e também nas vitrines. Não é para menos. De acordo com os dados divulgados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas ( FIPE ), em 2016, essa fatia do mercado movimentou mais de meio milhão de reais, em quase 60 milhões de exemplares vendidos.
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Os títulos assinados por nomes como Padre Marcelo Rossi, Padre Fábio de Melo e Padre Reginaldo Manzzoti entraram para a lista dos autores mais vendidos em meados de 2009, quando a religião despontou como um dos setores que mais cresceram na venda de livros no Brasil - embora muitas editoras ainda classifiquem os livros religiosos como autoajuda .
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Mas não somente os livros de sacerdotes católicos ganharam mais destaque. Nomes como o da Monja Coen Roshi , por exemplo, passaram a disputar a atenção dos leitores entre os livros de ficção e apresentar um novo mundo aqueles que não conhecem o budismo , por exemplo. Há ainda o espiritismo de Zibia Gasparetto , que psicografa obras de romance ficcional através de espíritos incorporados.
Com tamanha ascensão das obras de cunho religioso e espiritual, até mesmo algumas editoras se especializaram nesse tipo de publicação. Um desses casos é o da Editora Mundo Cristão , que completou 52 anos em 2017 e tem como seu maior público-alvo os cristãos que desejam conhecer mais interpretações sobre os ensinamentos da Bíblia e que usam os livros de autoajuda para, de alguma forma, transformar suas vidas.
Transformação através da leitura
Transformação pessoal, aliás, é uma das grandes motivações que os leitores encontram para buscar esse tipo de literatura. É o que conta Claúdia Senatore, de 56 anos. "Procurei esse tipo de livro devido a diversos questionamentos pessoais, na tentativa de esclarecimentos de episódios pessoais, além de ser uma tentativa de, na literatura, encontrar respostas para meus conflitos pessoais, saber o porquê de estar passando por isso ou aquilo. Principalmente para esclarecer que não estamos aqui por acaso", explica.
E, de acordo com Renato Fleischner, gestor de operações na Editora Mundo Cristão, essa é justamente a missão da empresa: "Transformação de vidas, é para isso que nos movemos e existimos", afirmou. Apesar de ter um foco maior em livros religiosos, a editora também conta com títulos sobre relacionamentos, família, educação, negócios, biografias e ficção em seu catálogo.
"Comecei a ler os livros a fim de compreender melhor as questões fundamentais da existência: 'de onde vim?', 'para onde vou?' , 'qual o sentido da vida?'", conta Ilasí Correia da Silva, de 40 anos. Ilasí começou a ler os livros da Filosofia Seicho-No-Ie em 2004, e percebeu uma profunda transformação em seu modo de agir e pensar desde que começou a seguir os ensinamentos contidos nos livros de Masaharu Taniguchi.
"O contato com o Ensinamento simplesmente mudou minha vida. Eu era extremamente tímida, tinha baixa autoestima e complexo de inferioridade. A mudança provocada foi tão positiva que tornei-me Divulgadora, depois Presidente Regional da Associação dos Jovens e ministro palestras sobre o tema", conta Ilasí, que mergulhou de cabeça na filosofia da seita após ter contato com os livros.
No entanto, não é somente para superar obstáculos que esse tipo de literatura tem serventia aos leitores. Trata-se de um leque muito mais amplo de razões. Dentre eles, o próprio entendimento como ser humano e o respeito ao próximo. "Um dos principais benefícios que os livros trouxeram para a minha vida foi ensinar a respeitar o próximo com suas escolhas, e ver que nada acontece por acaso nesta vida. Que não nos cabe julgar o outro, sem antes nos colocar no lugar dele", pontua Cláudia.
Redes sociais
Além disso, outro ponto que têm ajudado no destaque desse tipo de publicação são as redes sociais, que desempenham um grande papel na divulgação dos livros desse gênero. No caso de muitos sacerdotes, como o Padre Fábio de Melo, trata-se de levar o conhecimento eclesiástico aos fiéis por meio das redes sociais. Além disso, essa também foi uma forma encontrada pelos líderes das igrejas de se aproximar do público jovem. Assim, com um contato maior com o público, é possível difundir de maneira mais efetiva as ideias contidas nas obras.
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Por fim, Fleischner relembra que a Bíblia continua sendo o livro mais lido no Brasil, de acordo com a 4ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Ibope sob encomenda do Instituto Pró-Livro. E, de acordo com os leitores consultados pelo órgão, a principal motivação para essa leitura é a religiosa. Desde 1950, mais de 120 milhões de exemplares desses livros religiosos já foram distribuídas no mundo inteiro.