Acostumados a estar na TV, os jornalistas Fernanda Gentil
, Everaldo Marques
e Rômulo Mendonça
enfrentaram um desafio diferente neste ano: dublar personagens de "Carros 3"
, filme que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (13).
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"Foi um trabalho muito gostoso de fazer. A dublagem é um universo muito rico, te exige bastante, muito mais que a televisão", disse Fernanda Gentil em entrevista ao iG . Em "Carros 3" , a apresentadora do "Esporte Espetacular" é Natália Certeza, uma jornalista que analisa dados e estatísticas para prever as vitórias nas corridas.
Já Everaldo Marques e Rômulo Mendonça interpretam locutores das corridas. "Meu personagem não tem um rosto pra sincronizar a fala, então a gravação foi um pouquinho mais rápida, em uma hora a gente matou", disse Everaldo.
O trabalho dos narradores no filme foi semelhante ao que eles fazem na ESPN . "O objetivo era deixar a marca, usar algumas expressões inerentes ao meu trabalho de narrador, e tudo isso de uma forma acelerada, usando coisas específicas do trabalho de dublador, como a questão das sílabas perfeitamente pronunciadas e de falar no momento exato daquela lacuna pré-determinada", explicou Rômulo Mendonça.
Oportunidade única
Apesar do trabalho relativamente curto no filme, o trio comemorou a oportunidade de começar no cinema em um longa tão respeitado e em uma franquia tão famosa. "Um dia eu encontrei uma réplica do Relâmpago McQueen em um evento da Disney, tirei uma foto e disse brincando que um dia narraria uma corrida dele, mas nem sabia que o 'Carros 3' existiria. Nunca imaginei que teria essa oportunidade", lembrou Everaldo Marques.
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Para Fernanda Gentil, o convite veio no momento certo. "Eu estava na semana pensando nisso e veio o convite da Disney, não dá pra acreditar. Realmente era pra ser", disse. "Eu tinha curiosidade de dublar e estava atrás de cursos para fazer, mas nunca imaginei que faria um filme tão conhecido assim. Foi muito surpreendente pra mim", confessou.
Mensagens
O terceiro filme da franquia é diferente dos outros. A trama mostra o herói Relâmpago McQueen tendo de se reinventar após ser ultrapassado por Jackson Storm, um carro mais tecnológico e mais rápido. Para os dubladores, o longa não é só para crianças.
"Eu acho queo filme fala pra muito mais gente do que os anteriores. Tem mensagens muito importantes sobre coisas que a gente está vivendo hoje em dia", disse Fernanda Gentil. A apresentadora ainda destaca o papel da mulher na história, representada por sua prórpria personagem e pela protagonista Cruz Ramirez, dublada por Giovanna Ewbank. "A Cruz Ramirez é muito respeitada. Não vou dar spoiler, mas vai dar muito o que falar. Ela batalhou muito, mostrou ao que veio e conquistou o lugar dela. Sofreu preconceito, mas isso é importante mostrar", explicou.
A jornalista ainda lembrou de sua própria experiência na carreira e comparou com a personagem Natália Certeza. "Na vida real eu trabalho num meio masculino. Trabalhei muito concentrada e determinada e fui reconhecida sendo mulher. A Natália Certeza também, pelo que eu vi do filme e pude dublar dela. Ela não sofre nenhum preconceito, muito pelo contrário, ela é o pilar da informação", disse.
Como não podia deixar de ser, o filme também passa importantes mensagens sobre o esporte. "O esporte ensina a ganhar, mas principalmente ensina a perder. A gente não lida bem com a derrota às vezes e a gente tem que lidar com isso quase sempre no esporte. Nesse filme, o Relâmpago McQueen, que é um personagem acostumado a vitórias, tem que lidar com a derrota por causa da chegada do Storm", contou Everaldo Marques.
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Outro ponto importante destacado por "Carros 3" é a reverência ao passado. Na história, McQueen resgata seus mentores do começo da carreira para buscar forças para voltar a sua melhor forma. "É até uma crítica ao Brasil, que muitas vezes não tem respeito às conquistas do passado, elas ficam perdidas no passado", disse Rômulo Mendonça. "Nos EUA, a referência histórica é quase uma obsessão. Sempre legal esse detalhe de respeitar ídolos do passado, o Brasil ainda engatinha nesse sentido", continuou.
Nova profissão
Apesar de terem estreado na dublagem, os jornalistas não veem isso como uma nova profissão. "Sou jornalista e narrador, fui muito honrado pelo convite, mas não encaro como uma carreira nova", disse Rômulo Mendonça. "Se for acontecendo, se eu achar que posso ajudar, se a pessoa tiver confiança em mim, se for legal pros dois lados, estamos aí", garantiu Feranda Gentil.
Mas, depois da experiência em "Carros 3", Rômulo Mendonça já tem novas pretensões. "Queria dublar o Charles Chaplin, o cinema mudo. Ou Chewbacca", brincou o narrador.