“Nossa ideia é conciliar pessoas com Deus, e não oferecer uma religião”. Com essas palavras é que Séo Fernandes , nova aposta da Sony para os próximos dois anos como revelação do mercado gospel, resumiu as intenções e aspirações com os novos projetos e a nova fase que a carreira está adentrando. De peito aberto e com muita disposição de passar uma mensagem de amor e fé às pessoas, Séo conversou com o iG Gente e contou um pouco sobre os passos que compuseram o caminho responsável por trazê-lo até a fase atual da vida pessoal e profissional.
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A relação de Sérgio Fernandes com a música está alcançando rumos diferentes e cada vez melhores e não é de hoje que ela começou. Nascido em berço musical e com a música popular brasileira de plano de fundo do crescimento, Séo viu sua maioridade chegar e, com ela, a decisão de que a música se tornaria um ofício para a vida. “Quando eu fiz 18 anos, decidi que realmente me tornaria um cantor profissional. Entrei numa banda, a Chica Fé , e fiquei quatro anos nela”, conta. Além disso, segundo Séo Fernandes , não só o ambiente e o contexto familiar no geral o ajudaram a perceber que a música era seu destino. Seu irmão mais velho, Saulo Fernandes , que também passou pela Chica Fé e esteve durante muito tempo a frente da Banda Eva , foi seu principal incentivador. “Ele sempre foi muito maduro e nossa relação foi virando de pai e filho. Eu sempre escutei ele”, revela. “Ele sempre me motivava e dizia ‘você canta bem, pode começar uma carreira’”, conta.
No entanto, o longo período estando no conjunto que tocava música baiana não contribuiu apenas para a experiência de Séo enquanto músico, mas também como indivíduo. Para o cantor, os quatro anos ao lado dos outros parceiros de trabalho não foram só constituintes de um processo de crescimento profissional, mas também de uma grande mudança em várias instâncias pessoais, inclusive no que diz respeito às coisas que já vivenciou e que acredita. “Nesse processo, acabei me convertendo e após 4 anos saí dessa banda”, relata. A decisão de Séo pode até se assemelhar a uma mudança simples, mas tem muito mais profundidade e razão do que aparenta.
Reviravolta: um novo Séo
De acordo com o músico, o motivo da conversão para a religião evangélica encontra raízes numa vontade que já vinha fazendo parte de seu imaginário, mas que teve um agravante num fato que, por ele, foi entendido como uma espécie de mensagem de Deus. Segundo a nova aposta da Sony para o mercado gospel da música, a hora de mudar bateu na porta quando em um dos shows de Séo um jovem foi assassinado. Depois disso, o cantor percebeu que uma mudança era necessária. “Eu sentia uma insatisfação conforme a Chica Fé crescia e assim eu fui amadurecendo a decisão”, conta. “Comecei a questionar a mensagem que eu estava cantando, que tipo de influência eu levava para as pessoas, até o momento específico que um jovem foi assassinado em um show meu. Aí decidi que era hora de sair da música baiana”, revela Séo. Ficar afastado da profissão e sem cantar durante um bom tempo parece ter sido a melhor saída para o cantor, que contou ter sido convencido divinamente a voltar para os braços da música. “Passei quatro anos sem querer cantar”, diz. “Estava decepcionado com a morte daquele jovem. O espírito santo teve que me convencer a voltar”, termina.
Mas, apesar da mudança de religião ter vindo só depois dos duros acontecimentos ocorridos na vida de Séo, a presença cristã em sua vida o acompanha desde sempre. De acordo com o músico, sua mãe é a grande responsável por Cristo ocupar, em sua vida, um posto heroico. “Eu sempre fui muito apegado a minha mãe e ela sempre me passou a ideia de um cristo apaixonante, um cristo herói. Por isso eu já cresci apaixonado por ele”, relata.
Novos rumos
“Graça, Tambor e Cordas” , álbum que foi lançado na última sexta (19) com o selo gospel da Sony Music é o que fez com que Séo Fernandes se tornasse a grande aposta da gravadora para o segmento nos últimos tempos. Contando com músicas completamente autorais e repletas de elementos expressivos da música baiana, o músico revelou em entrevista ao iG Gente que a representatividade para o povo da Bahia e, em especial, de Salvador não vai faltar no CD - que é só a primeira parte de um trabalho muito maior. “Ele conta com algumas citações de poemas dentro das músicas, tanto bíblicos quanto em relação à raiz negra”, conta. Segundo Séo, a ideia do CD não é só cumprir uma missão representativa, mas também de não ser apenas mais um produto cultural.
Para o cantor, o principal objetivo das músicas de “Graça, Tambor e Cordas” é transmitir e explicar uma mensagem de fé, que demanda um esforço um pouco maior para ser compreendida. “É uma ideia cultural e regional baiana que entra nesse contexto da mensagem do evangelho, que não é simples”, revela. A música “Graça” é o carro chefe do álbum.
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Além de exercer o dom da música no novo projeto, Séo Fernandes também colocou em prática mais um talento – ou hobbie – que escolheu explorar mais: o de escrever poemas. Para ele, o desejo de leitura e conhecimento cresceu com a conversão e isso refletiu na sua carreira. Mesmo sem se considerar um poeta, o músico afirma, em sua opinião, que a musicalidade pode facilmente se unir com o dom da escrita. “Talvez esse seja o maior efeito da minha conversão”, diz. “Eu amo escrever, mas é muita pretensão me classificar como poeta com tantos outros nomes de renome no Brasil na poesia”, brinca.