Nelson Xavier emula o melhor de Clint Eastwood no grave e violento “Comeback”
Filme traz a última atuação de Nelson Xavier para cinema e estreia nesta quinta-feira (25) nos cinemas do País. “Comeback” é um faroeste cheio de clima e qualidades
O faroeste não é um gênero muito exercitado pelo cinema brasileiro, apesar de aqui e ali apresentarmos produções dignas como “Abril Despedaçado” (2003) e “Faroeste Caboclo” (2013). “Comeback”, escrito e dirigido por Erico Rassi e que, quis o destino, fosse o último filme do grande Nelson Xavier , é um faroeste que remonta aos signos que consagrou o gênero no cinema americano, mas o faz com extrema brasilidade.
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A estreia do goiano Rassi na direção de um longa-metragem de ficção coloca Xavier na pele de um pistoleiro aposentado. A música brega acompanha Amador (Xavier), um homem que parece ter sobrevivido a seu tempo. Estamos em um Brasil em crise, mas a crise é de outra natureza. Amador tem orgulho de seus assassinatos e não entende o porquê deste Brasil moderno – ele vive de alugar máquinas caça-níqueis – não apreciar sua história. Instigado por uma equipe de filmagens que o procura para arranjar metralhadoras para o set de um filme, Amador ensaia seu comeback , para desespero do patrono local.
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Despedida em grande estilo
À vontade com a solidão, Amador é desses personagens maiores do que o próprio filme. Trata-se de uma despedida, mais do que honrosa, vitaminada de Nelson Xavier. Que aqui aborda esse matador desencantado como um Clint Eastwood do agreste e o reveste de dor, angústia e um desapego que fica entre o comovente e o agressivo.
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Rassi aposta na estética do thriller, mas seu filme se resolve mesmo como estudo desse personagem crepuscular. O artesanato da narrativa lembra Don Siegel, que não à toa viveu sua melhor fase como cineasta com Clint Eastwood como muso.
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“Comeback” é um filme de impressionante força dramática, com um personagem extremamente cativante e cioso de uma violência que explode tanto em sutilezas como em espanto. É, ainda, um filme que mostra que o cinema brasileiro vive fase tão pródiga que produz um exemplar do gênero americano por excelência melhor do que o cinema daquele país produziu no último par de anos.