Segundo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísica, o IBGE , cerca de 54% da população brasileira se identifica ou se declara como sendo negra. No entanto, no entretenimento e mais especificamente na teledramaturgia nacional, o número de papéis desempenhados por atores e atrizes de cor é bem pequeno e, quando existem nas tramas, estão dentro daquele velho molde de estereótipos – que precisa, mais do que nunca, deixar de ser usado. Urgentemente!
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E para ajudar a ilustrar esses personagens clichês, o iG Gente resolveu listar alguns desses papéis que ajudam na disseminação de ideias preconceituosas. Confira, abaixo, estereótipos racistas que a teledramaturgia precisa parar de usar (pra ontem!) para que a fomentação de uma não-verdade que se sutenta em torno da personalidade de pessoas negras acabe de uma vez por todas, ou pelo menos diminua.
Empregada doméstica
O papel da empregada doméstica, constantemente usado nas novelas e demais programas de dramaturgia, reforça mais de um dos estereótipos atribuídos à mulheres negras. Há o da empregada sensual e fogosa, que vive seduzindo o patrão e há também o da servil enxerida e fofoqueira, que não pode ver alguma coisa acontecendo na casa em que trabalha, que já corre para bisbilhotar e depois contar para a primeira pessoa conhecida que vir. Não há como deixar de mencionar também o da empregada engraçada e irreverente, que vive fazendo a patroa rir, assim como o público.
Negra fogosa e sensual
Essa personagem, normalmente, ganha vida com um fator comum presente na sociedade brasileira mais conhecido como hipersexualização da mulher, que já atinge o gênero feminino no geral, mas mais ainda as mulheres negras. Personagens com “malemolência”, insaciáveis e irresistíveis, que fazem a cabeça de qualquer homem que aparecer na trama costumam ser as que sustentam o estereótipo de “mulata quente”, que fazem com que o corpo da mulher negra seja a única “qualidade” dela, o que a reduz a um simples objeto. Praticamente uma ferramenta que só serve para pensar e fazer sexo.
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O malandro
Não é difícil esse personagem morar na periferia ou nas favelas das tramas das novelas e é um papel que pode ser facilmente associado à uma fiel representação do famoso “jeitinho brasileiro”. Podendo se manifestar em atores mirins, jovens adultos ou intérpretes das demais idades, o estereótipo do “malandro” normalmente é interpretado por homens negros que gostam de dar uma de esperto e sempre mudam o curso das regras pra que elas se alinhem à seu próprio favor.
A negra “enfeiada”
Esse tipo de estereótipo também usado na dramaturgia é um que não é só reforçado por ela, mas que já resiste no imaginário social sem que nada precise reafirmá-lo: o da negra feia. Normalmente em programas de humor, mulheres negras são brutalmente ridicularizadas e, pasme: simplesmente por serem o que são. Usando próteses de narizes exagerados, dentaduras com sorrisos desdentados e aspecto sujo e de quem passa necessidade é que o estereótipo da mulher negra feia (e que as pessoas ainda conseguem achar graça) se sustenta.
Batalhadora
Esse é mais um estereótipo que limita a atuação de atrizes negras na teledramaturgia. Normalmente, o papel da batalhadora é aquele da mocinha pobre que se esforça muito para conquistar um lugar ao sol na trama, muitas vezes acompanhado pela conquista de um homem ricaço que se apaixona (ou se compadece?) – e o romance entre os personagens de classes sociais diferentes acaba sendo um dos grandes dilemas da história.
Criminoso
No caso do estereótipo de criminoso, o papel normalmente é desempenhado por atores negros mirins ou jovens adultos, que sustentam aquele clichê do “trombadinha”: moleque pobre, da favela, periferia, que acaba se envolvendo no crime por não ter muitas outras alternativas de sustento.
Empregos humildes
Indo na mesma linha que vai o papel da empregada doméstica, o estereótipo dos empregos humildes se sustenta em profissões subalternas, inferiores, subordinadas, servis ou auxiliares. De “braço direito”. Esses papéis podem ser interpretados tanto por atrizes quanto por atores negros. Nessa categoria entram os seguranças, as empregadas, os balconistas, os garçons, os motoristas, secretários, ajudantes pessoais e as demais profissões que não são bem remuneradas ou reconhecidas o suficiente, mas que são sempre muito leais e exercidas com dedicação.
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“Mãe preta”
Mais um dos estereótipos sustentados na teledramaturgia com personagens para atores negros e atrizes negras é o da mãe preta, que funciona mais ou menos assim: a personagem, normalmente, é uma escrava, ex-escrava ou empregada doméstica (dependendo da cronologia seguida pelo autor ou autora da novela em questão) que é completamente devota e servil à uma família branca, que ama e serve acima de tudo. As atrizes escolhidas para desempenhar esse papel normalmente são gordas, negras de pele escura, supersticiosas e cozinheiras de mão-cheia, na linha “Tia Anastácia” de ser. Papéis assim acabam funcionando como romantizadores da relação de escravidão, que nada de romântico tem.