Qualquer fã de cultura pop já deve ter, pelo menos, ouvido falar, lido ou assistido uma história por Neil Gaiman. O autor inglês de 56 anos tem algumas dezenas de trabalhos publicados e, dentre eles, alguns o consagraram como um dos maiores expoentes da literatura fantástica da atualidade. Se “Sandman”, “Coraline” e “Deuses Americanos” parecem nomes familiares, então você certamente conhece Gaiman – mas que tal conhecer um pouco mais sobre esse grande contador de histórias?
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Amante literário
Neil Gaiman nasceu em Hampshire, na Inglaterra em 1960. Filho de um comerciante e uma farmacêutica, ainda crianças ele teve contato com o judaísmo, religião de seus avós, e com a cientilogia, uma crença que acredita em imortalidade. Entretanto, mesmo tendo sido criado dividido entre as duas filosofias, Gaiman já declarou que não se identifica com nenhuma delas – porém, isso não diminui a influência que possam ter em seus trabalhos como escritor. A paixão pelos livros despertou logo cedo: aos quatro anos ele já sabia ler e anos dez já estava lendo as obras de J. R. R. Tolkien, o autor de “Senhor dos Anéis” e outras do mesmo gênero.
Desde sua infância Gaiman se mostrou um grande amante de literatura: de quadrinhos, como “Batman”, até clássicos como “Alice no País das Maravilhas” estavam na lista de seus livros preferidos. Aos 19 anos ele mandou uma carta para R. A. Lafferty, escritor de ficção científica, pedindo dicas de como se tornar um bom autor e, para sua surpresa, obteve uma resposta que o incentivou a continuar escrevendo. Assim, ele foi estudar jornalismo e atuou na área durante alguns anos, porém a vontade de criar e a frustração com o mercado foram mais fortes. Em pouco tempo, em colaboração com Terry Pratchett, ele lançou o livro “ Good Omens ”, o precursor do que seria sua carreira como autor de ficção.
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Ao longo de quase 30 anos como escritor, Neil Gaiman já conquistou mais de 70 prêmios, condecorações e honrarias por seus trabalhos literários. Somente os quadrinhos de “Sandman” renderam 24 títulos, seguido por “The Graveyard Book”, “ Deuses Americanos ” , “ Coraline ” e “Stardust”.
Narrativa visual
Para aqueles que acompanham os livros e os quadrinhos de Gaiman, um ponto é indiscutível: independentemente de acertos e erros narrativas, suas todas suas histórias tem um grande potencial visual. “ Sandman ” talvez seja seu maior sucesso como autor de ficção e, não por coincidência, é um HQ com ilustrações primorosas que complementam a narrativa de forma muito natural. Sua capacidade já lhe rendeu diversas adaptações: “Coraline”, escrita em 2002, ganhou uma belíssima animação em stop-motion em 2009 feita pelo estúdio Laika.
Mais de 15 anos depois de ser publicado pela primeira vez, “Deuses Americanos” foi transformado em uma série pelo canal Starz e distribuido mundialmente pela Amazon Prime Video. Durante uma entrevista para o jornal The Guardian , Gaiman revelou que o romance nasceu de sua frustração, pois, na época em que escreveu, trabalhava para estúdios de Hollywood, mas nada dessa fase “vingou” e que, então, decidiu se libertar e escrever uma obra sobre os Estados Unidos da forma que achasse melhor. O risco que assumiu deu certo e, conforme ele disse ainda na mesma entrevista, vários diretores, depois de lerem a obra, entraram em contato com ele para criar um filme. As ligações não deram em nada, mas anos depois “Deuses Americanos” teve seus direitos comprados para virar uma série pela HBO, mas a ideia não saiu do papel – o escritor chegou a começar os roteiros, mas precisou deixá-los de lado e, também, por esse motivo, não pôde escrever os episódios da nova série. “Good Omens” também está na lista do Starz para ser gravado em breve, engrossando a lista dos trabalhos adaptados do autor.
Figura pop
A identidade da maioria dos autores é quase desconhecida, porém Neil Gaiman é um dos poucos a romper com esse padrão. Mesmo sendo a “cabeça” por trás de obras de ficção que encantam os leitores, ele também se tornou um verdadeiro ícone pop da atualidade. Sempre vestido de preto, ele já participou de programas de televisão – incluindo episódios de "Os Simpsons" – , de rádio, palestras e até mesmo um discurso em uma universidade. Durante o tempo em que levou escrevendo “Deuses Americanos”, Gaiman também abriu as portas da internet e manteve um blog-diário contanto sua experiência dia a dia como autor. Sua participação em redes sociais também é notável: atualmente, tem mais de 2,5 milhões de seguidores no Twitter e quase 1 milhão no Facebook.
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Não restam dúvidas que Neil Gaiman tornou-se um verdadeiro fenômeno pop, além de carregar uma bagagem no mínimo de fazer inveja para a maioria dos autores de ficção. Longe daquela ideia ultrapassada de que escritores vivem reclusos ou são pessoas que vivem no ostracismo, Gaiman é o modelo que representa o movimento literário moderno.